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Jornalista, cronista, diácono na Arquidiocese da Paraíba, integra o IHGP, a Academia Cabedelense de Letras e Artes Litorânea, API e União Brasileira de Escritores-Paraíba, tem vários publicados.

Augusto, o poeta amado

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publicado em 24/04/2024 às 07h00
atualizado em 23/04/2024 às 13h29

Este ano enseja oportunidade para a Paraíba reverenciar o poeta Augusto dos Anjos pelos 140 anos do seu nascimento. É hora de voltar ainda mais nossos corações para este poeta que trouxe visibilidade para a Poesia da Paraíba.

Sempre oportuno lembrar da necessidade de prestar uma grande homenagem a este poeta, na dimensão de sua criação poética, talvez com a construção de uma estátua que seja a maior da cidade, em lugar de destaque, para de longe se observar e reverenciar.

Não basta se dizer admiradores deste imenso poeta, mas é necessário aprofundar as homenagens e os gestos concretos que possam perpetuar sua Poesia e sua imagem para as futuras gerações.

Augusto é Poeta revelado no século passado. Sua poesia constrói um panorama para o futuro, pois a cada leitura de sua obra, os poemas revelam caminhos para diferentes interpretações.

Neste breve texto trago uma nota de suma importância para estudiosos que esmiúçam sua vida, encontrada na edição de nº 1.766, de O Norte, domingo, de 12 de julho de 1914, sobre a nomeação dele pelo governo do estado e a posse como diretor do Grupo Escolar Ribeiro Junqueira, na cidade de Leopoldina, Minas Gerais.

Primeiro a posse foi noticiada em jornal local “Novo Movimento”, que ressalta desconhecer o poeta e professor Augusto dos Anjos: “Não conhecemos o nomeado e, por isso, nada podemos dizer sobre a sua competência, honestidade e critério”.

Não afianço se as notas dos jornais motivaram comentário por parte dos estudiosos de sua obra ou constam em biografias, como a escrita por Raimundo Magalhães Junior, a mais completa. Ou Ferreira Gullar com seu estudo crítico constante na edição de toda a sua obra de Augusto, editado pela José Olympio. De qualquer forma, são valiosas como contributo para nos aproximar de Augusto dos Anjos.

A notícia de O Norte começa dizendo que “foi solenemente empossado”, em solenidade onde estavam professoras e servidores, tendo Augusto chegado minutos depois destes. Ele estava acompanhado de autoridades municipais, do inspetor da escola, militares, juiz municipal e jornalistas.

O inspetor da escola, Aristides Sica, afirma o jornal paraibano, “pondo em destaque a ação brilhante do Grupo escolar no meio leopoldinense, como poderoso veículo de instrução, especialmente no seio das classes pobres, deu posse ao novo diretor, depois do compromisso legal e de desvanecedoras referências à pessoa de dr. Augusto dos Anjos”.

Comenta o jornal conterrâneo que Augusto dos Anjos, na ocasião, em curtas, mas incisivas frases, “afirmou que procuraria por todos os modos corresponder à confiança que em si fora depositada, conduzindo aquele estabelecimento de instrução de modo a que os seus alevantados fins fossem completamente preenchidos”.

“Terminou sua fala, dizendo constar, para o desempenho de sua missão, com o concurso do corpo de inteligentes e dedicados professores do Grupo”.

Em seguida, continua a nota de O Norte, foi Dr. Augusto abraçado por todos os presentes.

“Após esse ato o Dr. Rômulo Pacheco, em regozijo pela posse do novo Diretor, seu concunhado, convidou a todos os presentes a irem a sua residência, onde ofereceu a todos um copo de cerveja”.

Era um tempo em que a posse de diretor de escola terminava com festa e regozijo.

Conforme a notícia, no mesmo dia da investidura no cargo, Augusto dos Anjos tomou algumas providências, inclusive a da abertura diária da Secretaria do Grupo Escolar e abriu matrículas suplementares, apesar das férias que foram concedidas pelo governo até o final daquele mês aos servidores da escola.

“Ontem o Diretor fez as suas comunicações de posse as principais autoridades da Comarca e ao Secretário do Interior”.

Antes da nomeação, relata O Norte, citando nota do jornal “O Paiz”, do Rio de Janeiro, afirmando que Augusto tinha sido professor na então capital federal, no Ginásio Nacional e na Escola Normal, tendo assumido a mesma função, antes, no Lyceu da capital do Estado da Parahyba do Norte, “e sabemos ser um rapaz de grande cultura e de alto valor intelectual, tendo dado já a publicidade de trabalhos que o sagram como homem de letras de muito merecimento”.

O jornal paraibano rebate as insinuações da folha de Leopoldina, que duvidava da honestidade e do critério de administrar de Augusto, dizendo que a aquisição para diretoria do grupo escolar da cidade mineira, “deve ser motivo de ufania para esse estabelecimento de instrução”.

Temos conhecimento, a partir de notícia anteriormente publicada em O Norte, que sua passagem pela Escola Normal do Rio, “onde foi professor extraordinário”, deixou essa função por terem sido suprimido esse cargo, em virtude de reforma escolar.

“Na Escola Normal do Rio recomendou-se muito pela sua inteligência e ilustração, sendo alvo de elogios dos mais respeitáveis professores do conhecido Instituto, inclusive do seu atual diretor, o talentoso professor José Veríssimo”.

No Rio, Augusto se destacou como professor suplementar, pois lecionou na cadeira de Geografia no Ginásio Nacional e foi professor em outros colégios da Capital Federal, como o Instituto Poliglótico.

Completo este texto transcrevendo pedaço da matéria de O Norte: “Além de ter sólidos conhecimentos sobre diversas matérias, é poeta apreciado nas melhores rodas literárias do meio carioca”.

E prossegue jornal da Paraíba: “Publicou já um livro de versos a que deu o nome de “Eu” e que foi acolhido no meio em que o lançou à publicidade – o Rio de Janeiro – com os mais desvanecedores elogios”.

Augusto vive na sua poesia, como definiu o crítico literário e poeta Hildeberto Barbosa Filho. Augusto é um poeta amado.


* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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