João Pessoa, 18 de junho de 2025 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Há vidas que não se contam por anos, mas por capítulos — e a de Regina é dessas. Hoje, ao completar 81 primaveras, ela celebra uma jornada feita de escolhas, afeto e coragem. Sua história começa em João Pessoa, filha de Elza e Serafim, dois baianos que vieram para a Paraíba em busca de trabalho e futuro.
E foi nesse futuro que ela se fez: uma menina curiosa, criada num lar cristão, cercada de amor e valores firmes, cresceu entre irmãos que mais pareciam cúmplices de travessuras e descobertas — Gumercindo, Célia e Serafim. Foi em Guarabira, entre os corredores de um colégio de freiras, que Regina começou a desenhar as linhas do que viria a ser sua vida: disciplina, fé e um olhar sempre curioso para o mundo. Mais tarde, no colégio das Lourdinas, de volta a João Pessoa, aprendeu o valor de uma amizade verdadeira — dessas que resistem ao tempo, ao vento e à pressa dos dias. Amigas de mais de 65 anos: quem pode dizer isso senão quem tem a alma feita de ternura e lealdade?
Na juventude, o destino caprichou: pôs em seu caminho Itapuan Botto Targino, um nome bonito para um amor bonito. Com ele construiu não apenas uma família, mas um lar — um lugar onde cabiam os três filhos que viriam depois: Marielza, Estevam e Itapuan Filho. Regina foi esposa, mãe, amiga, confidente e porto seguro. Sempre foi tudo isso ao mesmo tempo, sem nunca deixar que uma tarefa diminuísse a importância da outra.
Formou-se em enfermagem. Não satisfeita, foi mais longe: mestrado, doutorado e a sala de aula, onde se transformou em guia e farol para gerações de estudantes da Universidade Federal da Paraíba. Educadora não só por profissão, mas por vocação — educar, para ela, era cuidar, era formar, era preparar as mãos e as almas para a vida que corria lá fora.
E enquanto ensinava nas salas, ensinava também em casa. Exigente consigo mesma, nunca deixou de cuidar da saúde, do corpo e da mente. Gostava de dizer que a disciplina era uma forma de amor próprio — e como tinha razão. Com o passar dos anos, vieram os netos: Antonio Carlos, Gabriel José, Lara, Gabriele, Letícia e Luca. Cada um recebeu dela um pedaço da sua doçura, um traço de sua força, uma herança de sua história. E agora, Regina renasce em outra Regina, sua bisneta, que carrega não só o nome, mas o legado da matriarca que abriu caminho para todos.
Aposentada? Só no papel. Na vida real, Regina segue cronista. As palavras sempre foram suas aliadas. Talvez porque quem vive tanto e tão bonito não pode guardar tudo só para si — precisa escrever, contar, compartilhar. Suas crônicas são retratos delicados do cotidiano, pedaços da alma que ela espalha por aí como quem planta flores num jardim já florido.
Hoje, aos 81 anos, Regina não comemora apenas um número. Comemora um caminho, uma travessia bonita, feita de amor, trabalho, fé e generosidade. O tempo passou, é verdade, mas quem olha para ela percebe: há vidas que não envelhecem. Apenas florescem, uma primavera depois da outra.
Parabéns, Voinha. Sua história é crônica viva, e o melhor capítulo ainda está sendo escrito.
Um beijo, do seu Neguinho, Gabriel. ❤️
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PÓS GUERRA - 18/06/2025