João Pessoa, 19 de setembro de 2025 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Se me perguntam se gosto de poesia, eu sorrio. Porque poesia não é só palavra bem arrumada em verso bonito. Poesia é vida pulsando em tudo que nos cerca.
Gosto de gente. Gente simples, gente complicada, gente que chega com abraço largo ou até aquela que chega com silêncio. Gente é poesia, porque cada olhar guarda uma história, e cada palavra carrega um destino.
Também gosto de bichos. O cachorro que abana o rabo quando me vê, o gato que se finge de independente mas me procura na hora da carência. Eles ensinam sobre fidelidade, sobre liberdade e sobre a beleza de existir sem máscaras.
Gosto das plantas. São poesia paciente, que cresce sem alarde, que floresce sem pedir aplauso. Elas ensinam que cada estação tem sua razão de ser, e que até o tempo de espera tem cor e perfume.
Lugares também são poesia. Uma rua antiga, um pedaço de sertão, o mar que se abre diante dos olhos. Cada espaço guarda memórias invisíveis que só o coração sabe decifrar.
E gosto de chocolate. Doce que consola, que desperta prazer, que se derrete na boca como quem dissolve as durezas da vida.
Gosto de vinho. Não pelo álcool em si, mas pelo ritual: abrir, servir, brindar. O vinho tem alma, tem tempo, tem histórias guardadas em cada taça.
Poesia também é papo ameno. A conversa sem pressa, o riso que surge de repente, o silêncio confortável entre amigos.
E falando em amizade, ela é uma das formas mais puras de poesia: quando duas almas se reconhecem sem precisar de contrato, apenas de presença.
O amor… ah, o amor é a própria essência da poesia. É nele que tudo se amarra: gente, bicho, planta, chocolate, vinho, lugares, amizade. O amor é a cola invisível que dá sentido a cada coisa que escolhemos gostar.
Então, se eu gosto de poesia?
Eu gosto é da vida. E é nela que a poesia está contida, sem pedir licença, sem precisar de moldura.
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DISPUTA - 17/09/2025