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Hilda Maria lança 3° álbum ´Choro Cantante´ e homenageia Mariele

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publicado em 09/11/2025 ás 08h06
atualizado em 09/11/2025 ás 08h07

Kubitschek Pinheiro – MaisPB

A cantora e compositora paulista Hilda Maria, lançou o terceiro álbum “Choro Cantante” e brilha mais ainda no choro canção. Um disco com convidados compositores e compositoras do choro de sua geração. Hilda compôs em parceria com eles todo um novo repertório numa linguagem contemporânea com temas diversos. Com o objetivo de enaltecer o gênero, a cantora escolheu 10 choros com estilos diferentes.

A tradição e referência a Pixinguinha são presentes em “Conheço os Teus” composta com a clarinetista chilena radicada no Brasil Javiera Hunfán, e em “Sigo Ingênuo”, parceria com o flautista Piracicabano Leandro Tigrão.

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Outras instrumentações e arranjos modernos encontram-se em “Azaléa” (Thadeu Romano/Hilda Maria) onde sanfona, flauta, violão e voz homenageiam a flautista Léa Freire e “Como a gente é”, um choro elétrico composto com o clarinetista mineiro indicado ao Grammy Caetano Brasil.

Em “Pranto de Pedra”, feita especialmente para o disco com o cavaquinista Emerson Bernardes, o balanço do maxixe mistura-se ao choro. .O virtuosismo, afinação e agilidade – características que sempre fizeram o público se encantar pelo chorinho – chamam a atenção nas divertidas “Chumba no Choro” (Maiara Moraes/ Hilda Maria), “Espera pra ver” (Leo Matheus/ Camila Silva/ Hilda Maria) e “Aos 45 do segundo tempo” (Bira Nascimento/ Hilda Maria), esta última com clipe bem paulistano sobre a correria na metrópole que não para.

O MaisPB conversou com a artista e traz novidades. Ela deseja conhecer João Pessoa. Seja bem-vinda – “Morro de vontade de conhecer essa cidade linda, João Pessoa. Quero muito ir”

MaisPB – Que disco belo, como veio essa sacada de gravar com novos compositores de sua geração. Vamos começar por aqui?

Hilda Maria – Muito obrigada! Eu quis trazer compositores da minha geração para mostrar como o choro sempre se renova através dos músicos; quis trazer o ponto de que o choro não é música que só pessoas “da antiga” gostam. O choro é jovem e sempre fresco!

MaisPB – Começa com Conheço os teus, da clarinetista chilena Javiera Hunfán com letra sua. Como aconteceu essa descoberta?

Hilda Maria – Ele começa com o choro “Conheço os teus”, no qual conto a história de como meus avós se conheceram. A Javiera Hunfán é radicada aqui em São Paulo, a conheci há cerca de 2 anos e fiquei encantada com a desenvoltura de seu clarinete chorão e toda sua musicalidade. Convidei-a para o disco por achar incrível ter uma compositora de choro que não nasceu no Brasil. Ela me mandou 3 choros, sem nome. E tinha um recado para “Conheço os teus”: “essa eu acho que tem mais a sua cara, te vejo cantando ela”. Aí mexeu com meu coração! Ouvi a música, adorei e me senti viajando no tempo. Resolvi contar a história dos meus avós paternos nela. E o disco começa com o meu universo particular e se abre para fora, para o mundo

MaisPB – Incrível Como a gente É que começa com a declamação de Thalma de Freitas – que coisa bonita, uma saudação aos mestres?

Hilda Maria – Sim! Caetano sentiu falta de ter na letra os nomes de chorões negros, pilares de nossa música. Então a solução que achei veio um pouco da ópera, que tem os recitativos antes das árias… resolvi fazer essa poesia introdutória, pedindo licença para seguir os caminhos abertos por Chiquinha, Pixinguinha e Laércio de Freitas – que é pai de Thalma. Eu sempre saudarei os mestres e mestras que abriram as trilhas que hoje piso. É fundamental saber e contar de onde a gente é – e como a gente é.

MaisPB – Fecha o disco com Aos 45 do Segundo Tempo misturando o futebol com a vida de todos nós.Sim, a gente também faz gol né, Hilda?

Hilda Maria – Todos os dias, fazemos gol, em diversas áreas! Principalmente as trabalhadoras e trabalhadores brasileiros, se equilibrando na correria do dia a dia, procurando oferecer o seu melhor. A música é sobre isso, sobre o quanto que o artista e o povo brasileiro tá sempre se “virando nos trinta”, se desdobrando em vários, para, no final, dar tudo certo!

MaisPB – Agradecendo de Hércules Gomes parece uma canção para dançar pelo salão sem fim – estou certo?

Hilda Maria – Adorei que você se sentiu assim! A arte chega em cada um de acordo com o que a gente precisa, de acordo com o que tem dentro de nós, não é mesmo? E essa música é uma grande agradecimento a grande amiga que todos nós temos, que nos acolhe em diversos momentos de nossas vidas: a arte!

MaisPB – Muita coisa boa nesse disco – os arranjos modernos encontram-se em “Azaléa” (Thadeu Romano/Hilda Maria) onde sanfona, flauta, violão e voz homenageiam a flautista Léa Freire e “Como a gente é”, um choro elétrico composto com o clarinetista mineiro indicado ao Grammy Caetano Brasil – bora falar dessa gente de cultura?

Hilda Maria – Ah! Tenho alegria em dizer que tem muita coisa boa nesse disco, de verdade! Azaléa foi arranjada pela flautista Maiara Moraes (que também arranjadora e minha parceira em “Chumba no Choro”). É um arranjo moderno que remete muito ao universo da Léa, na minha opnião. A Léa defende a ideia de que a gente não tem que enfiar a música em “caixinhas”… música é música! Quanto a “Como a Gente é”, eu convidei Caetano porque eu queira uma faixa de choro elétrico, pedi que o arranjo fosse bem inventivo e na pegada do trabalho dele, que compôs a faixa especialmente para o disco.

MaisPB – A direção musical é de Thadeu Romano e produção musical sua e de Gustavo de Medeiros, “Choro Cantante” mostra claramente que o Choro, é quem nunca morre, né?

Hilda Maria – Certamente! Uma das minhas principais ideias desse disco é que o choro é vivo, pulsante, vibrante; de tempos antigos e tempos modernos… Convidei o Thadeu para fazer a direção musical desse disco, porque, além dele ser a primeira pessoa que me reconheceu como uma cantora chorona, ele tem um conhecimento musical muito bonito e sensível, para coordenar os diferentes arranjadores que o disco comportou, com características distintas, além de fazer arranjos lindos que dialogam de forma graciosa com a canção; mostrando como o choro pode se apresentar de diversas maneiras. Gustavo de Medeiros, que também é meu parceiro e arranjador em Bela Borboleta, assina a produção comigo e foi fundamental para que a sonoridade do disco viesse da forma como queríamos.

MaisPB – Ainda sobre Como A Gente É muita gente é homenageada, inclusive, Mariele né?

Hilda Maria – Claro! Eu quis mostrar a potência do meu povo na política, nas artes, na engenharia, na ciência, na luta, na filosofia, na literatura, na formação intelectual, nos esportes… em todo canto. Não podia faltar Mariele, assim, como Benedita da Silva, Abdias do Nascimento e todos os que citei… ainda ficaram de fora muitos nomes que não couberam na melodia ou no tempo da música… se você reparar, algumas pessoas eu coloquei apenas o primeiro nome, em blocos que alguma área. Pra instigar o ouvinte a procurar saber quem são essas pessoas que fizeram coisas fantásticas.

MaisPB – Já cantou em João Pessoa? Venha, venha…

Hilda Maria – Ainda não, mas morro de vontade de conhecer essa cidade linda! Quero muito ir