João Pessoa, 04 de julho de 2023 | --ºC / --ºC Dólar - Euro

ÚltimaHora
Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

A hipnose coletiva

Comentários: 0
publicado em 04/07/2023 às 07h00
atualizado em 03/07/2023 às 18h43

O cara, sim o cara Giatho Profeta, disse tudo sobre meu signo, mas eu ainda fico com a canção do Caetano, “Da maior importância” – signo nenhum. Giatho foi na batata.

Eu sei que há uma suculenta conversa de temas entre os astros e nós, e nas combinações a esmo e improvisadas sacadas. Qual é o seu signo?

Coisa de louco, diz a voz sem rosto, porque a loucura está na cara.

Coisa de desocupados, diz a voz do vento, eu aumento, mas não invento.

Gozo na mão, dentro, gemendo na gostosa brincadeira do sexo a 2, coisa de menino que faz arte, pândega, diabrura, dita & dura e traquinagens gerais.

Tantas analogias para esse jogo sem regras, sem normas, sem limites da língua e do beijo na boca demorado. Só acho feio a criatura beijando na boca em público, homem e mulher, homem com homem, mas vale tudo, né?

No palácio, na calçada, na praça e no palato piloto, forma-se uma sílaba, o néctar da gargalhada vem e traz outra e a gente bola pelo chão, aquele dizer antigo: “bolando de rir”. Rir é bom demais, né?

O transe anárquico da música antiga, “Canalha, Canalha” aparece de novo e nos coloca entre as duas, uma, nenhuma, para insuflar uma coisa só, seu mané.

Poetas por toda parte, a academia cheira a pum, coisa velha, todos regidos pelos parâmetros raivosos que costumam jogar bosta na parede, bem longe das petecas semânticas.

Aquilo que o “pilatista” Marcos Pires diz e faz antes da maratona, digo Baratona (esquentar músculos e tendões), o poeta Cal Aranha repousa feliz numa hotelaria de Tambauzinho, longe da burocracia de escrever porque já disse tudo e agora é hora do show dos sonolentos.

Eu gosto muito de Chico Viana, inteligente, na dele, não está na Academia e não devia, nem vai, faz muito bem pela via do verbo, o prazeroso a todas as leis da gramática.

Enquanto eu escrevo e não sei escrever, estou sob os ditames dos hecatombes curtições da hipnose coletiva, ou seja, aqueles que pegam na árvore dos dicionários as palavras mais gastas, o escritor regido pelos memorandos e ofícios que treina em sua cozinha joyceana. Será?

É a regra 3, uma pletora de alegria. É uma descompostura, é um escândalo, é uma pantagruélica festa. Céus! Você viu cabeção por aí?

Assanhadas cenas, excitadas garotas, elétricas, as partículas da língua saem do limbo a escrever sem arte e chegam, com alaridos e algazarras, para o festim dissoluto e orgíaco das combinações desregradas. Deus do céu!

A prova das fontes, dos nove primevas das palavras, aquilo que o bebê pronuncia nos primeiros rudimentos do falante aprendizado ou aquilo que o homem velho cria, às escondidas, para não ser chamado de senil e seguir conversando com o cachorro, o gato e o passarinho. Eu.

Kapetadas

1 – Tudo que a noite mais quer é, no dia seguinte, ser chamada de noitada. E das boas.

2 – A ordem dos favores não altera o proveito, então, aproveite.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

Leia Também