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ESPAÇO K

Entrevista: jornalista Walquiria Maria, as várias faces de uma mulher numa só

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publicado em 27/11/2023 às 09h07
atualizado em 27/11/2023 às 07h09

 Kubitschek Pinheiro

 Desde bem jovem, ela é uma mulher que acende por onde passa.  Não viaja nos barcos da imaginação. É uma jornalista profissional, com bacharelado em Comunicação pela UFPB e se destaca em nosso Estado, qual seria em qualquer metrópole. Talento sobra.

Walquiria tem o Maria como reforço, mulher que vai à luta todos os dias, porque sabe como poucas, que estamos aqui para lutar pela sobrevivência. Todos nós.

Ela não se dá por vencida, não se rende ao facilitismo, está sempre começando, mergulhada em projetos ousados. Não é à toa que hoje é a gerente de Comunicação do Tribunal de Justiça da Paraíba, um trabalho iniciado na gestão anterior, do desembargador Saulo Benevides. O atual presidente, desembargador João Benedito a manteve no cargo  atribuindo a ela a sequência da missão, a confiança e o profissionalismo que ela passa e aplica no dia a dia ao comandar uma equipe grande de jornalistas, na produção de textos, vídeos e coberturas no portal do TJPB, replicadas nos portais da cidade e o trabalho intenso nas redes sociais.

Figura de boa conversa e convivência, Walquiria não alisa, cobra na hora que é para acontecer,  quando necessita, mantém a ordem das necessidades imperativas do seu trabalho.

Em conversa com o Espaço K do MaisPB, uma longa conversa, Walquiria Maria abre o jogo sobre quase tudo – do câncer as redações e assessorias por onde passou, de quando foi assediada, dos filhos e netos e muito mais, leiam aprendam com ela.

 Espaço K – João Pessoa é uma cidade que abriga gente de toda a Paraíba. Você é pessoense ou veio do Sertão como eu?

Walquiria Maria – Não tenho registro de nascimento nem título conferido pela Câmara Municipal de João Pessoa, mas me sinto cidadã pessoense de coração. Cheguei aqui aos 10 anos de idade e não tenho referências de outra cidade. Nasci em Araruna porque minha mãe morava em Cacimba de Dentro, mas lá não tinha maternidade. Com dois anos ela deixou meu pai e foi morar em Sertãozinho na casa de um irmão. Aos cinco, ela foi pra Mulungu onde moramos até vir pra Capital. Então não criei raízes por onde passei. Para mim, João Pessoa é a minha cidade.

Espaço K  – Não é fácil ser jornalista ou é fácil até demais, basta abrir a boca e dizer que é.- isso acontecia muito antes das redes sociais, quando surgiam os  “bolhas” nas redações e agora, todo mundo casa e batiza em seu perfil. Você é um exemplo de profissional dedicada, talentosa. Tem que ser, né?

Walquiria Maria – Hoje qualquer pessoa cria um blog, um canal, um perfil, e “acha” que é jornalista. Copiam notícias de canais oficiais, que fazem jornalismo profissionalmente, não dão sequer o crédito e segue o jogo. Não estou dizendo que todos que têm blogs fazem isto, claro que existe os que fazem um trabalho sério, mas é um espaço que abriga de tudo, e nem todo leitor sabe identificar o que é informação de qualidade ou apenas fake news.

Espaço K – Quando você começou a trabalhar na imprensa tinha poucas mulheres?
Walquiria Maria – Não. Já havia grandes profissionais como Lena Guimarães, Gisa Veiga, Naná Garcez, Ruth Avelino, Nelma Figueiredo, Maria Helena Rangel e outras a quem peço perdão pela omissão, mas não dá pra citar todas.

Espaço K  – Na verdade, quando Walquiria decidiu que queria ser jornalista, meteu a cara, estudou e se consagrou?

Walquiria Maria  – Não foi fácil assim. Na adolescência já sonhava em ser jornalista, mas quando chegou a hora do vestibular fui desestimulada pelo meu marido, que era jornalista e não queria que eu fosse. Então fiz para bacharelado em Física, mas abandonei o curso ainda no início. Depois fiz outro vestibular e menti. Disse que era para Direito. Quando o resultado saiu pegamos uma briga fenomenal por causa da minha mentira e logo depois me separei, não só por isso, claro. Fiz o curso estudando pela manhã, trabalhando à tarde e cuidando da casa e dos filhos à noite. Era um sacrifício tão grande que eu não me permitia ser uma aluna qualquer. Tinha que ser a melhor ou estar entre os melhores. Enfim, concluí com o maior CRE da turma, que era toda de jovens, solteiros e com uma estrutura familiar dando suporte.

Espaço K – Vamos fazer uma síntese – primeiro trabalho em redação, por onde passou?

Walquiria Maria – A primeira redação foi a do jornal A União, em 1993. Mas o primeiro trabalho foi numa agência de assessoria de imprensa e publicidade dos mestres Fernando Moura e Alarico Correia. Eu era servidora pública e trabalhava em uma escola estadual. Quando Fernando soube disse: seu lugar é n’A União, e me orientou a procurar Jacinto Barbosa, que era o editor. Consegui ser relotada para a Casa Civil e fiquei à disposição do jornal. Daí em diante as oportunidades foram surgindo e eu fui editora setorial no jornal O Norte, editora da Revista A Semana, editora-executiva no Jornal da Paraíba, Chefe de Reportagem e Editora de Cidades no jornal Correio da Paraíba, voltei pro Jornal da Paraíba como editora de política e, recentemente, fui editora do programa Fala Paraíba, da Rádio Tabajara, onde também passei um período apresentando o Jornal Estadual.

Espaço K – Você também já trabalhou muito como assessora de imprensa não é?
Walquiria Maria  – Sim. Fui assessora do Conselho Regional de Medicina, da Secretaria de Saúde do Município, Secom da Prefeitura de João Pessoa, Secom do Governo do Estado, Manaíra Shopping, PSDB da Paraíba, Câmara dos Deputados, Tribunal Regional Eleitoral e agora Tribunal de Justiça. Também passei pela Mix Comunicação, onde era redatora de algumas assessorias.

Espaço K  – Trabalhamos juntos em lugares diferentes – na assessoria da prefeitura – gestão de Cícero Lucena, no Jornal Correio e agora no TJPB, onde você vem fazendo um trabalho ímpar, e bem sei que não fecharemos esse ciclo tão cedo, haveremos de ir bem mais, né?

Walquiria Maria – Torço pela longevidade, porém, não pretendo trabalhar em outro lugar. Quando deixar o TJ vou me aposentar definitivamente. Adoro o que faço, mas já trabalho há 37 anos, então, se não for pra sair de casa pra me sentir plenamente realizada como me sinto no Tribunal, não quero mais.  E a realização profissional passa por vários fatores. Não basta fazer o que gosta, é preciso ter reconhecimento, o que envolve respeito, valorização, empatia e, óbvio, remuneração adequada. Hoje eu vivo meu melhor momento profissional e não há melhor forma de encerrar uma carreira. Não precisa ser agora. Acredito que ainda tenho muito para fazer. Tenho projetos para implantar, outros para avançar, mas a hora que acontecer vou estar preparada e encerrarei feliz.

Espaço K  – Você é conhecida como uma pessoa que não alisa – e não existe chefe bom porque senão a coisa desanda. Podemos falar sobre isso?

Walquiria Maria – Quem não é bom, é ruim. É isso que você está dizendo que sou? (risos) Brincadeira à parte, vamos colocar as coisas de outra forma. Primeiro, não sou chefe, sou uma líder. E para liderar é preciso orientar, compartilhar, ter empatia, mas também cobrar, principalmente, quando um membro da equipe não cumpre o mínimo daquilo que é sua obrigação. Quem assume o posto de liderança tem responsabilidade dupla: com a equipe e com quem lhe confiou o cargo de líder. A primeira coisa que precisa entender é que não está ali para ser “bonzinho”, mas para cumprir uma missão. Um bom líder não “alisa”, ele compreende as adversidades dos membros de sua equipe, ajuda a crescer profissionalmente, dá oportunidade a quem mostra que tem potencial, mas cobra resultados. Eu construí minha carreira com compromisso e dedicação. Não posso exigir que ninguém seja igual a mim. Mas não abro mão que façam ao menos o que é a obrigação de cada um. Quem não quer, não fica. De vez em quando alguém me fala que tenho essa fama de durona. Quer saber? Não dou a mínima!

Espaço K  – Vamos abrir o jogo? Você teve câncer,  é dura na queda – fala aí para os leitores dos baques e vitórias?

Walquiria Maria – Tive e tenho. O câncer nunca vai embora, apenas se esconde por um, dez ou vinte anos, mas um dia sempre reaparece. Já existe uma linha médica que não fala mais em cura, e sim que a doença está em remissão. É quando os sintomas desaparecem. Em 2017 descobri um nódulo na mama. Não me desesperei. Apenas aceitei. Minha médica perguntou ao meu filho se eu tinha entendido o diagnóstico porque nunca viu ninguém reagir como eu reagi. Fiz seis meses de quimioterapia, duas cirurgias, três meses de radioterapia e fisioterapia por um longo período para recuperar os movimentos do braço porque foi preciso fazer esvaziamento axilar. Além de fazer a mastectomia a médica encontrou 22 linfonodos malignos na axila, mais dois próximos a clavícula e dois mais acima. Sempre fiz os exames de rotina, mas tudo isso apareceu em seis meses, segundo a mastologista. O ano passado senti um nódulo no pescoço e descobri que estava com metástase no sistema linfático. Desde então estou em tratamento. Dessa vez, mais leve. Tomo uma medicação diária e duas injeções a cada 28 dias.

Espaço K – É uma guerra, essa doença, né?

Walquiria Maria. É uma guerra. Ele vence uma batalha, eu venço outra, mas não me entrego. Não dou moleza pra ele. Na maioria do tempo não lembro que ele existe porque não sinto nada. Trabalho normalmente, viajo, me divirto. Sei que ele pode me vencer, mas até lá vou dar muito trabalho. Vou viver cada momento ignorando sua presença. Não quero dizer com isso que é fácil enfrentar o câncer. Muito pelo contrário. A quimioterapia destrói a dignidade humana. Tomei 4 da série vermelha e 12 da série branca. A vermelha, você vai tomar andando e sai um fiapo de gente. Fiquei tão debilitada que tomava banho sentada. Vestir a roupa era um esforço tão grande que fazia por etapas, parando para descansar. Mas quando melhorava ia ao shopping de cadeira de rodas. É sobre isso que falo. Não se entregar.

Espaço K – Você passa uma segurança diante de qualquer coisa. Isso é coisa de mulher, né?


Walquiria Maria – Não existe coisa de mulher. Isso é coisa de quem é forjado nas dificuldades da vida. De quem teve que lidar com as piores adversidades desde a infância. Você cria uma casca dura. Nunca tive a quem recorrer. Sempre enfrentei meus problemas, que não foram poucos, sozinha. Então chega um tempo em que nada mais assusta. Caí e levantei muitas vezes, mas não sou de ficar lamentando. Costumo dizer que quando caio levanto rápido pra não dar tempo de ninguém me pisar. E sigo em frente. Claro que não é impune. Sigo com meus traumas, minhas feridas e minhas dores, mas quem precisa saber? Faço deles a mola que me impulsiona e me deixa cada vez mais forte, sabendo quem sou e o que quero da vida. É o autoconhecimento que me dá uma segurança que muitos não entendem de onde vem, porque não conhecem minha história.

Espaço K  – Como é a Walquiria avó?


Walquiria Maria – É o melhor de mim. A eles eu dou o amor, a dedicação, a compreensão, a paciência que não pude dar aos meus filhos, porque enquanto eles cresciam eu trabalhava dia e noite para garantir que tivessem um lar com um mínimo de conforto, boa alimentação, educação, plano de saúde e algum lazer. Por muitos anos me perguntei se foi a melhor escolha. Se não devia ter trabalhado menos e ficado mais em casa. Isso me fazia sofrer, chorava, sentia culpa por não ter sido mais presente. Hoje não sinto mais. Penso que se tivesse errado eles não teriam se tornado os filhos maravilhosos que são, pessoas honradas, profissionais competentes, pai e mães responsáveis. Talvez para compensar minha falta com eles dedico aos meus netos o que há de melhor em mim.

Espaço K – Uma coisa que fascina no outro, é o habito de leitura, gostar de filmes, shows e está sempre antenada. Não existe um jornalista sem leituras, né Walquiria?


Walquiria Maria – Pode até existir. Mas sem ler nunca será um bom jornalista. Gostaria de ter tido tempo para ler muito mais. Infelizmente não pude, mas enquanto estava doente cheguei a ler três ou quatro livros em um mês. Estou falando de livros com uma média de 400 páginas.  Hoje estou lendo pouco. Saio de casa cedo, chego de noite, cansada, quando começo a ler, durmo. Tem pelo menos seis livros na estante esperando que eu tenha tempo.

Espaço K  – O que você não gosta no ser humano?

Walquiria Maria – Não gosto do que o ser humano está se tornando. Egoísta, fútil e fraco. Vivemos a ditadura da ostentação e da beleza falsificada, numa sociedade em que tudo deve ser liberado, mas com gerações (assim mesmo no plural) que não sabem ouvir um não. Se escutar uma crítica, chora. E se for contrariado, o mundo desaba. É tempo de refletir sobre que sociedade teremos no futuro.

Espaço K –  E hoje, como você enxerga o mercado de trabalho para os novos jornalistas?

Walquiria Maria – Tenho pena de quem inicia a profissão. Não estou renegando. Vivo do jornalismo há 30 anos. Com essa profissão criei quatro filhos e tenho uma vida confortável, mas não foi fácil. Sempre tive dois ou três empregos. Quando tinha só um é porque ocupava um cargo de dedicação exclusiva, com salário compatível. Mas e hoje? Onde esse povo vai trabalhar? Não há mais jornais (exceto A União), as emissoras de TV e Rádio cada vez cortam mais os seus quadros, site, cada jornalista tem um pra chamar de seu.  É lindo dizer que vai fazer o que gosta, mas fazer o que gosta não paga boleto. Eu faço o que gosto, mas estou em fim de carreira, não no começo. Os tempos são outros. O mercado de jornalismo não é mais o mesmo. Lamentavelmente.

Espaço K  –  O coração está aberto para o batidão de um novo amor?

Walquiria Maria – Há sete anos coloquei o meu numa jaula e joguei a chave fora. Decidi que não queria mais nenhum tipo de envolvimento afetivo. Até aqui ele me obedeceu, mas coração é bicho traiçoeiro. Estou sempre em alerta porque a paixão quando aparece vem com sinais luminosos em neon. Então você decide se vai correr o risco ou cair fora, mas o amor chega de mansinho, muitas vezes disfarçado de amizade, aí vai se instalando feito um posseiro (como canta Betânia) e quando você se dá conta já foi. Já está totalmente envolvida. Por isso, não posso dizer que dessa água não beberei. Vai que alguém acha a chave?

 Espaço K – Você é uma mulher bonita, esse tempo todo, trabalhando em tantos lugares, nunca foi assediada? Como reage se isso, que ainda acontece hoje?

Walquiria Maria –  Sofri assédio pesado duas vezes. Uma antes de ser jornalista e outra já na profissão. Mas não sou do tipo que considera toda cantada um assédio. Fui muito cantada sim. Dizia não. Quando o cara insistia, repetia não, e se tentasse me tocar levava uma bofetada. Pronto, acabava aí. Desse tipo de situação sempre me defendi sem alarde. Separando o que é cantada barata, jogo de sedução e conquista. Não coloco tudo na mesma caixinha. Agora, assédio de verdade enfrentei, como muitas mulheres enfrentam. Calada, ou pior, ouvindo que “será que você não deu brecha…”.

Espaço K  -Você revela quem foram os assediadores ?

Walquiria Maria – Os dois já devem estar no “umbral”, mas não vou falar nomes em respeito às famílias. Antes de entrar pro jornalismo  trabalhava  na secretaria de uma escola estadual. Um dia, quando cheguei minha chefe disse que a partir daquela data meu local de trabalho era a diretoria. Ia ficar como secretária do diretor. Questionei. Gostava do que fazia na secretaria. Ela disse que era uma ordem e fui. Não demorou e numa sexta-feira o diretor me chamou para “tomar uma cerveja”. Falei que não bebia. Daí ele disse que podia tomar um guaraná e desabafar, que estava me notando muito triste. Eu tinha acabado de me separar do meu marido. Com 26 anos de idade. Obviamente esse foi o motivo da minha transferência repentina. Retruquei que tinha que ir pra casa cuidar de meus filhos e não cedi à insistência. Quando cheguei para trabalhar na segunda-feira, fui informada que estava de férias. Questionei de novo. Tirava férias no meio do ano coincidindo com as férias das crianças. Não teve jeito. Fui pra casa e um mês depois quando voltei soube que havia sido devolvida à Secretaria de Educação. Nessa época ninguém falava em assédio. Saí desnorteada e a primeira pessoa pra quem contei me perguntou se ele não teve “brecha” pra me convidar pra sair. Isso, é o assédio.

Espaço K  –  Quando isso aconteceu?

Walquiria Maria – Esse caso foi muito pior. Ainda me embrulha o estômago quando lembro. E olha que faz tempo. Era assessora de uma instituição e tive que fugir de todos os tipos de armadilhas que um canalha pode criar para assediar uma mulher. Certa vez ele me chamou num sábado alegando que queria que fizesse uma nota para publicar no jornal. Prevendo o que podia me esperar num prédio absolutamente vazio argumentei que o comercial fechava na sexta, não ia ter espaço. Ele insistiu. Fui, mas levei minha filha mais velha comigo. Ele mudou de cor quando viu que não estava só. Não havia nota nenhuma para fazer. Deu uma desculpa e me dispensou.

Espaço K – Parou por aí

Walquiria Maria  – Foram muitas situações até que um dia durante uma viagem ele bateu à porta do meu quarto. Não abri e me tranquei no banheiro. Ele ligou mil vezes pro meu celular. Não atendi e fiquei lá encolhida até uma colega que dividia o quarto comigo chegar. Detalhe: antes de viajar combinei de dividir o quarto. Chegando lá ele disse que era pra ficar cada um no seu apartamento. Tive que insistir publicamente pra ter companhia. Mas durante um evento a pessoa saiu e quando pedi permissão pra ir também, claro que ele negou. Era a oportunidade de me pegar só. Na volta, disse que tudo ia ser diferente e pouco depois meu contrato terminou e não foi renovado. Alguns colegas sabem desse caso porque cheguei a constituir advogado para processar, mas quem deveria me defender, jantou com o assediador e depois me convenceu que não ganharia a causa. Essa é a vida como ela é. Já dizia Nelson Rodrigues.

Espaço K – Você já sofreu outro tipo de violência contra a mulher?

Walquiria Maria – Todos. De A a Z. Do abuso na infância à tentativa de feminicídio. Mas ainda não é hora de falar sobre isso. São feridas profundas demais, que não devem ser mexidas.  Tento escrever um livro contando tudo, mas cada vez que começo machuca demais. Tenho que parar. Um dia talvez. Por tudo isso, e muito mais que vivi,  acho que eu não sou dura, sou uma sobrevivente. Não sou grossa, como já ouvi também. Sou até suave demais pra quem passou por tudo que passei. Sou o que a vida me fez, amenizada pelo que quero que ela me torne. Teria tudo para ser amarga ou depressiva, mas prefiro sorrir, cantar, dançar e amar. Esta sou eu.

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