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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Meninas/Minas 

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publicado em 09/04/2022 às 08h05
atualizado em 09/04/2022 às 11h30

Na segunda noite de estreia da turnê “Meu Coco” de Caetano Veloso, no Palácio das Artes em Belo Horizonte, senti um fogo no meu corpo. Na hora do bis, que ele volta e canta mais três canções, as pessoas se levantam e grudam na beira do palco (foto)

Naquela sensação “Odara”, uma das músicas que fecha o show, senti um afago e logo vi que eram três meninas, garotas, que deveriam ter vinte e poucos anos. Lindas.

Elas me pediam para tirar fotos delas, com Caetano na composição. E logo ficaram amigas minhas, seguimos mutuamente nossos “instragrans”  e aquilo mexeu comigo, um tio nervoso, manhoso.

Com todo o proveito que não há nisso, sou um homem velho, mas o perfume das meninas, o cheiro do corpo, do sexo, comecei a beijar elas no rosto delicadamente, que estavam vidradas no artista – duas morenas de endoidecer e uma loirinha na sua floração quase incisiva.

Há muito que descobrimos que sentíamos aquela alegria gigantesca, a libido acesa onde a luz tinha tocado e, daí o esforço de não sofrer mais, voltar para o show e  não tirar o olho  da beleza das meninas de Minas, uai.

Uma beleza puxa a outra, o coração vai para a superfície, chega até  o céu da boca, ainda que só possamos desejar…

Realmente, se a boca é todo o alcance que nos deram, milhões de bocas, toda voz, todo afeto, o por favor, educadamente, muito obrigado, prendi minha respiração, o pensamento que soava do outro lado do coração, pois, tinha pressa, queria olhar de perto, ver as meninas quando as luzes do teatro clareasse nossas caras.

Desse modo, como as coisas mais lindas, as coisas que eu vivi, e viverei, “entre as coisas bem-vindas que já recebi/eu reconheci minhas cores nela, então eu me vi”

Vidas que não se acabam, caetanos sem fim e nos é dado a medida exata  dos deuses. Fiquei mais feliz com  as meninas ali a festejar algo tão bonito, Caetano Veloso na estreia de “Meu Coco” em BH.

Talvez o fim do mundo seja assim, cheio de meninas para o aquecimento, antes da explosão. Talvez não – este mundo que  está aí ainda me parece demasiado doce, “teu sol-mel dulcíssimo, flor em carne-espírito” e  dulcíssimas meninas de  BH.

Se o sangue circula fino no trânsito-alimentar-e-lubrificar  minhas artérias, é lá dentro do homem que mora a mulher e não se cala mais isso.

Kapetadas

1 Até pra se sentir vazio, é preciso ter conteúdo.

2 – O interesse exacerbado pelo outro esconde apenas uma coisa: o medo de nós mesmos. Beijo de amor.

3 – Som na caixa” “Rio/Tempo de estio/Eu quero Suas meninas”, CV


* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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