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Na tentativa de absolver o delator do mensalão, o advogado do ex-deputado Roberto Jefferson, Luiz Francisco Corrêa Barbosa, delineou uma estratégia de confronto com a Procuradoria-Geral da República (PGR). O defensor pretende questionar no púlpito do plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) por qual motivo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não integra o rol de denunciados.
Presidente nacional do PTB, Jefferson é um dos 38 réus no julgamento programado para se iniciar no próximo dia 2. Ele é acusado pela PGR de corrupção passiva e lavagem de dinheiro por, supostamente, ter recebido R$ 4 milhões do ‘chamado "valerioduto", que, segundo a denúncia da Procuradoria-Geral da República, era operado por Marcos Valério e abastecia parlamentares aliados ao governo.
Em 2005, em entrevista ao jornal "Folha de S.Paulo", Jefferson relatou o "modus operandi" do mensalão, detonando o maior escândalo político do governo Lula (2003-2010).
O advogado do ex-deputado, cassado em 2005, pretende sustentar diante dos 11 ministros do STF que, mesmo que Lula não tivesse conhecimento sobre o suposto pagamento de propina a parlamentares em troca de apoio político no Congresso, ele deveria ter sido responsabilizado criminalmente pela existência do mensalão.
Na ótica de Barbosa, juiz aposentado, com laços políticos com o PTB, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, teria se “omitido” de denunciar Lula em suas alegações finais.“
"Vou chamar o procurador-geral da República para a briga. Lula não poderia ter ficado de fora (da denúncia da PGR), mas ele tem vários zagueiros eficientes"”, ironizou Barbosa.
A tática de defesa foi costurada com o próprio Jefferson, que, além de político, é advogado criminalista. Embora considere que Lula seja “inocente”, o presidente do PTB condena o fato de o ex-presidente ter sido alijado da denúncia.
“"Tenho para mim que Lula é inocente. No entanto, quem faz ato de ofício não é o governo, é o presidente. Os ministros denunciados (José Dirceu, Anderson Adauto e Luiz Gushiken) não eram presidentes, eram auxiliares do governo. […] O procurador-geral da República diz que o governo foi beneficiado. O governo era o Lula, não o Zé Dirceu"”, afirmou Jefferson ao G1.
INVESTIGAÇÃO - 21/08/2025