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Poeta, escritor e professor da UFPB. Membro da Academia Paraibana de Letras. E-mail: [email protected]

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publicado em 12/10/2022 às 07h00
atualizado em 11/10/2022 às 15h28

Tarcísio Pereira, (foto) nosso querido e premiado teatrólogo, gostou da seguinte frase do, à época, governador Ricardo Coutinho, pronunciada em solenidade na cidade de Cajazeiras: “Uma cidade que possui um teatro é uma cidade diferenciada”. Para ele, Tarcísio, nem mesmo a atriz Fernanda Montenegro que, em outra ocasião, afirmou que “uma cidade sem teatro é uma cidade sem alma”, foi tão clara e tão sábia, pela precisão e pela beleza da frase dita pelo político paraibano.

De minha parte, e pesando bem o sentido das palavras, não gosto nem de uma nem de outra, pois quero crer que toda cidade, com teatro ou sem teatro, é uma cidade diferenciada, e que toda cidade, com teatro ou sem teatro, também possui uma alma.

Ora, se diferenciada quer dizer diferente, toda cidade – e insisto, com teatro ou sem teatro – é diferente em si mesma, pelas suas especificidades paisagísticas, climáticas, urbanas e culturais. Dito de outra forma: toda cidade é singular, isto é, possui uma natureza própria, intransferível e, por extensão, uma particularidade e uma universalidade.

Por exemplo: Aroeiras, a minha Comarca das Pedras que, por sinal, não tem teatro, é única, porém, com a particularidade do agreste paraibano e com a universalidade de uma cidadezinha qualquer do interior, e, neste sentido, igual a qualquer cidadezinha do interior, seja da Ásia, da Austrália ou da Europa.

Por outro lado, se diferenciada quer dizer uma cidade que possui valores e virtualidades, propriedades e monumentos que uma outra não possui, numa espécie de hierarquia semântica, ontológica e discriminatória, o raciocínio me parece falso, por conseguinte, não procede. Uma cidade, quando não possui certos valores, com certeza possui outros, e esses outros valores a tornam obviamente diferenciada. E o termo “diferenciada” passa a valer, portanto, como “diferente”. A bem dizer, toda cidade é diferente!

De outra parte, toda cidade, mas toda, sem exceção, com teatro ou sem teatro, possui uma alma, e essa alma reside na sua singularidade, no seu ethos característico e inconfundível, assim como ocorre com as pessoas, estrumada em suas raízes históricas, na sua geografia irrepetível e na psicologia peculiar de seus habitantes, da sua gente única, com seu cotidiano, suas lendas, festas, ritos, sonhos e utopias. Pois uma cidade é muito mais que seus prédios, suas casa, suas ruas, suas praças e seus teatros.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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