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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Rua do Futuro, 453, Graças

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publicado em 19/09/2023 às 07h00
atualizado em 19/09/2023 às 04h50

Saudade do futuro. Saudade do futuro? Existe isso? Existe. Na década de 90 me perdi nas Graças em Recife, e cai nas graças de uma mulata, que me levou para a Rua do Futuro, 453. Quem disse que eu queria mais voltar para o presente?

Boom, a terra prometida não existe. A terra que do mar, se diz  à vista está a se perder de vista. Talvez, a Terra Santa, espirituais, sensoriais, mas um ramo do cristianismo  conservador, diz que nenhum fiel pode ler a Bíblia a olho nu. Desculpem a artimanha.

No livro “Crônicas Exusíacas & Estilhaços Pelintras”  do escritor carioca Luiz Antônio Simas,  a indicação da Casa de Mãe Joana, fica na Rua do Passado,  mas na verdade, estamos sendo esperados no futuro já como “estranhos passados” –  somos todos chineses, a quem será concedido no futuro o direito ao asilo. Como assim?

A saudade do futuro vem da amiga FFreire, então, aproveitando a oportunidade histórica, assim com milhares a se redimir aos olhos do tempo, e refazer cada um sua demografia, tornando-se, de repente todos estão de volta ao futuro. Sacou? Também não.

“Não, não fui eu”, disse ela. “Pra certas coisas o futuro desejado, não tem retorno. Assim é, a verdadeira saudade do futuro”, concluiu FF.

Bem antes de FF falar sobre a dança de salão, de me fazer cantar “Ronda”, ela disse-me assim: “A gente fazia aulas e se encontrava com os colegas nos bares para dançar. Foi um tempo bom”, e se esse tempo bom é o futuro, já não estamos mais aqui. Aliás, eu não posso ficar, eu juro que não.

Para milhares de pessoas jogadas na travessia, os migrantes da ”selva da morte”, refugiados famintos entre a Colômbia e o Panamá, me parece ter virado um negócio lucrativo se aproveitar das tragédias. Já é o futuro? Não, a maioria busca um futuro melhor, mas é ilusório, até porque já não se diz mais que o Brasil é o país do futuro. Nunca foi.

Enquanto isso, indiferentes ao desespero daqueles, a quem finalmente é oferecida a esperança, de um futuro qualquer, propagam-se nas redes sociais e nalgumas postagens idiotas, que até os ditos prosadores acreditam ser uma espécie de redentores do futuro.

No portão da nossa casa, duas moças lindas americanas pedem para entrar e convencer a família que o futuro é dos mórmons – filhos Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Céus!

No futuro, quem mais vai sofrer com o aquecimento global serão as mães. Nunca mais poderão recomendar “Leve um casaquinho, meu filho.”

O futuro já passou, o que explica tantos ultra/passados ao redor, no poder, na baixa da égua.

Kapetadas

1 – A democracia é tão sensacional que muitos políticos e cidadãos a querem só pra si.

2 –  No futuro check-up – será uma série de exames rigorosos que a gente faz, para saber como vai o nosso plano de saúde.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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