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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Paulinho e os sambas d´alma

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publicado em 11/11/2023 às 07h00
atualizado em 10/11/2023 às 20h03

Houve um tempo, ah se houve, em que os sambas eram bem construídos, lindos, primorosos, por compositores como Noel Rosa, Cartola, Elton Medeiros, Zé Keti, Lupicínio Rodrigues e Monarco. Paulinho da Viola está nessa lista.

Além dos clássicos, o artista fez um show impressionante na quinta-feira à noite do Teatro Pedra do Reino.  Na plateia, fãs de todas as idades.

Só podem ser canções d´alma os sambas de amor e dor, as composições que Paulinho cantou no show aqui em João Pessoa, as canções dele e em parceria com os maiores sambistas do Brasil.

Paulinho entrou no palco cantando um samba novo “Ele”, que não foi agravado ainda, tocando numa caixa de fósforo, com todos os palitos que lhe auxiliavam na percussão. Genial.

Uma cena de cinema, uma beleza que já saciava o prazer de estar ali para ouvir o artista, o foda da viola, do cara que nos jogou num rio que não deixa de passar em nossas vidas.

O sambista carioca que faz 81 anos neste domingo, fez do show um roseiral e nos dava ao mesmo tempo, uma aula sobre o samba. Foi demais.

Paulinho no cavaquinho, no violão e uma banda tocando junto, numa noite brasileira.

Paulinho é, em primeiro lugar, o samba que anima um corpo vivo.

Em todos os instantes surpreendentes, numa elegância ímpar, e a plateia atenta. E haja aplausos.

Canções como coisas, amuletos, dores, amores perdidos, nervos de aço, que estão a passar e não são somente poemas. São sambas que permanecem nos sinais abertos ou fechados. “Olá, como vai? Eu vou indo, e você, tudo bem? Tudo bem, eu vou indo correndo pegar meu lugar no futuro, e você? Tudo bem, eu vou indo em busca de um sono tranquilo, quem sabe? Quanto tempo, pois é, quanto tempo”

A voz do morro e a caixa de fósforo. E a seguir, Samba Original, de Zé Keti e Elton Medeiros.

Paulinho canta sozinho e com banda, e o couro come.

Sambas que conhecemos de cor, como Argumento, Sei lá Mangueira, Timoneiro e tantos outros.

Paulo César Batista de Faria, o Paulinho da Viola, cujo talento musical li que veio de família. Seu pai, Paulo César Faria, integrou a primeira formação do conjunto de chorinho “Época de Ouro”.

Paulinho esteve aqui e não sabemos qunado haverá outra vez.

E viva o Paulinho da Viola, e viva o Paulinho da Viola!

Kapetadas

1 – O homem é aquilo que posta.

2 – Viver é um desperdício de tempo. Ir a um show de Paulinho da Viola é um achado.

3 – Som na caixa: “Eu canto com o mundo que roda, eu e o Paulinho da Viola”, Caetano Veloso

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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