Jonathan Lee Riches é um americano excêntrico, preso por conspiração e fraude. Mesmo assim, não parou de aprontar. Considerado como a  pessoa que possui mais ações ajuizadas em todo o mundo, registrando a cifra de 4.000 processos aforados.

Sua sagacidade foi grande.  Processou, inclusive, a própria mãe, alegando que ela não o criou devidamente, recebendo uma indenização de U$ 20.000.

Riches processou Zeus, inclusive seus amigos, professores, vizinhos, parentes, noiva, policiais, juízes, o ex-presidente George Bush, Platão, Nostradamus, o time de futebol americano New England Patriots, Britney Spears, monges budistas, Lincoln Memorial, Torre Eiffel, o Império Romano, Steven Jobs, Papa Bento XVI, dentre tantos outros.

Embora tenha entrado no Guinness World Records, livro de records mundial, como recordista de ações em todo mundo, posteriormente, ele processou o próprio Guinness,  por publicar detalhes sobre sua vida pessoal sem sua permissão.

Por meio dos seus inúmeros processos, ele conseguiu amealhar cerca de US$ 850.000 em indenizações Apesar do sucesso judicial, ele apareceu em um talk show de TV, expressando tristeza e solidão, incomodado por que ninguém gostava dele, apesar de sua fama. Os apresentadores que não conseguiram conter a risada, prontamente foram processados junto com o canal de TV, ganhando ele a bagatela de US$ 50.000.

A história de Riches é um exemplo das peculiaridades da diversidade do sistema jurídico americano e de até onde alguns indivíduos chegam para buscar atenção e compensação.

Diferentemente de Josef K, que submetido ao processo de Kafka, não conseguiu saber o por quê, como, onde estava sendo processado, muito menos por qual acusação, que lhe foi imputada, nunca conseguindo chegar à verdade de sua acusação, nem muito menos um juiz que pudesse realmente esclarecer o seu caso, morreu sem ter conhecido o crime pelo qual foi condenado.

O paradoxo é que enquanto Riches viveu o esplendor do acesso à justiça, em demasiado, sendo-lhe garantido toda a primazia do devido processo legal, mesmo diante da ridicularização dos seus casos, pela permissão do Sistema Americano, diante de uma litigância vexatória.

Josef K embora formalmente dentro do processo, deparou-se com a negação total ao acesso à justiça, ao contraditório, à ampla defesa, e a todas as garantias constitucionais cabíveis, mergulhando num total quadro de injustiça.

Hoje temos na sociedade brasileira um quadro viral de Riches, que através das demandas repetitivas, abarrotam e sobrecarregam juízes com lides temerárias, que custam ao Judiciário,  tempo, desperdício de mão de obra especializada, lentidão na prestação de um serviço de excelência, retardando a esperada razoável duração do processo, para aqueles que esperam verdadeiramente por uma resposta eficaz, que venha a trazer a paz social e pacificação dos conflitos.

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