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Magistrado, colaborador do Diário de Pernambuco, leitor semiótico, vivendo num mundo de discos, livros e livre pensar. E-mail: [email protected]

O remígio perene da Arribaçã

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publicado em 16/07/2020 às 07h00
atualizado em 15/07/2020 às 16h42

O momento pandêmico que estamos vivenciado em decorrência da Covid 19, nos tem conduzindo a todos ao isolamento social, e trazido além da dor pela perda dos entes queridos, muitos prejuízos de ordem material para diversas categorias. É triste ver o desemprego e a falência de várias empresas, sejam de pequeno, médio ou grande porte. Porém, nem tudo está perdido.

Orientados a permanecermos em casa, trabalhando remotamente, como forma de evitar a disseminação do novo coronavírus, temos procurado preencher o tempo que nos sobra consumindo um produto que nos faz companhia a todo o momento e que algumas pessoas acham supérfluo, justamente pela falta de hábito de seu uso e manuseio: o livro. E aqui quero falar do livro como objeto que proporciona lucro tanto para quem o edita como para quem o comercializa. Já o consumidor, esse lucra sempre com sua aquisição.

Temos de aplaudir e incentivar aqueles que, num momento tão atípico, continuam investindo num produto de consumo ainda restrito a poucas pessoas, concorrendo com fortes grupos editoriais, tocando o negócio de suas pequenas editoras mas primando pela qualidade de seus livros. E quando essas empresas são fundadas por escritores e poetas, aí sim, temos certeza do carinho e cuidados dedicados ao produto de sua lida.

Quando falamos em editoras logo imaginamos situadas nos grandes centros, jamais nos rincões afastados das regiões metropolitanas. Por isso, a importância da atitude pioneira e corajosa de dois jovens jornalistas e escritores ao fundarem no sertão da Paraíba, na cidade de Cajazeiras, a Editora Arribaçã, cujo catálogo já conta com obras de escritores de vários estados, a exemplo de São Paulo, Maranhão, Pernambuco e o distrito federal. Seus editores Lenilson Oliveira e Linaldo Guedes trabalham e moram em Cajazeiras e primam pela qualidade dos livros que editam.

A arribaçã é uma avoante muito comum na região nordestina e que sugestivamente se transformou na logomarca da editora sertaneja. Esta não é a primeira vez que uma ave vem denominar uma editora. Na década de sessenta, outros dois jornalistas e escritores fundaram a charmosa Editora Sabiá, comanda por Fernando Sabino e Rubem Braga, responsáveis pelo lançamento, aqui no Brasil, do grande livro Cem anos de solidão, de Gabriel Garcia Marquez, além de tantos outros de autores nacionais e estrangeiros.

A Sabiá se foi e calou seu canto editorial, mas ficamos com a Arribaçã e seu remígio perene a nos presentear com obras de qualidade e fino acabamento, pois livro também é cheiro, é tato e beleza com hospedagem duradoura em nossas estantes.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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