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Paulo Galvão Júnior é economista, escritor, palestrante e professor de Economia e de Economia Brasileira no Uniesp

Uma breve análise das projeções econômicas para o Brasil em 2024

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publicado em 23/01/2024 às 17h54

Com certeza, prever o futuro econômico do Brasil no ano de 2024 é uma tarefa complexa e depende de uma série de fatores imprevisíveis, como as eleições presidenciais nos Estados Unidos, as políticas governamentais do país, as flutuações nos preços das commodities, entre outros fatores.

Além disso, é sempre importante lembrar que projeções econômicas estão sujeitas a mudanças estruturais, e diversos fatores podem influenciar o cenário econômico ao longo de doze meses como guerras e mudanças climáticas (por exemplos, o excesso de chuvas nos estados do Rio de Janeiro, de São Paulo, e de Minas Gerais, e a escassez de chuvas em estados nordestinos, em janeiro de 2024).

O continental Brasil terminou o ano de 2023 como o quarto maior produtor agrícola do planeta, com US$ 573 bilhões, atrás apenas da China (US$ 1,1 trilhão), da Índia (US$ 906 bilhões), e dos Estados Unidos (US$ 829 bilhões), segundo os dados da Food and Agriculture Organization (FAO).

O Brasil é o maior exportador global de soja, milho, café, açúcar, carne bovina, carne de frango, celulose, fumo e suco de laranja concentrado e congelado. O agronegócio brasileiro é o vice-campeão nas exportações mundiais de algodão e de etanol oriundo da cana-de-açúcar.

O emergente Brasil encerrou 2023 como a nona maior economia do mundo, com um Produto Interno Bruto (PIB) nominal de US$ 2,13 trilhões, à frente do desenvolvido Canadá, com PIB nominal de US$ 2,12 trilhões, conforme as previsões econômicas do Fundo Monetário Internacional (FMI).

O Brasil já começou o ano de 2024 na presidência do Grupo dos Vinte (G20), que reúne 19 países membros mais a União Europeia (UE) e a União Africana (UA). Entre os países integrantes do G20, dez são países emergentes, como Argentina, Arábia Saudita, Brasil, China, Índia, Indonésia, México, África do Sul, Rússia e Turquia. Enquanto, nove são nações desenvolvidas, como Austrália, Alemanha, Canadá, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido.

A presidência do G20 é a responsável pela gestão da Troika, formada em 2024, por Brasil, que detém a presidência, a Índia, presidente em 2023 e a África do Sul, que assumirá a presidência do G20 em 2025. E o Brasil já assumiu a presidência do G20 e tem três prioridades mundiais como o combate à fome, pobreza e desigualdade, as três dimensões do desenvolvimento sustentável e a reforma da governança global.

Os países integrantes do G20 representam 80% do PIB global, 75% do comércio internacional, 60% da população mundial, 84% das reservas mundiais de petróleo e 80% dos investimentos externos diretos (IEDs).

É preciso destacar que o Brasil assume pela primeira vez a presidência rotativa do G20 e organizará a próxima e XIX Cúpula do G20, que acontecerá nos dias 18 e 19 de novembro de 2024, na cidade do Rio de Janeiro. Em plena Quarta Revolução Industrial, o Brasil almeja que o G20 esteja construindo um mundo justo e um planeta sustentável.

A Cúpula do G20 reúne os líderes de dezenove maiores economias do mundo e o Brasil traz expectativas de mudanças para promover a sustentabilidade econômica. O Banco Central do Brasil (BACEN) divulga semanalmente o Boletim FOCUS desde 2001, e neste relevante artigo analisamos os resultados do biênio 2022-2023 e as projeções econômicas para 2024 de oito indicadores macroeconômicos da economia brasileira.

No Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2022: 5,79%; 2023: 4,46%; Projeção para 2024: 3,86%. O IPCA representa a taxa oficial de inflação no país e a tendência de queda nos valores indica que a inflação está diminuindo, o que pode ser um sinal positivo para o controle dos preços. E a desinflação benigna colabora com o aumento do poder de compra das famílias brasileiras.

Na taxa de crescimento do PIB em 2022: +3,0%; 2023: +2,9%; Projeção para 2024: +1,6%. A desaceleração do crescimento do PIB brasileiro pode indicar desafios econômicos, como menor demanda por bens e serviços ou declínio nos níveis de investimento.

Na taxa de câmbio em 2022: R$ 5,30; 2023: R$ 4,85; Projeção para 2024: R$ 4,92. A subida na taxa de câmbio indica uma possível valorização do real em relação ao dólar americano, o que pode ter implicações positivas para as exportações em relação às importações do país.

Na taxa SELIC em 2022: 13,75% a.a.; 2023: 11,25% a.a.; Projeção para 2024: 9,00% ao ano. A taxa SELIC é a taxa básica de juros no Brasil e a redução ao longo dos anos indica uma política monetária expansionista, para estimular a economia, pois juros mais baixos podem incentivar os investimentos das empresas privadas e o consumo das famílias.

Na balança comercial no ano de 2022: US$ 62,3 bilhões; 2023: US$ 98,8 bilhões; Projeção para 2024: US$ 76,9 bilhões. O superávit na balança comercial é positivo e indica que o país está exportando mais do que importando bens.

No IED em 2022: US$ 90,5 bilhões; 2023: US$ 59,0 bilhões; Projeção para 2024: US$ 65,0 bilhões. A redução no IED de 2022 para 2024 pode ser interpretada como uma mudança na confiança dos investidores estrangeiros na economia do país.

Na relação dívida líquida do setor público e PIB em 2022: 57,1% do PIB; 2023: 61,0% do PIB; Projeção para 2024: 63,80% do PIB. O aumento na relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB indica uma possível deterioração da situação fiscal do país, exigindo atenção especial para garantir uma trajetória sustentável da dívida pública.

E no resultado primário em 2022: +0,50% do PIB; 2023: -1,40% do PIB; Projeção para 2024: -0,80% do PIB. O resultado primário negativo indica que as despesas dos governos municipais, estaduais e federal superam as receitas, o que pode impactar o endividamento do país. Infelizmente, são milhares de obras inacabadas nas cinco regiões do Brasil.

Em suma, a gestão da presidência do G20 e a organização da XIX Cúpula do G20 oferecem plataformas para o Brasil influenciar a agenda global ao defender a economia verde. E as projeções econômicas do Boletim FOCUS revelam o Governo Federal gastando mais do que arrecadando e a desaceleração econômica do Brasil para 2024, que poderá ser concretizada ou não, mas, que dependerá de diversos desafios internos e externos ao longo do ano de 2024.

O Brasil poderá crescer mais e alcançar a posição de oitava maior economia do mundo em dezembro de 2024, depende muito da capacidade dos agentes econômicos de investir mais no agronegócio, na indústria, e nos serviços, com destaques para o turismo e as exportações de produtos agropecuários.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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