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Artista paraibano, André Morais lança “Voragem”, terceiro disco solo

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publicado em 23/03/2024 às 11h55
atualizado em 23/03/2024 às 11h48

Kubitschek Pinheiro – MaisPB

Fotos Bruno Vinelli

Ele é ator, diretor, cantor e compositor. O artista paraibano André Morais, lançou seu terceiro álbum autoral, “Voragem”, nas plataformas digitais, além de clipes novos em seu canal do Youtube. Com 10 canções inéditas que se comunicam poeticamente com o discurso do artista e um olhar sobre o mundo. O álbum traz as participações de Ney Matogrosso e da cantora paulista Fabiana Cozza. O disco é uma celebração aos 20 anos de trajetória artística

“Voragem”, palavra da língua portuguesa que dá significado a um fenômeno devastador da natureza, um redemoinho no mar, tudo que se consome com veemência. Um movimento de vida e morte e finitude, mas que também renasce e transforma. É como a descoberta de um sentimento tão presente na vida da gente, de tudo aconteceu no mundo antes, durante e depois da pandemia.

Ney Matogrosso participa de “Cantar e Sangrar”, primeiro single lançado do álbum. Já Fabiana Cozza participa na canção “Pátria” (parceria dele com Valéria Oliveira).

Nascido em João Pessoa, André é autor de canções em parceria com grandes nomes da MPB, como Chico César, Carlos Lyra, Ná Ozzetti e Sueli Costa.

“Voragem” é um álbum de sonoridade acústica, construído com um olhar da Paraíba e do Nordeste, mas de braços abertos para o mundo. Um quinteto. Uma voz e quatro excepcionais músicos paraibanos, que exercem sua musicalidade e abrilhantam o novo trabalho de André Morais. “Voragem”,  foi todo gravado ao vivo em estúdio.

Produção e músicos

Com produção musical de Helinho Medeiros, pianista e acordeonista paraibano, professor da Universidade Federal da Paraíba e diretor musical dos dois últimos álbuns do cantor paraibano Chico César (“Estado de Poesia” e “Amor é um Ato Revolucionário”), em parceria com o violonista e professor Pedro Medeiros, “Voragem” é um álbum que busca uma construção musical sólida, num chão firme e criativo, num encontro importante entre melodia e poesia, palavra e ritmo. Arranjos construídos de forma coletiva, com a liderança e execução de Helinho (piano acústico e acordeom), mas também impregnado da experiência musical e da sensibilidade de Pedro Medeiros (violão, violão de 7 cordas, violão de aço e viola caipira), João Cassiano (Percussões) e Victor Mesquita (baixo acústico).

O artista conversou com o MaisPB e festeja seus vinte anos de carreira e muito mais.

MaisPB – Voragem celebra seus 20 de carreira? Vamos começar por aqui?

André Morais – É um álbum de encontro, afeto e celebração. São 20 anos de uma trajetória artística dedicada ao teatro, ao cinema e à música. Me sinto um artista com muita história ainda por contar, mas com muitos belos momentos já vividos. Trazer agora minha maturidade como cantor e compositor nesse álbum é para mim um afago. Desejo que essas canções possam emocionar os que estiverem abertos ao meu discurso poético.

MaisPB – Aliás Voragem tem as participações de Ney Matogrosso e Fabiana Cozza…

André Morais – São dois artistas sublimes, além de pessoas da melhor qualidade, seres humanos bonitos, generosos, que é bom estar perto. Que sabem a importância do seu ofício e de sua voz no mundo. Fui recebido pelos dois com muita ternura e respeito, com extrema afetuosidade. São desses encontros que fazem todo nosso trabalho valer a pena. Primeiramente, Ney é uma forte referência e inspiração para mim. É ator e cantor como eu, somos dois leoninos. Não há artista brasileiro que produza algo com comprometimento que não passe pela sua voz e sua obra.  Fiquei encantado com o homem sincero, amoroso e aberto. Ele me pegou pela mão e abriu caminhos. Ouvir sua voz se entrelaçando com a minha é de dos momentos mais belos da minha vida de artista. Fabiana é um encanto de mulher e cantora. Uma voz que abraça, que afaga, um mar profundo de emoção. Sua voz tem um viés de sagrado e isso é sua singularidade e beleza! Profundamente honrado em tê-la como amiga e parceira. Esse álbum é abençoado pela presença desses dois artistas, faróis da música brasileira.

MaisPB – Abre o disco com “Voragem” que é uma viagem, “o corpo nu sobre relva” – tá bem claro ai antes que o mundo acabe, Voragem é tudo nesse disco?

A imagem da Voragem como um fenômeno da natureza, que nos traga, que nos leva à profundeza, é o que guia o conceito do álbum. O discurso poético de todas as canções do disco está alinhado ao olhar do poeta sobre o seu íntimo reverberando para o outro e para a natureza. Um corpo nu diante do céu! São essas construções de imagem que estão presentes na minha escrita.

MaisPB –  Dez canções autorais que vem da escuridão do isolamento do mundial da pandemia. São canções íntimas, claro e me parece que nesse período os artistas se reencontraram com si mesmos, né? 

André Morais – No período de isolamento da pandemia, a poesia foi minha maneira de estar sereno, inteiro e são. Diante do horror das mortes e do descaso político, focar em construir canções e poemas foi um processo extremamente curativo.  Além disso, as parcerias musicais para mim são fundamentais, e, no período de isolamento, conversar com minhas parceiras e parceiros sobre música, criar novas canções e cantar juntos, foi realmente libertador. Boa parte desse repertório foi construído nesse processo.

MaisPB – Você tem canções em parceria com nomes de peso da música popular brasileira como Chico César, Carlos Lyra, Ná Ozzetti, Sueli Costa – Vamos falar desse avanço?

André Morais -Pra mim, um dos maiores prazeres de se fazer música, é ter parceiros. O convite para fazer uma canção juntos é também um convite para um possível laço afetivo. Quando você se torna parceiro de alguém numa canção é uma forma de estar perto, ligado ao outro pela poesia e, quem sabe, pelo convívio, pela vida. Sou parceiro de ídolos meus, pessoas que para mim são referências como artistas. Estar ao lado delas poeticamente, deixa minha vida mais feliz.

MaisPB – Você também tem parcerias com Ceumar, Milton Dornellas, Socorro Lira e Seu Pereira. Já cantou e gravou ao lado de nomes como Elza Soares, Ney Matogrosso, Mônica Salmaso, Naná Vasconcelos e Tetê Espíndola. Ou seja, esse terceiro disco é uma consagração?

André Morais Eu sinto que “Voragem”, meu novo álbum, é uma continuidade desse processo e um ponto importante de maturidade. Me sinto mais confortável na minha pele de cantor, de artista também da música. Isso está pulsando forte em cada canção desse disco. O encontro com todos esses artistas, de belas trajetórias na música, está impregnado na minha obra e na minha pele.

MaisPB –  A faixa “Cantar e Sangrar” é demais, está aí o bem e mal, as vozes de Ney e a sua se unem. Vamos contar isso para os leitores do MaisPB?

André Morais – “Cantar e Sangrar” é uma parceria minha com a compositora mato-grossense Lucina, uma mulher importantíssima na Música Popular Brasileira. Formou durante anos a dupla Luhli e Lucina, dona de uma obra singular já gravada por Ney, Zélia Duncan… Eu e Lucina temos uma parceria forte, mais de 10 canções juntos. E ela foi ponte para meu encontro com Ney, de quem ela é amiga e comadre. A canção caiu como uma luva na voz dele, um blues amoroso, sensual e dramático. Nós dois somos artistas que vem da arte dramática e sinto que isso nos uniu fortemente.

MaisPB– Quem é a Nossa Senhora do Desejo?

André Morais – Uma imagem poética que une o sagrado e o profano, o desejo como ímpeto de vida na figura de uma mulher em seu manto.

MaisPB – Vai sair cantando esse disco pelo Brasil e lá fora?

André Morais  –  Sim, estamos abrindo caminhos para sair em turnê pelo país em breve.

MaisPB- Muito bom esse time – Helinho Medeiros, pianista e acordeonista paraibano, professor da Universidade Federal da Paraíba e diretor musical dos dois últimos álbuns do cantor paraibano Chico César. “Voragem” é espetáculo de vida e poesia – um álbum que não deixa ninguém parado, a cabeça a mil com tantas letras belas e tristes?

André Morais – A sonoridade orgânica que está presente no álbum “Voragem” se deve muito a minha parceria com Helinho Medeiros e Pedro Medeiros, produtores musicais do disco. Ele foi todo gravado ao vivo em estúdio. Uma voz e quatro músicos especialíssimos tocando e cantando juntos, onde a emoção e a batida do coração guiou o ritmo de cada canção. Numa sonoridade acústica que une piano, acordeon, violão, viola caipira, baixo e percussões, sinto nosso trabalho fortemente alinhado à gênese da música popular brasileira.

MaisPB – A música, o teatro e o cinema estão nas suas veias poéticas?

André Morais – Sim, sou um artista que transita entre o teatro, o cinema e a música. É isso que dá sentido e singularidade à minha trajetória artística. Venho do teatro, que me levou para música. Minha formação como jornalista me levou para o cinema. Sinto que tenho um discurso poético a expressar e cada verso vai encontrando sua linguagem. Pode se tornar um filme, uma canção, um espetáculo de teatro… sigo como artista dessa forma.

MaisPB – Quem é André Morais?

 André Morais – Um artista em movimento.

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