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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

A vidente de Whitman

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publicado em 02/01/2024 às 07h00
atualizado em 02/01/2024 às 05h50

Encontrei com Walt Whitman vestido com a tanga de crochê do Gabeira, na madrugada do dia primeiro, caminhando na areia da praia do Bessa. Ele estava acompanhado de sua vidente, dizendo que as colmeias da abelha humana vão de mal a pior.

E os objetos do mundo vão permanecer no estudo da arte, do prazer e sentido?  Silencio!

A vidente recitava alto mais alto que as ondas, o poema Ídolos de Whitman e eu dizia sim, mas ele não ouvia, que  agora somos todos inteligentinhos artificiais. Lá do mar eu vi sair o velho Belchior abraçado com Iemanjá, repetindo que o ano passado ele morreu, mas esse ano não morre, porque ele não é Lázaro.

Sem sacar a onda mais surfada da madrugada, esperei um pouco para rezar uma Salve Rainha para Santa Constantina, não, Santa Palestina, não, a  Santa que chorou sangue de Junior Barreto, e eu já estava no final dos gozos do feliz ano velho. E esse 2024 que não acaba, hein?

Segui a vidente até o Caribessa e vi o artista Clovis Junior com suas sereias primitivas adicionadas ao seu celular e o velho, o velho ímpeto que eu era, não era mais, com meus temas desvanecidos. Ou foi segredo só para mudar de assunto. Tamojunto, doutor!

De Cajazeiras a Cabedelo eu cheguei primeiro e ouvi o grito de Wanderley, não o Cardoso e a vidente de Whitman me apresentou na saída do banheiro químico, uma química e “uma cornucópia de mulheres, todas mucosas pra mim”  Sua benção, Padre Rolim!

Sonhei com Lucena, não o tenente, pai de Palmari, mas “amor empresta a praia deserta, zumbe na orelha, concha do mar”  e eu emocionado de estar ali no Santuário de Nossa Senhora da Guia, cujo registro vem do ano de 1591, na mesma colina onde os carmelitas fundaram a primitiva capela, destinada  servir de base para a guerra contra os que não queriam a catequização dos índios. Nessa hora, lembrei da índia Gal de costas com os cabelos nos ombros caídos e ali mesmo, lhe pedi em casamento.

Não adianta nem tentar me esquecer, que eu não sei escrever certinho, nem no ápice, dessa fusão delirante que certamente incitará tudo de novo e eu não tenho o que dizer ao que somos, se fomos, os que vivemos como nossos avôs.

É a vida. Sai pelos arrecifes de mãos dadas com o vidente de Walt Whitman, pedindo piedade senhora e se piedade sobrar, tem piedade d´eu

Já estava em casa na cama de Prometeu e veio o mantra: obrigado pelo contato. Em que posso ajudar?

Kapetadas

1 – Fui deixar a vida me levar, mas o motorista foi pego na lei seca.

2 – No fim, todo mundo acha que é todo mundo. Ainda bem que as mães falam a real.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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