João Pessoa, 07 de março de 2025 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Provisoriamente não falaremos da esperança, que se esconde nas margens do que poderia ser.
Falaremos do medo, que nos asombra, nos acorrenta, que transforma sorrisos em máscaras de incerteza,
não falaremos da indiferença, pois essa é uma ilusão, existe apenas o medo, nosso eterno companheiro. Feito um cachorro que nos ama.
O medo que se esconde nas esquinas das cidades, no medo que habita nossos lares, o medo que se manifesta nos olhares desconfiados,
o medo das escolhas que fazemos, das decisões não tomadas.
Cantaremos o medo no escuro, nos dias nublados, o medo das palavras não ditas e dos silêncios ensurdecedores.
O medo do goleiro na hora do gol.
Cantaremos o medo dos sonhos desfeitos, o medo dos amores não correspondidos e das amizades perdidas.
O medo dos que governam e dos que obedecem, o medo do futuro incerto e do ontem que nos persegue.
Cantaremos o medo de sermos esquecidos, o medo da solidão que nos abraça na calada da noite.
E assim seguiremos, com corações pulsando em descompasso, em desalinho, morrendo um pouco a cada dia sob o peso do temor.
Sobre nossas vidas se erguerão flores pálidas e tímidas, marcadas pela fragilidade de nossa existência.
Mas talvez um dia possamos cantar algo além do medo, quem sabe um hino à coragem que brota nas intersecções da vida? Ou na imitação da vida?
Por agora, deixemos que o medo nos acompanhe, pois ele é o eco de nossa humanidade em busca de sentido. É faz sentido
* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB
DIRETO DE BRASÍLIA - 10/06/2025