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Kubitschek Pinheiro MaisPB
Nacional. Na próxima quinta-feira, (09), o jornalista carioca Célio Albuquerque vem a João Pessoa lançar “1979 – O ano que ressignificou a MPB”, na Livraria União, do Espaço Cultural. Será às 18h. São nada menos que 100 LPs da época que ganharam textos luminosos escritos por artistas e jornalistas, e resgatam a memória de um ano em que a música popular brasileira falou por si só. Um projeto de prosa, análise, reportagem ou entrevista, cada autor dá o seu estilo ao seu capítulo.
Com esse conteúdo organizado pelo jornalista Célio Albuquerque, “1979 – O ano que ressignificou a MPB” é um livro grande, um catatal, que traz para os leitores apaixonados pela MPB, textos primorosos sobre canções de álbuns especiais. Já foi lançado na Livraria da Travessa, no Rio, na Icaraí, Niterói e Pinheiros, São Paulo
Com 100 autores de diversos estados do país, da Paraíba os jornalistas André Cananéa, Jotabê Medeiros e José Teles, o livro percorre outros Brasis.
1979, 43 anos depois, retrata um período na Música Popular Brasileira com letras e canções, em se tratando de produções fonográficas livres das agruras de um AI-5 após uma década de imposição de sombras a intérpretes e compositores do País. Está tudo lá.
A publicação sucede o anterior “1973 – O Ano que Reinventou a MPB”, também organizado por Célio. Produzido a partir de um financiamento coletivo.
O autor conversou com o MaisPB e traz mais novidades, curiosidades sobre este livro que tem que ter, não vale apenas.
MaisPB – Como aconteceu essa boa sacada de lançar o livro “1979 – O ano que ressignificou a MPB” em João Pessoa? O livro será lançado em Recife e em Fortaleza?
Célio Albuquerque – O Livro 1979, assim como foi o 1973 o ano que reinventou a MPB, que havíamos lançado em 2013/2014, é uma obra coletiva, e todos merecemos celebrar. Como eu tinha um compromisso pessoal em Fortaleza por esses dias, conversei com os autores envolvidos nos três estados, e resolvemos promover lançamentos nas três praças. Alguns dos autores envolvidos não conheço pessoalmente. Os livros, 1979 e 1973, são obras que reúnem autores de diversos estados não somente do eixo Rio-São Paulo. Assim como na seleção de álbuns, pensamos em ampliar as regionalidades dos autores. O livro é coletivo, o livro não ´do Célio, é organizado por ele, mas não é dele. Uma das riquezas do livro reside aí, na diversidade, assim como na própria música popular produzida no Brasil.
MaisPB – Quando você organizou o primeiro 1973, já tinha em mente que faria o 1979?
Célio Albuquerque – Não. Quando a ideia do 73 surgiu, ela veio de uma provocação do pesquisador Marcelo Fróes, que era editor da Sonora, que lançou o 73. Ele chegou a propor um livro sobre o ano de 1972 e eu retruquei que 1973 tinha outros atrativos pois, além de tudo foi um ano que “não se esperava muito”, afinal de contas, os festivais da canção organizados pelas emissoras de TV estavam fora do ar. E o livro acabou tendo uma resposta bastante interessante do público. No mesmo mote, com a produção executiva de Roberto Faissal Jr e direção de João Faissal, colocamos no ar, em 2018, uma série no Canal Brasil ” 1973 o ano da Reinvenção”, que estamos negociando sua volta à grade. Já o 79 veio naturalmente. Pensamos ao longo dos tempos em vários anos, várias propostas, até que um dia percebi que 1979 era muito forte: ele mostrou para o mercado que discos independentes como o do Boca Livre, poderiam vender bem. Teve também a explosão das mulheres compositoras, com primeiros LPS de um grupo enorme de cantoras autoras como Fátima Gues, Angela Roro, Marina, Joanna… E somado a isso participei de alguns cursos sobre MPB, onde os professores eram Rodrigo Faour, Mauro Ferreira e Leonardo Lichote, todos falando bastante da relevância da mulher compositora. E… ainda tinha a Anistia, os exilados voltando no Aeroporto do Galeão ao som de “O Bêbado e a Equilibrista”, de João Bosco e Aldir Blanc.
MaisPB – Eu gostei muito dos textos, mais de uns e de outros também. O livro é um retrato falado da MPB, nesses dos anos da década de 70. Como você conseguiu juntar útil ao agradável?
Célio Albuquerque – Mesmo aos 12 anos minha idade em 1973, eu já curtia vários álbuns que estão no livro, o mesmo aconteceu com o 1979, já numa época que já tinha muitos shows assistidos no currículos e muitos discos ouvidos. Quando pensei no 1973 a reunião foi mais difícil, tive muitas negativas. Mas, felizmente todas muito educadas. As pessoas gostavam da ideia. Convidei muita gente tarimbada como Tarik de Souza, Ruy Castro , Nelson Motta, Faour e Mauro. E já no 79, com a agenda mais livre consegui que “meus professores de curso” Faour e Mauro topassem. No 73, vários dos autores convidados e que aceitaram foram indicação do Fróes, que editou o jornal Internacional Magazine, que vários loucos por música por lá. Vários acabaram voltando para viajar em 1979.
MaisPB – Três paraibanos estão nos livro, no primeiro e no segundo – André Cananéa, José Teles e Jotabê Medeiros. Vamos falar dessa trinca bacana de nossa Paraíba?
Célio Albuquerque – Cananéa foi um dos autores indicados por Fróes. Nossa sintonia foi imediata. Dos autores paraibanos é o único que conheço pessoalmente, ele participou como entrevistado da série “1973 o ano da Reinvenção” e foi entrevistado ao vivo por mim. No 79 pensei em chamá-lo para falar do paraibano Geraldo Vandré, que não lançou disco inédito em 1979 mas, teve “Caminhando” tocando em todos os cantos, até Simone colocaria em seu show de 79. Eu já conhecia o rico trabalho de José Teles mas, não tinha qualquer ligação com ele. Conversando com Cananéa ele me perguntou se eu havia convidado para o livro. Não. Mas, convidei e ele aceitou de primeira. Pensei em vários artistas pernambucanos que ele escolheria escrever: Gonzagão, Quinteto Violado… e ele veio com nome da psicodelia nordestina: Lailson e Lula Côrtes e Marconi Notaro. Já Jotabê foi outra surpresa deliciosa. Inicialmente eu havia convidado a Chris Fuscaldo (antes do livro ir para sua editora Garota FM) para escrever sobre Belchior. Eu já conhecia a Chris. Ficamos mais próximos porque fizemos juntos os cursos do Faour e do Mauro. Mas, ela optou pela Elba. Ela que sugeriu o Jotabê. Ele aceitou de primeira e fez um texto delicioso.
MaisPB – Chris Fuscaldo escreve sobre Ela Ramalho, um bom texto e ela vem fazendo uma revolução com as publicações da Garota FM Books. Podemos falar sobre esses projetos?
Célio Albuquerque – Rapaz, eu sou fã. E, quem ninguém se engane, produzir um livro com financiamento coletivo não é nada fácil. Mas, é delicioso. Ainda mais num projeto com o 1979 em que os autores se envolveram bastante. Pense que a gente chegou na meta. E tínhamos pouco mais de 90 textos, com muitos LPs de fora. E ela, como editora, sugeriu que chegássemos aos 100 LPs. Chegamos. E mesmo assim a gente sabe que teve um álbum importante de fora. Dos livros da editora gosto de todos, na boa. Mas, o livro sobre o Clube da Esquina que ela organizou com o Márcio Borges e o do Renato Vieira, com uma quase biografia do produtor da Tropicália, é sensacional. Fruto de um podcast o livro é “falado” e Manoel Barenbein , o produtor em questão, tem uma memória espetacular e sabe contar causos como poucos. Renato também foi um dos autores do 1973.
MaisPB – Aliás, sou do tempo livresco – acho que livro tem que pegar na mão. Você acha que o livro impresso poderá morrer?
Célio Albuquerque – Não sei. Talvez. Mas, eu sou fã do livro impresso. Mas, não precisa ficar em pé não, podem ser os curtinhos também. Claro que haverá mudanças, até porque, naturalmente é assim. Vejamos que esses dois livros, 1979 e 1973, tem como mote LPs lançados em seus determinados anos. E hoje quase não se lançam LPs e Cds mas, continuamos a consumir música.
MaisPB – Marcelo Pinheiro escreve sobre Cátia de França, uma artista emblemática da Paraíba, que teve sua canção “Estilhaços” gravada por Simone em 2022. Vamos falar dessa artista tão valiosa?
Célio Albuquerque – Tive o prazer de assisti-la algumas vezes ao vivo. Ela é uma artista especial e felizmente tem tido sua obra e seu talento reavaliados nesses anos 2000. Sadia e cheia de energia ela continua na estrada. Esse disco sempre esteve entre o que pensávamos em incluir no livro, é um disco muito forte. E quando Marcelo entrou no time, eu havia conhecido, virtualmente, quando ele trabalhava na Revista Brasileiros, perguntei qual disco ele não pensou duas vezes. E ainda tivemos o prazer de, durante a campanha de financiamento, assistir uma live de Marcelo com Cátia. Só não foi melhor porque a Internet não estava lá essas coisas no dia, lá pelos lados que ela mora hoje.
MaisPB – Você acha que botando pra moer, conseguindo grana, teremos mais um volume referente aos anos 80?
Célio Albuquerque – Sinceramente não sei. Assim como 73 e 79 surgiram naturalmente, eles se convidaram, se houver um terceiro volume surgirá naturalmente. E se tiver a mesma vibe entre os autores e os discos envolvidos, será uma delícia.
Disco a disco
14 Bis – 14 Bis – Emílio Pacheco
A Barca do Sol – Pirata – Mehane Albuquerque
A Cor do Som – Frutificar – Ricardo Pugialli
Alcione – Gostoso Veneno – Vicente Dattoli
Amelinha – Frevo Mulher – Klaudia Alvarez
Angela Maria e Agnaldo Timóteo – Angela & Timóteo, Juntos – Zeca Azevedo
Angela Ro Ro – Angela Ro Ro – Crikka Amorim
Antonio Adolfo – Viralata – José Emilio Rondeau
Arthur Moreira Lima/Abel Ferreira/Época de Ouro – Chorando Baixinho – Ruy Godinho
Azymuth – Light As a Feather – Bruno Thys
Baby Consuelo – Pra Enlouquecer – Talles Colatino
Belchior – Era Uma Vez um Homem e Seu Tempo – Jotabê Medeiros
Bendengó – Bendengó – Nelson Augusto
Beth Carvalho – Beth Carvalho no Pagode – Ana Lu Germano
Beto Guedes – Sol de Primavera – Daniella Zupo
Boca Livre – Boca Livre – Juca Filho
Byafra – Primeira Nuvem – Marcos Sabino
Caetano Veloso e A Outra Banda da Terra – Cinema Transcendental – Walterson Sardenberg Sobrinho
Carlos Fernando – Asas da América ( Frevo) – Fábio Cabral de Mello
Cartola – Cartola 70 Anos – Denilson Monteiro
Cátia de França – 20 Palavras ao Redor do Sol – Marcelo Pinheiro
Clara Nunes – Clara Nunes – Paulo Cesar Figueiredo
Clementina de Jesus – Clementina e Convidados – Marcelo Ferro
D’Alma – A Quem Interessar Possa – Mimi Rocha
Dona Ivone Lara – Sorriso de Criança – Kamille Viola
Ednardo – Ednardo – Dalwton Moura
Elba Ramalho – Ave de Prata – Chris Fuscaldo
Elis Regina – Essa Mulher – Joyce Moreno
Elomar – Na Quadrada das Águas Perdidas – Luiz Américo Lisboa Júnior
Elza Soares – Senhora da Terra – Gilberto Porcidonio
Emílio Santiago – O Canto Crescente de Emílio Santiago – Leandro Gomes
Fábio Jr – Fábio Jr – Ricardo Schott
Fafá de Belém – Estrela Radiante – Marcelo Cabanas
Fagner – Beleza – Luiz Felipe Carneiro
Fátima Guedes – Fátima Guedes – Wagner Cosse
1º Festival Universitário da Música Brasileira – Vários Artistas – Ayrton Mugnaini Jr.
Francisco Mário – Terra – Nivea Souza e Marcos Souza
Gal Costa – Gal Tropical – Rodrigo Faour
Geraldo Azevedo – Bicho de 7 Cabeças – Alberto Villas
Geraldo Vandré – Geraldo Vandré – André Cananéa
Gilberto Gil – Realce – Braulio Neto
Gonzaguinha – Gonzaguinha da Vida – Dacio Malta
Gretchen – My Name Is Gretchen – Lorena Calabria
Grupo Um – Marcha Sobre a Cidade – Bento Araújo
Guilherme Arantes – Guilherme Arantes – Maria Carolina Rodrigues
Hermeto Pascoal – Zabumbê-bum-á – Roberto Muggiati
Isolda – Isolda – Cleodon Coelho
Ivan Lins – A Noite – Rodrigo Nogueira
Jaime Alem e Nair Cândia – Amanheceremos – Márcia Tauil
Jerônimo Jardim – Jerônimo Jardim – Juarez Fonseca
Joanna – Nascente – Fábio Vizzoni
João Bosco – Linha de Passe – Rildo Hora
João Nogueira – Clube do Samba – Moacyr Luz
Jorge Ben – Salve Simpatia – Marlon Sette
Jorge Mello – Coração Rochedo – Silvio Atanes
Lô Borges – A Via-Láctea – Ricardo Moreira
Luiz Gonzaga – Eu e Meu Pai – José Teles
Luli e Lucinha – Luli e Lucinha – Zé Edu Camargo
Malu Mulher – Vários Artistas – Beto Feitosa
Mar Revolto – Mar Revolto – Vinícius Cunha
Maria Alcina – Plenitude – Danilo Casaletti
Maria Bethânia –Mel – Luis Lamarão
Marina Lima – Simples Como o Fogo – Mauro Ferreira
Marku Ribas – Cavalo das Alegria – Rafael Pinto Ferreira de Queiroz
Marlui Miranda – Olho d’Água – Cesar Cardoso
Milton Nascimento – Journey to Dawn – Felipe Tadeu
Miúcha e Tom Jobim – Miúcha & Tom Jobim – Hugo Sukman
Moraes Moreira – Lá Vem o Brasil Descendo a Ladeira – Fred Góes
MPB4 – Bons Tempos, Hein? – Miltinho
Nana Caymmi – Nana Caymmi – Iso Fischer
Nelson Sargento – Sonho de Um Sambista – André Diniz e Diogo Cunha
Ney Matogrosso – Seu Tipo – Marluci Martins
Ópera do Malandro – Vários Artistas – Etel Frota
Oswaldo Montenego – Poeta Maldito… Moleque Vadio – Madalena Salles
Paulinho Boca de Cantor – Bom de Chinfra, Bom de Amor – Lucas Vieira
Paulinho da Viola – Zumbido – Carlos Evandro Lordello
Pepeu Gomes – Na Terra a Mais de Mil – Leandro Souto Maior
Quarteto em Cy – Em 1000 Kilohertz – Inahiá Castro
Raul de Souza – ‘Til Tomorrow Comes – Maurício Gouvêa
Raul Seixas – Por Quem os Sinos Dobram – Fabian Chacur
Renato Teixeira – Amora – Marquinho Carvalho
Rita Lee – Rita Lee – Mónica Vermes
Robertinho de Recife – E Agora Com Vocês… Suingues Tropicais – Túlio Mourão
Roberto Carlos – Roberto Carlos – Tito Guedes
Roberto Ribeiro – Coisas da Vida – Leila Dantas
Ronaldo Resedá – Ronaldo Resedá – Silvio Essinger
Sá & Guarabyra – Quatro – Flávio Mendes
Sérgio Ricardo – Do Lago à Cachoeira – Manoel Filho
Simone – Pedaços – Thelmo Lins
Sueli Costa – Louça Fina – Andréia Pedroso
Tavito – Tavito – Luiz Carlos Sá
Terezinha de Jesus – Vento Nordeste – Mariana Mesquita
Teti – Equatorial – Marcos Sampaio
Tim Maia – Reencontro – Carlos Eduardo Lima
Wagner Tiso – Assim Seja – Carlos Fonte Lito
Zé Geraldo – Terceiro Mundo – Lucas Reginato
Zé Luiz Mazziotti – Zéluiz – Itamar Assiere
Zé Ramalho – A Peleja do Diabo com o Dono do Céu – Leonardo Lichote
Zezé Motta – Negritude – Guilherme Henrique
Zizi Possi – Pedaço de Mim – Cláudia Menescal
LDO 2026 - 02/09/2025