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Médico. Psicoterapeuta. Doutor em Psiquiatria e Diretor do Centro de Ciências Médicas da Universidade Federal da Paraíba. Contato: [email protected]

Deixe-me sonhar

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publicado em 25/01/2022 às 08h15

Quero falar de anarquismo. Chocados? Eu também. E vou logo explicar pra ninguém cair duro: anarquismo não é anarquia. Nem é o que ocorre no Brasil,  com grupos  políticos militando em causa própria e que se dane o bem comum, o que pertence a todos. Conforme quem acredita, Deus assim haveria nos concedido igualmente.

O anarquismo tem dois princípios: igualdade e liberdade. Condições que o liberalismo chama para si, mas não entrega de volta aos cidadãos crentes em seus princípios. Sua liberdade é de mercado. Eu compro e vendo o que quiser ( se tiver dinheiro!). Se não tiver não participo da brincadeira. Nesse sentido, temos que dar os créditos ao Marxismo, esse, sim, prega a igualdade. Mas peca, lamentavelmente, na liberdade. Não conheço sistema inspirado no marxismo que cultue, de fato e de direito, as liberdades em todas as suas formas.

O anarquismo acredita que o homem é capaz de seu autogovernar. Não há leis nem ordens criadas por um ou por vários supostos representantes de nós, que nos dizem o que fazer e o que não deverá ser feito (especialmente, se você for pobre ou pouco influente). A minha liberdade não vai até onde a do outro começa. A minha liberdade é extensão da liberdade do outro. Sou livre se todos forem.

Amo profundamente, esse conceito de liberdade, porque propõe aos indivíduos e à sociedade o direito de usufruir de toda a liberdade possível. E vamos logo corrigindo. O anarquismo não é contra a existência de uma lei que os rejam. Contudo, uma lei de todos para todos, confrontando, assim, com o conceito de leis verticalizadas e aplicadas de cima para baixo como conhecemos.

Então, sou adepto do anarquismo baseado nos mais altos princípios de liberdade e contra todas as formas de dominação e escravização de seja quem for. Já fiz um artigo, prometendo ir para Liberland, (foto)único lugar do planeta terra onde se vive o anarquismo.

Cansei de obedecer aos que criam leis. Aos que se engalfinham para saber quem é capaz de nos salvar. Cansei de bandeiras que delimitam espaços e rejeitam pessoas, que destroem os outros que não comungam consigo. Cansei de ser feito de bibelô por parvos com ares de quem tudo sabe,  sendo que  a única coisa que defendem é a si mesmos e aos seus.

Fico constrito entre os lá de cima que não tão nem aí para cumprir nada e se acham, ou são, imunes, e uns que ficam em baixo praticando toda sorte de violência e se justificando pelo fato de os de cima os terem feito assim. E eu cumprindo os mandamentos, à constituição e toda sorte de invenção deles. Até usar tomada de três furos!!! Isso é razoável?

Vocês sabem que estou esperneando, que faço aqui  tão somente um manifesto, porque, amanhã, estarei a postos na UFPB; e, como bom brasileiro, amanhecerei obedecendo ao cabedal das 34 mil leis que nos ordenam. Mas me respondam: temos outra saída?  Se você imagina que é um sonho impossível, imagine que já fomos de um período chamado pedra lascada. Pensando assim, você não acha que as nossas mentes atingirão um estágio de autogovernança e respeito por todos?  Não?! Pois não me desperte, deixe-me sonhar.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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