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Médico. Psicoterapeuta. Doutor em Psiquiatria e Diretor do Centro de Ciências Médicas da Universidade Federal da Paraíba. Contato: [email protected]

Até forró, é o fim!

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publicado em 12/04/2022 às 07h00
atualizado em 11/04/2022 às 17h22

Chegou-me um vídeo de Juliana Assunção, mulher e responsável pela agenda de shows do artista nordestino, Jorge de Altinho (foto), e vou me meter na polêmica. Jorge lembra minha adolescência e início da vida adulta, com suas composições maravilhosas, ainda em início de carreira. Se você não lembra, o cara é autor da música que deu a Caruaru o título de Capital do Forró, com a música, feita com Lindolfo Barbosa, o Lindu do Trio Nordestino, cantada pelo Trio e pelo próprio Jorge. “É por isso que Caruaru é a capital do forró […].

No vídeo de Juliana, aparece uma ex-prefeita da cidade, num lançamento do São João. Ela diz, literalmente: “O São João não é só para quem gosta de forró. [Concordo, prefeita!] A gente trabalha com todos os artistas: do samba, do rock, do pop, até do forró (grifo nosso!)” Vocês leram? Estão acreditando que a prefeita da Capital do Forró, falou ‘até do forró’?

Aí bateu na minha cara. Aí nos marginalizou. O forró é o dono absoluto da festa junina. Convidados são benvindos, de todos os tons musicais, mas não confunda, minha Senhora, ser Prefeita com ser “dona” da cidade que erradamente governa, despojando-se, inclusive, da cultura que brota da caatinga nordestina, e que originou toda essa beleza que é o São João do Nordeste.

A Senhora tropeçou, ainda bem que o povo entendeu sua mensagem e não ocupas mais o cargo que ocupava. Fosse eu cidadão pernambucano, teria morrido de vergonha. Mas não deixo de morrer como cidadão paraibano. Tenho a vergonha da parede e meia, do meu vizinho. Somos a Nação Nordestina, como cantou um dos representantes dessa rica cultura musical, o Zé Ramalho, que, no início da carreira, era da Paraíba.

Eu não tive carreira na música. Porém, continuo também Zé, em homenagem da minha mãe a São José, que a viria acudir nos momentos difíceis de um parto domiciliar. Desde o nascimento, esse é meu domicílio: Paraí-bê-a-bá, seja da peça de Paulo Pontes, seja no Pê – a – pá – erre – a – ra – í – bê – a – bá, Paraíba, da música saudosa de Cecéu.

Eu assino embaixo das palavras de Juliana. E, nesse texto, contribuo minimamente com o debate sobre São João com ou sem forró. Quem diria, que isso seria objeto de debate em 2022. Calar, não posso. Bateu cá dentro do meu peito, onde tem sangue e barro sertanejo. Até forró, é o fim!

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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