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Marcos Pires é advogado, contador de causos e criador do Bloco Baratona. E-mail: [email protected]

Começar 2022 rindo, né?

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publicado em 01/01/2021 às 10h27

Em Guarabira havia um barbeiro chamado Chico Luís que armava sua barraca nos dias de feira (quartas e sábados) para cortar cabelo e barba da matutada que vinha dos sítios. Era comum ouvir um matuto dizer ao compadre que iria “à furquia de Chico Luís”. É que o profissional da tesoura e da navalha ao invés de comprar uma cara cadeira de barbeiro improvisou uma cadeira comum amarrando no encosto uma forquilha de angico, sem sequer se preocupar em tirar as cascas. O resultado é que quase sempre o cliente ficava com o pescoço entalado na forquilha. Fosse reclamar, vinha a resposta: “- O probrema num é furquia não, é que seu pescoço é troncho”.

Ao lado da tal cadeira havia uma bolinha e ele explicava a quem lhe perguntava para que servia: “- É para o freguês colocar na boca mode eu fazer a barba das bochechas mais direitinho”. Um dia um cliente perguntou se alguém já havia engolido a bolinha. “- Ixe… tem trinta ano que eu uso essa bolinha. Já engoliram pra mais de cinquenta veis, mas como é tudo gente conhecida, no outro dia eles vem devolver. É só lavar que tá nova”. O matuto retirou a bola da boca e disse que o gosto estava meio amargo. Chico deu um tapa na testa e exclamou: “- Danou-se que eu misquici de lavar essa bixiga hoje”.

O fígaro paraibano sofria dos nervos e quando chegava atacado pedia ao cliente que pendurasse uma cuité no pescoço. “-

Para que isso, seu Chico?”. A resposta era devastadora: “- É pra mode se minha mão tremer não sujar a sua roupa de sangue, né?”. Invariavelmente ao final de cada barba feita ele pedia para o matuto da vez bochechar um copo d’agua e solenemente explicava: “- Pra ver se não tem nenhum buraco, se não tá vazando”.

Na mesma querida cidade de Guarabira morava um futuro milionário que iniciava-se nos negócios e precisava ir a Recife comprar umas quantas mercadorias para revender. Pretendendo economizar a passagem resolveu “amocegar” no trem. Porém o bilheteiro o descobriu e deu-lhe um tabefe na orelha com tanta força que o jovem empresário caiu na poeira. Indômito, resiliente, levantou-se, correu atrás do trem e conseguiu “amocegar” novamente. Repetiu-se a cena; novo tabefe, nova queda, novamente comeu poeira. Uma vez mais ele correu e “amocegou” no trem. O bilheteiro ia dar-lhe um terceiro tabefe. Já com a mão levantada perguntou: “- Ô menino, onde você acha que vai?”. Coçando o lado esquerdo da cabeça ele disse: “- Se minha orelha aguentar mais 5 tabefes o senhor acha que dá pra chegar em Recife?”.

Guarabira de tantas histórias. Voltarei lá para uma outra colheita.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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