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Música: Xande de Pilares fala ao MaisPB sobre álbum em homenagem a Caetano

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publicado em 19/08/2023 às 18h00
atualizado em 20/08/2023 às 10h06

Kubitschek Pinheiro

Fotos – Marcos Roger e Fernando Young

Carioca do Morro do Turano,  Alexandre Sousa de Assis, o Xande de Pilares, dono de uma voz marcante, lançou novo álbum cantando dez canções da obra de Caetano Veloso, um disco primoroso, que emocionou Caetano. “Xande canta Caetano” está em todas as plataformas digitais.

O projeto “Xande Canta Caetano” é uma homenagem do sambista ao compositor baiano, que chegou aos 81 anos neste mês de agosto. O áudio reúne dez das mais belas composições do mestre na voz de Xande de Pilares, com novos arranjos feitos por Pretinho da Serrinha, que também assina a produção musical. Dentre as faixas, destacam-se “Muito Romântico”, “Luz do Sol”, “Tigresa”, “O Amor” e “Qualquer Coisa” que conta com solo do bandolim de Hamilton de Holanda. Além de Hamilton, o projeto tem um time de músicos de primeira linha como, Pedro Baby (violão), Carlinhos Sete Cordas (Violão 7 Cordas), Dirceu Leite (flauta), Rogério Caetano (violão 7 Cordas aço), Guto Wirtti (baixo), Pretinho da Serrinha (percussão) , entre outros.

Xande surgiu com destaque no universo do samba na década de 1990, como vocalista do Grupo Revelação, usando o pseudônimo de Xande de Pilares. Brilhou com o Grupo, com o qual gravou 16 discos. Em carreira solo desde 2014, lançou seis álbuns. O mais recente é esse – “Xande Canta Caetano”. O projeto gráfico é assinado por Fernando Young e Cubículo Design.

 O aplaudido artista, é autor de sucessos como “Brincadeira tem hora”, “Clareou”, “E sou de Jorge” e “Perseverança”. Mas, a que caiu no gosto de muitos intérpretes, em especial dos que participam de rodas de samba, foi do clássico “Tá escrito”, que compôs com Carlos Rodrigues e Gilson Berrini, gravado por Caetano Veloso e os filhos Moreno, Zeca e Tom, na turnê “Ofertório” Um samba de bela melodia com a esperança, que não cessa. “Erga essa cabeça, mete o pé e vai na fé/Manda essa tristeza embora/ Basta acreditar que um novo dia vai raiar/ Sua hora vai chegar…”

O MaisPB ouviu o músico Hamilton de Holanda, que participa da faixa “Qualquer Coisa” tocando bandolim: “Pra mim foi uma honra porque eu sou fã do Xande, um dos grandes representantes da música brasileira no samba. E tocar nessa música linda de Caetano (Veloso) eu gostei muito do resultado, só da faixa, mas o disco todo. Só se fala nesse disco de Xande, com boa repercussão” disse Hamilton

Em entrevista ao MaisPB, Xande de Pilares fala com carinho da admiração pela obra de Caetano Veloso, a alegria compartilhada desse disco, a escolha do repertório e os planos de percorrer o país com a turnê “Xande Canta Caetano”.

 MaisPB – Da última vez que conversamos sobre o lançamento dos DVDs, você já estava pensando em gravar esse disco, cantando Caetano?

Xande de Pilares – Já estava trabalhando no disco sim, esperando ver mixado e nas ruas, tocando para vocês. Aconteceram muitas coisas, até que chegasse esse momento. O projeto era para os 80 anos dele, mas tinha muita coisa envolvida e chegou o momento de lançar, logo agora, que ele fez 81 anos.

MaisPB – Conversamos com Caetano sobre o show “Transa” e sobre seu disco – ele disse que ficou muito emocionado, muito feliz e chorou ao ver você cantar “Gente”, com Partido Alto

Xande de Pilares – É verdade, ele ficou emocionado e eu também. Eu fiquei mais ainda. São tantas homenagens para Caetano, do tamanho da grandiosidade da obra dele. Quando ouvi ele falar dessa emoção, eu tive a satisfação de ter me dedicado totalmente para este projeto que se tornou tão grandioso e eu continuo comemorando os 80 anos dele…

MaisPB – Quando você escutou Caetano pela primeira vez?

Xande de Pilares –Em 1981 é quando eu começo a respirar bem a Cobra de Caetano, aos 11 anos. Veja bem em 1981 e agora chegamos aos 81 anos de Caetano Veloso, beleza pura, né?

MaisPB – Deve ter sido difícil selecionar as canções. Por exemplo, “Gente” ficou muito bonita em sua voz?

Xande de Pilares –Eu já cantei tantas canções de Caetano. Cantei “Você é Linda”, “Queixa”, “Luz do Sol”, mas  nunca me vi cantando “Gente”, que é uma canção linda, e sabia que seria difícil. Tem aquela coisa de você prestar mais atenção em tal música. Eu acabei me aprofundando na seleção desse repertório e pensei – “Gente” está aqui, chegou a hora. Vou dizer com todo respeito, quando eu comecei a mastigar, a sentir essa música no paladar, fui prestando bem atenção na letra. É muito bonita.

MaisPB – Há muitas coisas e pessoas interessantes, citadas nesta música, né?

Xande de Pilares – Dentre elas, a  citação dos nomes de Zezé Mota e Zé Agripino, que eu tenho lá na minha vida: minha tia Zezé e meu tio Zé Agripino, que Deus o tenha em bom lugar. Foi bacana quando Caetano me deu autorização para alterar alguns nomes de pessoas mais próximas. Ele disse que eu poderia mudar, mas eu disse que não precisava mexer na letra dele, até porque já fala em minha tia Zezé que mora Guadalupe, para não perder essa coincidência, além da música falar de gente, do dia a dia das pessoas, dessa gente toda de nosso país que acorda sempre com obstáculos e objetivos a serem alcançados. Essa canção passa muita coisa, que eu já vivi, que eu tenho vivido.

MaisPB – Você tem várias referências na música, porque escolheu Caetano?

Xande de Pilares – Eu já homenageie alguns artistas com meu trabalho, nesses anos todos, mas a ideia veio das cantorias, quando terminava, eu cantava no cavaquinho “Ela e Eu” do Caetano – aí veio a ideia de fazer um show no teatro e Caetano sugeriu um show cantando as canções dele. Já homenageei Djavan, já participei de uma homenagem a Chico Buarque, essa agora ao Caetano é diferente por causa da proximidade com ele

MaisPB – Quem mais vocês cantavam nas cantorias?

Xande de Pilares – Jorge Ben Jor, várias canções de Caetano e ele gostou muito de ouvir eu cantar “Ela e Eu” no cavaquinho. Privilégio meu cantar Caetano Veloso, de poder ouvir essas entidades da música e uma delas me dá a oportunidade de cantar um disco inteiro, um projeto cantando a obra, uma sensação muito boa.

MaisPB – Dessas dez canções que você gravou, tem uma especial?

Xande de Pilares – Todas são especiais. Eram 20 e fechamos em dez, inclusive “Irene”, mas a canção forte do disco, é “Alegria Alegria”, que foi a primeira música que eu escutei na minha vida, na abertura de uma novela. Essa canção me faz conhecer o Caetano. Também “Muito Romântico”, que foi a primeira vez que eu tive contato com instrumentos de tocar.  Mas é “Alegria, Alegria” que traz o Caetano para dentro dos meus ouvidos, da minha alma.

MaisPB – Xande você sabe que fora Caetano e os filhos Moreno, Zeca e Tom, você é a praticamente a segunda pessoa que gravou Alegria, Alegria?

Xande de Pilares – Na verdade foi o Pretinho. Tava eu, Caetano, Mosquito e ele que deu a ideia de transformar a canção em Ijexá, até o Caetano falou: “eu não gostava muito dessa canção, mas agora você deu uma roupagem com Ijexá nela que ficou muito interessante”. Por isso a importância do Pretinho, essa levada para o Partido Alto.

MaisPB – Vamos falar de Diamante Verdadeiro, que quem gravou primeiro foi Maria Bethânia?

Xande de Pilares – Eu adorei, porque eu já curtia essa música com Maria Bethânia. Essa canção, eu tive até o cuidado de não aumentar nem abaixar tom nenhum, além de colocar a coisa pessoal, o zelo do Alexandre Sousa de Assis (nome dele completo de Xande)

Mais PB – Outra canção “Trilhos Urbanos” não é fácil de cantar e abre com Retirantes, incidental que beleza né?

Xande de Pilares – Trilhos Urbanos foi coisa de Caetano com Pretinho. Quando eu fui ouvir a música em casa, estava assistindo uma novela e me veio a ideia de colocar o incidental, a abertura de Escrava Isaura do Dorival Caymmi. Quando cheguei no estúdio, com muito cuidado e muito medo, perguntei a eles dois (Caetano e Pretinho) sobre colocar uma incidental e entrar nos Trilhos Urbanos. Aí todo mundo curtiu e eu mais ainda.

MaisPB – Você gravou umas canções que certamente não ouviremos mais na voz de Caetano, em shows…

Xande de Pilares – Eu gosto da interpretação dele na canção Lua de São Jorge, por isso que eu tive o cuidado de não alterar muito, mas com nova roupagem. “Amor” quem gravou foi Gal (Costa) e agora eu. Essa foi a única música que eu levei para o projeto. Pretinho não conhecia e eu já gostava muito dessa canção e sempre tive vontade de cantar – até que o Pretinho foi resistente, mas emplacamos.

MaisPB – Qualquer Coisa, ficou uma canção mais rica, com a participação do bandolinista Hamilton de Holanda. Conta aí pra gente?

Xande de Pilares – Eu estou cantando aí, mas tem o Caetano, o Hamilton e tem que saber se enquadrar. Quando entra o bambolim, rola aquela viagem. O cara é muito bom, o Hamilton é o maior. O mundo estava precisando de um disco assim, saber que estamos ouvindo Caetano, Xande e Hamilton de Holanda.

MaisPB – Caetano acompanhou a gravação até o final?

Xande de Pilares – Sim, ele dava o toque final, a cada final de base a gente ouvia Caetano que fez poucas correções. Em “Alegria, Alegria” eu cantei “ele só pensa em casamento”, e ele disse que é “ela só pensa em casamento”, é que eu estava nervoso.

MaisPB – Achei que você cantou Muito Romântico, melhor que o rei Roberto?!

Xande de Pilares – Ah, não pera aí ( disse ele rindo). São versões diferentes, a do Roberto Carlos tem uma orquestra linda na introdução e tem um contrabaixo que passeia na música inteira e a de Caetano tem um coral. Eu apenas passeio entre Roberto e Caetano.

MaisPB – No clipe de “Qualquer Coisa”, você fica e escrevendo a letra no quadro-negro…

Xande de Pilares – Aquilo é uma sala de aula, eu gostei, me lembrou das minhas redações.

MaisPB – Vai sair cantando esse disco, muitos shows?

Xande de Pilares – Então, a ideia é essa transformar esse projeto num show e quero cantar ai na Paraíba, para a gente confirmar essa maravilha toda que Xande cantando Caetano Veloso. 

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