João Pessoa, 19 de junho de 2025 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
A verdadeira força não está apenas em vencer, mas em continuar tentando quando tudo parece perdido. Perseverança não é teimosia cega, nem obstinação sem direção. É a escolha de seguir, mesmo ferido, mesmo cansado, mesmo quando o caminho não parece promissor. É por isso que, em tempos de incerteza, continuar é um gesto revolucionário. Um povo que dança mesmo sob a chuva, como os pueblos do sudoeste dos Estados Unidos, ensina com o corpo o que muitos só aprendem com o tempo. A esperança vive na insistência.
As danças cerimoniais dos pueblos persistem há séculos, mesmo diante de guerras, colonização, perseguição religiosa e escassez de chuva. Elas não são apenas rituais, são declarações silenciosas de sobrevivência. A força dessas comunidades não vem de grandes conquistas, mas da repetição humilde de pequenos atos. Continuar dançando quando os turistas vão embora e o tempo fecha é mais do que tradição. É fé em movimento.
Perseverar é fazer da esperança um verbo. É quando decidimos agir mesmo sem garantias, como disse David Orr. É seguir, mesmo que os passos sejam curtos ou incertos. Nelson Mandela falou sobre isso ao lembrar que, mesmo nos dias mais sombrios da prisão, não podia se render ao desespero. Ele sabia que o desespero não leva a lugar algum. Levantar-se, mesmo que apenas um pouco, é resistir à derrota.
A perseverança é mais do que repetição. É adaptação. Persistir numa estratégia que não funciona é insistência, não sabedoria. A diferença entre repetir e perseverar está na capacidade de mudar o caminho sem perder o destino. Barack Obama dizia que a melhor forma de não se sentir sem esperança é fazer algo. O simples ato de tentar já é, por si só, uma forma de dizer que ainda é possível.
Engana-se quem acha que a esperança vem antes da ação. Muitas vezes, é o contrário. A esperança se reacende quando colocamos o corpo em movimento. Em terapias de saúde mental, por exemplo, sabe-se que pequenas atividades, feitas mesmo sem vontade, podem reativar o desejo de viver. A ação é como a faísca que reacende a brasa apagada da motivação. Fazer algo bom, ainda que pequeno, pode reacender a luz interna.
Na escola, no trabalho, na vida, pessoas esperançosas não desistem no primeiro obstáculo. Elas mudam de rota, ajustam a estratégia, pedem ajuda. E seguem. Isso não significa que elas não sofram ou não se frustrem. Significa que elas aprenderam a valorizar o “ainda não”. Ainda não deu certo. Ainda não consegui. Mas estou tentando. Essa mentalidade muda tudo.
Prometer algo a alguém ou a si mesmo também é uma forma de esperança. É assumir que há futuro. Que vale a pena cumprir. Os votos matrimoniais são um exemplo disso. Mesmo sabendo das dificuldades, os casais prometem permanecer juntos. Essa promessa, quando sincera, é um compromisso com o amanhã. Uma forma de dizer que vão continuar mesmo quando for difícil.
E quando a vida nos testa, como testou Elizabeth I ou J. K. Rowling, é a resiliência que fala mais alto. Ambas enfrentaram tragédias e traumas, mas não permitiram que suas histórias terminassem ali. A perseverança delas se transformou em potência. E isso vale para tantos outros exemplos anônimos, pessoas que se levantam todos os dias, apesar de tudo, porque acreditam que vale a pena continuar.
A perseverança forja o caráter. E o caráter forja a esperança. Essa frase não é só bonita, é prática. Cada pequena vitória sobre o desânimo reforça em nós a crença de que o esforço vale a pena. A cada queda superada, acumulamos provas internas de que somos mais fortes do que pensávamos. E isso nos ajuda a continuar, mesmo quando o mundo parece pesado demais.
Então, se hoje estiver difícil, lembre-se: levantar é um ato de esperança. E cada passo adiante, mesmo que lento, é uma forma de resistência. Às vezes, a vida não pede que você vença, mas que apenas não desista. Porque a vitória, muitas vezes, não está em chegar primeiro, mas em seguir caminhando quando tantos já pararam.
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Corpus Christi - 19/06/2025