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Kubitschek Pinheiro
O paraibano Felipe Pontes é um destacado profissional gestor de investimentos na cidade de São Paulo. É conselheiro de administração certificado pelo IBGC, com doutorado em contabilidade, sócio da Avantgarde Asset Management, da L4 Capital e da Galileu Hub de Dados. É também professor Licenciado de Finanças pela UFPB e foi CEO da Economatica
Pontes acaba de lançar em São Paulo, o best-seller “O Investidor em Ações de Dividendos e o recém-lançado Manual do Investidor Completo” com grande repercussão. Ele é visto proferindo palestras, ligando pontes cosmopolitas, mostrando o avanço do mercado e o desenvolvimento de novas estratégias de investimento. Esse best-seller da Amazon.com.br já alcançou o 1º lugar em diversas categorias, como “Avaliação da Educação” e “Finanças em Teoria da Educação”, e foi o “nº 1 mais presenteado”. Com uma avaliação média de 4,7 estrelas e mais de 600 avaliações máximas (5 estrelas), é uma leitura indispensável para quem busca se aprofundar nessa estratégia.
Em conversa com o MaisPB, Pontes fala de seu trabalho na Avantgarde, onde está desde março de 2023, empresa voltada para investidores que desejam uma alternativa transparente e livre de conflitos de interesse e ressalta parcerias com professores paraibanos como, Orleans Martins, da UFPB entre outros. Postes afirma que “os professores nunca morrem”, Isso já uma lição de vida.
MaisPB – Felipe Pontes é sócio e Diretor de Gestão de Investimentos da Avantgarde Asset Management, uma gestora pioneira no Brasil. Vamos começar por aqui, falando desde quando e dessa experiência numa cidade cosmopolita?
Felipe Pontes – Estou na Avantgarde desde março de 2023, após minha saída da TC S.A., empresa que tive o privilégio de ajudar a construir praticamente do zero (quando tínha cerca de 15 funcionários – chegamos a ter mais de 800 funcionários) e listar na bolsa de valores brasileira (B3). A TC S.A. fez história ao se tornar a empresa operacional com o processo de listagem mais rápido do Brasil – cerca de 5 anos de idade. Antes de me tornar sócio e diretor na Avantgarde, já havia contribuído com a criação de um comitê científico na gestora, reunindo pesquisadores de instituições renomadas como FGV, USP, UFPB e UFES, para apoiar o desenvolvimento de novas estratégias de investimento.
MaisPB – Além Avantgarde você vem desenvolvendo consultorias de finanças corporativas…
Felipe Pontes – Sim, após me licenciar da UFPB e encerrar minha trajetória na TC, co-fundei a L4 Capital, uma consultoria de finanças corporativas que atende desde empresas familiares até pequenas e médias empresas listadas na B3. Também co-fundei a Galileu Hub de Dados, uma startup/boutique de dados que já está atraindo algumas das principais empresas do mercado financeiro brasileiro com interesse de comprá-la. Durante esse período, desenvolvi do zero a área de gestão de investimentos para pessoas físicas na Avantgarde, voltada para investidores que desejam uma alternativa transparente e livre de conflitos de interesse – anteriormente, nossas operações eram focadas exclusivamente em fundos de investimentos. A Avantgarde se consolidou nesse período como referência no mercado brasileiro, sendo pioneira em gestão quantitativa e sistemática no país. Recentemente, tivemos a honra de receber a classificação de 5 estrelas pela Morningstar, a principal instituição mundial de avaliação de fundos de investimento. Esse reconhecimento nos coloca entre os 10% melhores fundos em um universo de mais de 75 mil fundos que existem no mundo inteiro – é um grande orgulho para nós e para o Brasil! Estar em um ambiente cosmopolita como São Paulo oferece uma perspectiva única. Aqui, é possível acompanhar de perto as transformações globais do mercado financeiro, atrair talentos e adotar tecnologias e estratégias inovadoras que tornam nosso trabalho ainda mais dinâmico e desafiador. Embora acredite que algo semelhante possa ser feito na Paraíba – e temos planos de abrir um escritório em João Pessoa no futuro, hoje é essencial estar em São Paulo, onde as coisas do mercado financeiro realmente acontecem. A cada saída para almoçar, encontro pessoas com quem posso trocar ideias sobre o mercado financeiro e negócios. Para ilustrar: certa vez, até encontrei Abílio Diniz no dentista. São Paulo é realmente outro mundo.
MaisPB – Como veio a ideia de construir o best-seller O Investidor em Ações de Dividendos e o recém-lançado Manual do Investidor Completo?
Felipe Pontes – Ambos os livros nasceram da vontade de compartilhar conhecimento e democratizar conceitos financeiros que muitas vezes são percebidos como complexos ou inacessíveis. O Investidor em Ações de Dividendos surgiu da necessidade de desmistificar a estratégia de dividendos como uma ferramenta eficiente para o investimento de longo prazo, enquanto o Manual do Investidor Completo adota uma abordagem mais abrangente, voltada para capacitar investidores a navegarem com confiança em mercados voláteis e incertos, passando desde investimentos mais simples, como renda fixa, para investimentos mais complexos como ações. Esses projetos foram moldados ao longo do tempo, especialmente pelas interações que tive com leitores e participantes de palestras ou cursos. Eu e o Professor Orleans Martins, da UFPB, dividimos a autoria de ambos os livros. Somos investidores experientes e lecionávamos sobre temas relacionados na UFPB. A ideia para O Investidor em Ações de Dividendos surgiu a partir de nossas discussões, pesquisas e da necessidade que percebíamos em nossos alunos e colegas investidores. Sabíamos que o livro era bom, mas o sucesso superou nossas expectativas – especialmente considerando que não somos autores do eixo Sudeste, onde estão concentrados os escritores mais populares no segmento financeiro. Estimamos que mais de 100 mil pessoas leram nosso livro (entre o livro físico/impresso e o digital). Publicamos a primeira edição de forma independente, financiada inteiramente com capital próprio, e alcançar o status de best-seller na Amazon foi uma grata surpresa. Recentemente, firmamos contrato com uma das principais editoras do Brasil para lançar a segunda edição, o que marca uma nova fase para esse projeto. O sucesso do primeiro livro também abriu espaço para um diálogo ainda maior com o público. Recebemos inúmeras mensagens de leitores pedindo um material que abordasse conceitos mais básicos, como uma espécie de introdução ao tema antes de avançar para estratégias como a de dividendos. Foi dessa demanda que nasceu o Manual do Investidor Completo, um passo anterior que tem como objetivo ajudar iniciantes a entrarem no universo dos investimentos com clareza e confiança.Os livros ficaram muito didáticos porque, antes de sermos gestores de investimentos, éramos investidores profissionais e professores universitários. Orleans tinha um curso de dividendos e eu tinha um curso sobre como começar a investir do zero – os slides desses cursos nos deram a base para começar a escrever os livros. Uma outra coisa que gostaria de destacar sobre o livro é que fizemos uma dedicatória de modo a trazer mais luz para os casos de abuso sexual contra crianças, por causa do caso do Maníaco do Consultório, Fernando Cunha Lima
MaisPB – Você acredita que seus livros e palestra eles tem um direcionamento maior a cada dia que se passa?
Felipe Pontes – Sem dúvida. O mercado financeiro é dinâmico, e os investidores enfrentam desafios cada vez mais complexos, como inflação, mudanças tecnológicas e incertezas locais e globais. As palestras e os livros oferecem não só ferramentas práticas, mas também reflexões que ajudam a construir uma mentalidade de longo prazo, com centenas de exemplos de aplicações reais que nós passamos, além dos resultados das nossas pesquisas científicas que ajudam tudo a ficar mais confável. Isso é essencial para navegar no mundo financeiro atual. Além disso, em tempos de pirâmides, como a Braiscompany, “tigrinho” e “bets”, educação financeira é cada vez mais essencial para que as pessoas não destruam suas vidas financeiras.
MaisPB – Essa coisa que mete medo, o dinheiro de sumiu, virou online, isso estava previsto e o que vem mais por aí?
Sim, a digitalização do dinheiro já era esperada como uma consequência natural do avanço tecnológico e da busca por eficiência no sistema financeiro. As criptomoedas e as moedas digitais de bancos centrais são exemplos claros disso. Eu não ando com carteira desde 2020. Não pego mais em dinheiro de papel. No futuro, acredito que veremos uma maior integração dessas tecnologias com soluções financeiras do dia a dia, o que pode incluir contratos inteligentes, transações instantâneas e maior inclusão financeira. Porém é preciso que as pessoas estejam bem educadas financeiramente, porque essas novidades, enquanto as pessoas não conhecem, abrem espaço para fraudes, como a de Toinho do Bitcoin e outras que existem aí na Paraíba e no Brasil inteiro.
MaisPB – Você é um dos idealizadores e membro do Conselho Científico da Avantgarde, que gerencia fundos de investimentos sistemáticos e multifatoriais que estão entre os melhores do país. Que fundos são esses?
Felipe Pontes – A Avantgarde gerencia diferentes fundos de investimento com características e objetivos específicos, como:
Curiosamente, no último domingo fui almoçar com uns amigos da minha esposa e falei sobre os nossos fundos para eles e um deles perguntou: mas o que torna esses fundos tão especiais para eu alocar meu dinheiro? Nossos fundos utilizam estratégias chamadas de sistemáticas. Isso significa que as decisões de onde investir não são feitas apenas com base na intuição ou “feeling” do gestor, mas sim em modelos matemáticos, estatísticos e computacionais, usando as evidências de pesquisas científicas de alto padrão, que analisam dados históricos e tendências de mercado. Esses modelos ajudam a identificar quais investimentos têm maior chance de trazer bons resultados, com menos riscos. Em resumo, nós usamos pesquisa científica para ganhar o máximo de dinheiro, com o menor risco possível. Isso que torna nossos fundos tão especiais e únicos na indústria brasileira – mas muito comum nos EUA há alguns anos. Nossos fundos exploram os conhecidos “fatores de risco”, por isso são todos multifatoriais, como “ingredientes secretos” que ajudam a escolher os melhores investimentos. Alguns exemplos de fatores que buscamos explorar:
Nosso diferencial é combinar esses fatores de forma inteligente e disciplinada, sempre com base em pesquisa científica e modelos confiáveis. É como montar uma receita onde cada ingrediente tem sua função, e juntos criam um prato incrível e ao mesmo tempo barato. Essa abordagem tem sido fundamental para garantir resultados consistentes e manter nossa posição de destaque no mercado brasileiro.
MaisPB – Vocês trabalham como se fossem uma bolsa de valores, ou no mundo business tudo vai se modificando?
Felipe Pontes – A Avantgarde é uma gestora de investimentos que se diferencia ao atuar como um verdadeiro conselheiro financeiro independente para nossos clientes. Nosso foco é ajudar investidores a fugir dos conflitos de interesse comuns em bancos e corretoras, onde muitas vezes as recomendações são direcionadas pelo que é melhor para a instituição e não necessariamente para o cliente. Trabalhamos diretamente com os bancos e corretoras escolhidos pelos nossos clientes, mas de forma imparcial. O dinheiro do cliente nunca sai da conta da instituição que ele escolheu – ele mantém total controle e segurança sobre seus recursos. O que fazemos é garantir que ele tenha acesso ao que há de melhor naquele banco ou corretora, avaliando as opções com rigor técnico e sempre priorizando os interesses do cliente – eventualmente, podemos recomendar usar mais de uma corretora ou banco, até investidr no exterior. Além disso, oferecemos a conveniência de executar as movimentações financeiras em nome do cliente, caso ele prefira não se preocupar com detalhes operacionais, sempre respeitando as normas da CVM e da Anbima, o que reforça a segurança e a transparência do processo. Nossa atuação vai muito além de simplesmente negociar ou analisar investimentos. Estamos constantemente adaptando nossas estratégias para incorporar novas tecnologias, refinar nossos modelos e responder aos desafios do mercado, sempre com a missão de entregar os melhores resultados de forma ética e segura.
MaisPB – Você é professor Licenciado da UFPB, onde coordenou projetos premiados, além de ser orientador de mestrado e doutorado em instituições como USP, UFPE e UFPB. Ele também é convidado frequente em MBAs e programas de mestrado profissional nas áreas de valuation, finanças corporativas e investimentos. Vamos falar sobre isso?
Felipe Pontes – A docência sempre foi uma paixão. É de família, desde o meu avô, o saudoso Luiz Mendes de Pontes, até meus tios, Bartolomeu Pontes, Ambrósio Elias, Humberto Pontes e João Dehon Pontes; e eu pude ser o primeiro da nova geração. Adoro falar sobre isso e ainda que eu esteja afastado da academia, nunca deixarei de ser Professor. Os professores nunca morrem. Tive a oportunidade de coordenar projetos premiados na UFPB e orientar alunos de mestrado e doutorado em instituições como USP, UFPE e UFPB. Esse trabalho é gratificante porque me permite compartilhar conhecimento, aprender coisas novas que ainda não chegaram para o público geral e contribuir para a formação de novos profissionais que irão moldar o mercado no futuro. Também valorizo muito os convites para MBAs e programas de mestrado profissional, onde há um rico intercâmbio de experiências. No último sábado, por exemplo, finalizei um curso de Mercado Financeiro para uma turma exclusiva de mestrado profissional para profissionais experientes do Banco do Brasil, com funcionários do Brasil inteiro – dá para ensinar coisas que eles não sabiam, mas também aprender muito com a experiência deles, porque a grande maioria é bem mais velha do que eu, alguns tem de experiência o que eu tenho de idade.
MaisPB – O que teremos de novidade para ester ano que está batendo na porta?
Felipe Pontes – A novidade que virá a público primeiro é a 2a edição de O Investidor em Ações de Dividendos, lançado por uma das maiores editoras do Brasil. Eu sempre vejo alguns livros bons e outros ruins nas livrarias de aeroportos e eu sempre quis ver um livro meu sendo vendido nos aeroportos e livrarias em geral também. Como havíamos lançado de forma independente, na primeira edição, o livro só era vendido pela Amazon e basicamente quem conhecia um dos autores comprava. Agora teremos um alcance muito maior. Além disso, deveremos ver o Galileu Hub de Dados operacional, disponibilizando dados de altíssima qualidade, com muita agilidade e custo baixo para os profissionais do mercado financeiro do Brasil, da América Latina e dos EUA. Acredito que essas duas são as duas principais novidades que virão a público mais rápido no início do ano que vem.
MaisPB – Estamos atolados ou a coisa vai melhorar?
Felipe Pontes – O Brasil sempre foi e parece que sempre será o país do futuro. Estamos numa situação de endividamente e gasto público muito complicados, mas eu tenho certeza de que as coisas melhorarão. A bolsa brasileira não está lá essas coisas, mas é justamente nesses momentos que devemos comprar. Temos que comprar quando ninguém quer comprar. Os juros estão muito altos e o dólar também. Mas uma hora isso passará. Tudo passa, inclusive isso. Para não ficar atolado, enquanto o Brasil está passando por esse momento de “ajuste”, por assim dizer, é muito importante ter sempre uma carteira muito bem diversificada, com bons CDBs, bons títulos do Tesouro Direto, ações de boas empresas brasileiras, ações de boas empresas estrangeiras, renda fixa no exterior. Diversificar os produtos e os países é essencial. E não é tão difícil, basta estudar um pouco ou procurar ajuda de profissionais sérios.
BOLETIM DA REDAÇÃO - 16/05/2025