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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

como se escrever fosse só sentar aqui e escrever

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publicado em 21/10/2023 às 07h00
atualizado em 21/10/2023 às 04h54

perder objetos, deixar lugares, sair a francesa, tomar guaraná em pó como se fosse pedra preciosa, não funciona.  Eles, os lugares continuam existindo, só que escondidinhos de nós.

podem dizer que não, mas todo mundo é vulnerável, achando que pode ser forte, mas estamos estáticos, por um fio.

velho mundo cheio de guerras e pontas de continente, de desertos de solidão e vastas misérias, margeando mine saias na linha do equador deixando todos ávidos por uma amizade, um afeto, um sexo, um pedaço de pão.

picados e picadas de água-viva e sangue veloz ao pênis, que tanto fala, tanto falo, tanto goza. Água benta pra nos salvar no fim. Dores e latejos que só saram se um amigo chegar, não aquele amigo que faz xixi na sua perna.

Vai, não vai, o que diz: “agora vai”, mas não vai. Na luz do dia, todo dia, essa agonia, que não vai dar em nada.

“Lobão tem razão”, Lobão não tem razão.

o celular toca,  das dunas de Gal, chama, me chama, “me chama depois para dar uma e dar 2” e volta a chamar, parece que do outro lado a pessoa não sabe que estamos  no eixo da engrenagem, pra lá de Bogotá.

uma mulher morre na guerra, olhando pra gente, tentando passar, vai  passando, na cena cruel. São cordões de falsos brilhantes.

esta semana atiraram no mar e mataram uma mulher que veio morar cá, para ter sossego, mas quem atira no mar, é um infeliz. É não. É polícia, milicia, bandido, atirando no cidadão.

que se passa contigo, maricotinha?

se a  rua da sua casa fosse minha e mudasse de mão em mão, ou se você escrevesse hai-kais que só podem ser lidos no escuro, sobre os desenhos do kamasutra, talvez ninguém enlouquecesse assim. Assim, como? Assim, igual pessoas embrenhadas em conversas, passatempos, jogos ou amores agradáveis.

Se você pretende saber realmente quem eu sou, me tira desse festim diabólico.

ou se você tivesse uma ínfima noção do que eu não sou, mas de que vale tudo isso, se você não está aqui?

Kapetadas

1 – Deus é paciência. Exceto no Oriente Médio.

2 – Vivemos uma época em que os alvoreceres se tornaram crepúsculos.

Do Guimarães Rosa

“Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, mm descanso na loucura”

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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