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Odilon Fernandes – advogado, escritor, professor e procurador federal aposentado.

Castas, divisões sociais da Índia e do Brasil

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publicado em 18/08/2017 às 16h28

Castas são grupos sociais hereditários há séculos existentes na Índia, onde a posição das pessoas das comunidades passam de pais para filhos, inclusive com a convenção de que cada pessoa só pode casar-se com outra da mesma posição que ela. destacam-se, registra-se naquele País, a existência de quatro grupos que são: Brâmanes, que ocupam o ápice da pirâmide social, os que nasceram da cabeça de Brahma; os Xátrias logo abaixo dos mais privilegiados como os que são entre nós pertencentes a classe média alta que nascem dos braços de Brahma; os Vaixás, nascidos das pernas de Brahma; e os Sedras como pertencentes as classes mais baixas posto que nascidos dos pés de Brahma.

A margem dos acima citados há os Párias que nem sequer possuem casta, também conhecidos como intocáveis, questão que já foi objeto de novela produzida pela televisão brasileira. Registram-se a existência de centenas de subdivisões. Isto tudo teve origem centenas de anos Antes de Cristo e baseiam-se da credulidade de que Brahma é o ser divino que criou o universo.

Analisando com um pouco de profundidade a composição da sociedade brasileira podemos identificar aspectos que se assemelham a esta cultura indiana, pois entre nós há alguns que se consideram Deuses, não admitem ser contrariados, são os das classes mais altas da nossa sociedade, logo abaixo temos os das classes médias que geralmente vivem nas sombras dos mais poderosos, e temos os pobres que parecem nem existir, são originários da poeira dos pés de Brahma e não podem nem sonhar em casar com pessoas da classe média ou da mais superior, não lhes é permitido entrar pela porta da frente das casas dos que integram classes superiores, são coisificados, praticamente sem acesso a saúde, educação, segurança ou outros serviços públicos, não podem sequer sentar próximos dos “patrões” e com estes falam de forma cabisbaixa, são discriminados onde quer que estejam e cerca de 60 a 70 por cento são analfabetos ou semianalfabetos.

São maltratados e se acomodam como instrumentos para consagração de privilégios das classes superiores. Estes entre nós são tratados como a galinha de Stalin, que torturadas em demonstrações feitas por ele, após apavoradas recebiam migalhas das mãos do ditador, passando a dispensar-lhe atenção e total obediência.

Lamentavelmente ainda temos, vivemos, essa situação no Brasil, onde estas pessoas, domésticos entre outros, merecem apenas um cubículo como suas acomodações em nossas casas, em muitos prédios não podem nem ao menos usar o elevador social numa fórmula brutal de mantimento do escravagismo e senzala e estas pessoas lamentavelmente não sabem o que é cidadania, trocam sua dignidade, seu voto, por migalhas, prestigiando o populismo em detrimento do respeito Constitucional a que fazem jus.

Poucas pessoas procuram estimulá-los a perseguir e exigir serviços públicos, como educação, para o crescimento individual, social e político e daí decorrem muitos malefícios como a escolha dos caminhos da criminalidade. Nós privilegiados, para mudar os status quo das coisas precisamos também adotar comportamento de educadores dessas pessoas marginalizadas. Isto não é papel apenas dos professores é uma responsabilidade também de todos nós, transmitir a importância da higiene, do aprendizado, da moral, da honestidade dos valores pregados por Cristo, para que possamos ao menos nos aproximar de uma verdadeira e grande Democracia. Usamos o nome de Deus nas redes sociais de uma forma generalizada a banalizá-lo e demonstramos  que não praticamos o amor ao próximo, com raras e dignas exceções que honrem os ensinamentos de Deus.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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