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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Pela metade

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publicado em 17/10/2023 às 07h00
atualizado em 17/10/2023 às 07h12

Os girassóis carbonizados tremem nos quintais, digo, as gardênias vivem num eterno reencontro, seja nos jarros ou nos caixões dos defuntos, quando assuntos são outros, nas guerras por inventários dos otários, que brigam por uma rosa cálida

Os caroços das mangas chupadas longe de um diabo chupando manga e a manga, sequer o colarinho, já podem ficar sujas com a marca do batom, mas os tons justificam os meios e calcificam pesadelos de anos inteiros e vidas alheias não cabem mais na mesa branca. Que delírio!

Bailes perfumados com que os gestos mais ousados, quando se dançava colado e ali mesmo gozados, mas hoje só funciona na base do Tadalafia e não há fio metal que aguente. Ainda tem gente que só usa para continuar descalço.

Esticam as pernas e cruzam na hora do ato contínuo gemido, enquanto paletós e vestidos enlaçados por séculos, morrem  junto dos morangos mofados sem sequer conhecer o poema do vestido de Drummond, quando o melhor é  aprender a desfazer o tempo, com os olhos da cobra verde rodando no gravador do Chico César ou no liquidificador do finado Cazuza. Tanto fezes.

Vista a roupa meu bem, vista a roupa meu bem e  vamos nos separar.

Pedintes perdem  a postura de viver do tanto que à morte escapa, mas perdem de vez toda vez que ao que a tudo resistem como querer, como quis e o mundo surge cada vez desfasado de si e dos outros.

A coisa que acendia cabeças, agora cura doenças, que já curavam e tornam as pessoas boazinhas, presas a si mesmas na corda bamba, mas quando acordam, não se reconhecem no espeço meu.

O movimento doloroso dos braços, dos becos, da água suja, do fosso não consegue se livrar do osso, pelo brilho alucinado das constelações de mentirinha.

Do vazio, de quem não estuda, não lê, não vê a hora do tempo e rezar para São Expedido.

“Pastinha (foto) já foi à África, pra mostrar capoeira do Brasil”

Fodinha já foi para a rádio corredor de São Pedro.

Fizemos pouco, o que o desejo pediu e depois tomou.

Kapetadas

1 – Devíamos ter medo de entrar no mundo, não de sair dele.

2 – Se continuar esse olho por olho, dente por dente, não ficará pedra sobre pedra.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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