João Pessoa, 09 de outubro de 2015 | --ºC / --ºC Dólar - Euro

ÚltimaHora
em 1976

Documentos revelam que Pinochet mandou matar ex-chanceler

Comentários: 0
publicado em 09/10/2015 às 06h52
atualizado em 09/10/2015 às 03h54

O ex-ditador chileno Augusto Pinochet ordenou o assassinato do ex-chanceler Orlando Letelier, morto nos Estados Unidos em 1976, segundo indicam documentos tornados públicos pelos Estados Unidos. A informação foi divulgada por Juan Pablo Letelier, filho do diplomata, nesta quinta-feira.

Juan Pablo, atual senador pelo Partido Socialista chileno, teve acesso ao material depois que as provas foram entregues por Washington ao governo chileno, na terça-feira. Os documentos, que proporcionam pela primeira vez provas conclusivas de que Pinochet mandou matar o então chanceler chileno, mostram que o ditador estava tão preocupado em esconder sua participação no crime que chegou a planejar a morte de seu próprio chefe de inteligência, o general Manuel Contreras.

“Eles estava tão empenhado em defender seu posto que planejou eliminar Manuel Contreras, para impedi-lo de falar”, disse Juan Pablo Letelier, em uma entrevista à Tele13 Radio.

 

O diplomata Orlando Letelier morreu no dia 21 de setembro de 1976, na explosão de uma bomba plantada em seu carro, em Washington. No veículo também se encontrava a secretária do chanceler, Ronni Moffit. Os dois assassinatos ocorreram no âmbito da chamada “Operação Condor”, concebida e aplicada na década 1970 pelas ditaduras militares do Cone Sul para coordenar o extermínio de opositores.

Letelier foi chanceler do governo do presidente socialista Salvador Allende (1970-1973), derrubado pelo golpe militar, e o atentado que resultou em sua morte é considerado o primeiro ato terrorista ocorrido no território dos EUA.

Os documentos foram entregues pelo secretário de Estado americano, John Kerry, à presidente Michelle Bachelet, na conferência “Nosso Oceano” que aconteceu na segunda e terça-feira no Chile. Posteriormente, o governo de Bachelet entregou os papéis ao filho do diplomata, que ainda não terminou de analisá-los em sua totalidade.

“Possivelmente surgirão antecedentes de outros envolvidos que ainda estão vivos no Chile e que tenham participado não da ordem ou da execução do crime, mas de seu encobrimento”, afirmou. Além de demonstrar a responsabilidade de Pinochet, os documentos americanos exporiam as ações posteriores por parte do ex-ditador para encobrir o crime.

Pinochet, que morreu em 2006, nunca foi julgado por este caso, mas a justiça conseguiu processá-lo por mais de 3,2 mil vítimas, entre mortos e desaparecidos, deixados por seu regime (1973-1990), assim como por corrupção.

Manuel Contreras, que chefiava a polícia secreta de Pinochet, foi condenado a sete anos de prisão, assim como o general Pedro Espinosa. Contreras, considerado um dos maiores repressores chilenos, morreu em agosto, cumprindo pena por violação dos direitos humanos que superavam os 500 anos de prisão.

O filho do diplomata citou como um dos possíveis acobertadores da morte de seu pai o ex-guarda-costas de Pinochet e prefeito de Providencia, Cristián Labbé. O senador mostrou, além disso, sua esperança de que as novas informações possam reativar a única investigação que se encontra aberta no Chile em torno da morte de Ronni Moffit.

Ele também elogiou o gesto dos Estados Unidos de revelar estes documentos que até então eram mantidos sob sigilo.

Veja

Leia Também

MaisTV

Último dia para regularizar título de eleitor registra longas filas em João Pessoa

ELEIÇÕES 2024 - 08/05/2024

Opinião

Paraíba

Brasil

Fama

mais lidas