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Bacharel, Especialista e Mestre em Administração (UFPB/UNP). Mestre Internacional em Comportamento Organizacional e Recursos Humanos (ISMT – Coimbra/Portugal). Especialista em Neurociências e Comportamento (PUC-RS) e em Inovação no Ensino Superior (UNIESP). Membro Imortal da Academia Paraibana de Ciência da Administração (Cadeira 28). Professor universitário (UNIESP), consultor empresarial, palestrante e escritor best-seller da Amazon. E-mail: [email protected]

Produtividade Com Sentido  

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publicado em 06/05/2025 ás 07h25

No mundo do trabalho de hoje, ser apenas produtivo já não é suficiente. A pergunta que cada vez mais precisa ser feita é: “Produtivo para quem e a que custo?” Muitas empresas ainda seguem em busca de resultados rápidos, mas começam a perceber que o verdadeiro sucesso só acontece quando há cuidado com as pessoas.

Para entender melhor esse cenário, conversei com Aysson Onofre, especialista em gestão de equipes e negócios. Ele defende uma visão mais humana, prática e estratégica sobre como alcançar bons resultados sem sacrificar o bem-estar dos trabalhadores.

Logo no início da conversa, Aysson aponta um erro comum nas empresas: usar a ideia de “avaliar o desempenho” apenas como forma de controlar os funcionários. “Muita gente acha que performance é só cobrar. Mas, na verdade, é um processo para ajudar as pessoas a crescerem. Quando os critérios são confusos e tudo é imposto de cima para baixo, as pessoas se sentem desmotivadas e desconfiadas”, explica. Para ele, é essencial que líderes e suas equipes construam juntos os objetivos e criem formas de trabalhar que incentivem a evolução, e não apenas a cobrança.

Essa ideia fica ainda mais importante quando falamos de produtividade. Aysson destaca que uma boa produtividade é aquela que anda junto com o bem-estar. “Não adianta só medir o quanto foi entregue. É preciso olhar se a pessoa está bem, se se sente equilibrada. Quem está bem trabalha melhor, com mais qualidade. Por isso, é necessário misturar metas claras com formas de avaliar como a pessoa está se sentindo no ambiente de trabalho”, reforça.

No centro de tudo isso está a figura do líder. Mas não qualquer tipo de liderança. Aysson acredita que o bom líder é aquele que inspira, escuta e dá suporte e não o que vigia e impõe medo. “A atitude inspira, mas o exemplo arrasta”, diz ele. “Não adianta exigir resultados se o líder não está presente, se não reconhece os esforços da equipe. Liderança de verdade é aquela que gera confiança e estimula o crescimento.”

Outro ponto essencial é o sentido das metas. Elas não podem ser apenas números frios, desconectados da realidade das pessoas. “As metas precisam contar uma história. Quando o trabalhador entende que seu esforço está ligado a algo maior, ele se sente parte de uma missão. E, sempre que possível, o time deve ajudar a definir essas metas. Isso muda tudo”, afirma.

Uma ferramenta importante nesse processo é o feedback, aquele retorno que o líder dá ao colaborador. Mas Aysson ressalta que o feedback precisa ser feito com respeito e intenção de ajudar. “Não pode ser uma bronca. Tem que ser uma bússola, algo que mostre o caminho para o crescimento. Com escuta verdadeira, reconhecimento sincero e sugestões claras de melhoria.”

Com a chegada do trabalho híbrido e da inteligência artificial, surgem novos desafios. Segundo Aysson, o Brasil ainda caminha devagar na adaptação tecnológica, e muitos modelos antigos de avaliação já não funcionam. “Avaliar só uma vez por ano não dá mais certo. Precisamos de conversas mais frequentes, metas ajustáveis e critérios que valorizem não só a entrega, mas também a colaboração e a capacidade de se adaptar. A tecnologia ajuda com os dados, mas o lado humano continua sendo insubstituível”, conclui.

A entrevista com Aysson Onofre nos convida a repensar o jeito como medimos resultados no trabalho. No final das contas, não é só o que se entrega que importa, mas como se chega lá, com relações mais saudáveis, equipes mais engajadas e um propósito que faça sentido para todos.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB