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‘Todes’: governo Lula adota uso do pronome neutro e gera polêmica

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publicado em 06/01/2023 às 12h53
atualizado em 06/01/2023 às 12h53

A linguagem neutra tem ganhado cada vez mais espaço no Governo Federal. Presidente da República, primeira-dama e diversos ministros fizeram o uso durante discursos nesta primeira semana de mandato. Apesar da novidade, o tema não é novo e já esteve em diversas discussões nos últimos anos.

Essa linguagem é disseminada por grupos de pessoas que não se identificam com o gênero masculino nem com o feminino, como é o caso das mais de 300 identidades não-binárias existentes. O uso dessa linguagem consiste em substituir artigos, substantivos e adjetivos terminados com a letra “a” ou “o”, que sinalizam algum dos gêneros, pela letra “e” no final. Já os pronomes se alteram para “elu” e “delu” ou “ile” e “dile”.

Para a professora de Língua Portuguesa, Rayssa Medeiros, o tema é, primeiramente, um fenômeno social, mas que ressoa através da linguagem, como forma de inclusão e reivindicação de direitos desses grupos mais isolados da sociedade.

“É um fenômeno social, só que a gente se comunica através da linguagem. Então, é comum que os fenômenos sociais se reflitam na linguagem. É o que a gente viu, por exemplo, nas diferentes variantes linguísticas, quando você pensa nas gírias, nos jargões profissionais. São fenômenos sociais que a gente acaba repercutindo na nossa linguagem, no nosso dia a dia, na nossa comunicação”, disse a professora.

“Então, não é que altera a língua portuguesa. É uma alteração social que a língua portuguesa acaba capturando. Pode ser que venha a se estabelecer na norma culta ou não, porque isso leva tempo, uma língua se transforma com o passar do tempo”, continuou.

Como toda novidade, a linguagem neutra também sofre resistência, em especial no ambiente escolar, de aprendizado. A proibição do uso da linguagem neutra em escolas foi tema de 58 projetos de lei propostos desde 2019 em 20 estados brasileiros. Inclusive, o ex-presidente Bolsonaro criticou quando o STF derrubou uma lei aprovada em Rondônia que proibia a abordagem do assunto em escolas.

Na Paraíba, a vereadora Eliza Virgínia propôs um projeto de lei em 2021 contrário à implementação da neutralidade nas escolas e em repartições públicas. Ela acredita que poderia atrapalhar a compreensão de pessoas com deficiências auditivas e visuais, além de prejudicar o aprendizado de crianças com dislexia. Em fala, Eliza já se referiu à linguagem neutra como “imbecilidade” e uma “tentativa de idiotização do povo brasileiro”.

Mas a professora Rayssa garante que a educação da linguagem neutra não afeta o processo de alfabetização infantil. Até porque essa novidade se torna comum entre as crianças e se engloba ao conhecimento ainda em crescimento.

“Se uma coisa faz parte da rotina, do dia a dia da criança, no processo de alfabetização, de decodificação, de letramento, isso não vai mudar. Essas nuances mais complexas e mais problemáticas são muito mais para adultos. A gente que vê, se preocupa e que problematiza esse tipo de coisa. As crianças não vão ter sua alfabetização prejudicada porque um grupo de pessoas elegeu determinados termos para se colocarem politicamente na sociedade”, reforçou a professora.

Leonardo Abrantes – MaisPB

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