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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Testei positivo

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publicado em 01/06/2022 às 10h23
atualizado em 01/06/2022 às 09h34

Somos vítimas das circunstâncias. Quantas pessoas andam por aí com o vírus e não sabem e se sabem, não entendo como elas andam nos lugares, com ou sem máscaras. (?)

Peguei o vírus numa dessas circunstâncias. E olha que só ando de máscara, pra lá e pra cá.

Há tempos não experimentava o silêncio, o silêncio total. Fiquei sozinho não exatamente como no começo da pandemia, trancado entre quatro paredes, mas não passei delas.

Sabe quando algo morde o anzol, muito embora o golpe mais duro é uma longa paciência. Sim, paciência.

Testei positivo. Sem estampar nas redes sociais. Bota quem quer. Pra mim, quem está com a doença deve se recolher, se tratar, para retomar ao convívio e assim deveria ser com todos. Mas não é. Como me enchem as polêmicas vazias.

A consciência se estende a linha que mais à frente, a coisa se endireita, com o cuidado consigo e o outro.

Fiquei relendo capítulos soltos de “Cem Anos de Solidão”, o legado de Gabriel Garcia Márquez, a história mais real que a ficção da cidade de Macondo e a ascensão e queda de seus fundadores, a grande família Buendía, que me fez pensar no Brasil.

Me agarrei as personagens José Arcádio Buendía, o entusiasmado fundador da vila de Macondo; a esposa dele, Úrsula Iguarán, os filhos, José Arcádio e Aureliano – o último, coronel Aureliano Buendía, a filha, Amaranta, que é atormentada quando criança e amargurada como mulher; e., claro, ao cigano Melquíades, cujas notícias do mundo exterior me chegavam pelo seu bando.

Fiquei chocado com as mortes do Recife e com a polícia rodoviária federal matando  ao vivo o Geni(valdo) de Jesus. Isso é bem confuso, uma tragédia anunciada.

Aquilo, a morte do negro, que se move, reflexos das circunstância da cor,  um gesto cruel, o ventre dos enigmas e essa tal Covid, que me visitou. É isso, o vírus não tem perna curta. Cuidado!

Com quatro vacinas, as duas “coronavaques”, a terceira Pfizer e a última Janssen, que me ajudaram muito, além de caldo feijão, suco de ora-pro-nobis, planta pancs do jardim de Francis, (do latim orai por nós), das sopas, muitas, de jerimum com cenoura, caldos quentes, água de coco, muita água, boa alimentação e repouso. Nunca dormi tanto.

A vida tem suas pancadas, auroras lindas e o celular ficou mudo. Como tinha de ser. Aliás, nem sei onde coloquei.

Hoje, quarta-feira, 1º de junho, negativei. A palavra é essa?  Não tenho mais Covid. Gracias!

Kapetadas

1 – Ser covídico ou estar com Covid, eis a questão – disse-me Otelo, o Mouro de Veneza, num sonho. #shakespeariano.
2 – Nem sempre as coisas são decididas no frigir dos ovos. Às vezes é no ovo pochê.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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