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Odilon Fernandes – advogado, escritor, professor e procurador federal aposentado.

O Governo Militar e a democracia

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publicado em 14/10/2017 às 09h41

 Onde há o mal também encontramos o bem, onde há tristeza também há alegria, onde há paz também há guerra, onde há coisas boas também há coisas ruins e na vida aprendemos que durante algumas fases da nossa existência a dosimetria de umas predomina sobre a de outras.

Diante deste contexto podemos dizer que houve coisas boas e ruins no Governo Militar, coisas ruins também existiram na perpetração de atos extremamente violentos pela guerrilha urbana e rural, muitos dos opositores do Governo Militar eram idealistas que possuíam dignos propósitos e os maiores deles é que acreditavam no regime democrático, porém distorções terríveis como sequestros, assassinatos roubos e outros atos torpes ganharam conotações tenebrosas.

Não temos dúvida de que o regime que mais dignifica um povo é o democrático, desde que praticado com austeridade, seriedade e rigor na aplicação da Lei. Analisando com profundidade alguns parâmetros do regime militar que na época combatíamos, somos obrigados a reconhecer que dele recolhemos muitos frutos positivos.

Os que exerciam a Presidência da República eram respeitados  e morreram como homens respeitáveis do ponto de vista da honestidade,  pois nenhum deles ao falecer deixou legado de milhões de dólares nem buscou instaurar oligarquias e na realidade o Governo Militar só foi estabelecido em face do clamor, da vontade da grande maioria do povo brasileiro na época, pois o País vivia momentos de rupturas institucionais e iminente conflagração, não se podendo negar que com esse regime estabeleceu-se mais seriedade com as coisas públicas do que pode-se dizer da democracia anárquica que vivemos hoje.

Do ponto de vista administrativo nosso País teve altíssimo crescimento econômico tendo atingido o patamar da 7ª (sétima) economia mundial que lamentavelmente estamos vendo retroagir para a 10ª (décima) posição.

Foi um período em que acompanhamos a construção em nosso seio das maiores hidrelétricas do mundo, ampliação e construção de grandes portos e o período de uma considerável paz social, foi quando se construiu as maiores extensões de estradas asfaltadas, foram inaugurada petroquímicas, a produção de petróleo multiplicou-se,  grandes industrias surgiram na área tecnológica, chegando-se  até  a dominar tecnologia nuclear.

Hoje lamentavelmente vemos a guerrilha urbana que vitimiza, ceifa a vida de 60 mil pessoas por ano, só por homicídios, além de outros 60 mil levados a óbito pela violência do transito, com milhões de lesionados. Foi no Governo Militar que surgiram vários programas sociais, memoráveis, como a construção de milhares e milhares de casas populares criação do Pis e do Pasep, criação do FGTS, além de um desenvolvimento considerável na área de pesquisa, criação do CNPQ, etc.

Entristece-nos termos regredido para a 10ª (décima) economia mundial, termos no nosso comando pústulas que foram expurgados da vida pública, a maioria por imperativo ético e moral, sem que se tenha deixado de praticar alguns atos de injustiça, é verdade.

Mas hoje vemos no comando dos interesses do nosso País uma maioria de homens narcisistas políticos cometendo os atos mais espúrios dos cargos públicos que ocupam sem que se tenha visto até hoje ao menos um pedir desculpas sinceras ao País. Estamos dirigidos por individualistas, gananciosos, ladrões que são realmente os responsáveis por todas as desgraças que nos assolam ultimamente. A única coisa comum a todos os nossos últimos Presidentes é a iniciativa de aumentarem os impostos e perseguirem o aumento do seu poder e fortunas pessoais.

Não se vê ninguém abdicando de nada em favor do povo. A ética é atropelada a todo o momento, a moral foi enterrada nas práticas políticas, transformaram o Brasil numa república despótica, com poder hereditário onde os cargos públicos passam de pais para filhos ou confiáveis laranjas. A igualdade Constitucional é o dispositivo mais desmoralizado da nossa Constituição, basta registrar os 40 ou 50 mil ungidos como divindades posto cheios de prerrogativas, mordomias e imunidades absurdas.

Veja-se que basta ter o curso superior, para mesmo preso em flagrante ter direito a uma prisão especial, veja-se algumas categorias que sob uma análise rigorosa  possuem 90 (noventa), 150 (cento e cinquenta) dias de férias e entre estes estão aqueles que só trabalham durante a terça, quarta e a quinta-feira, como nossos parlamentares, veja-se a possibilidade da independência dos poderes devido ao emaranhado gigantesco das teias do trafico de influencia e muitos, mas muitos  mesmo, sucumbindo ao poder econômico que atua com uma desenvoltura escandalosa.

Veja-se que Davos publicou estatística, segundo a qual entre 137 (cento e trinta e sete) países pesquisados os políticos brasileiros estão colocados em 137º (centésimo trigésimo sétimo) lugar o que nos deixa agachados e envergonhados.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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