João Pessoa, 14 de dezembro de 2021 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
A alegria não nasce pronta. A tristeza não tem fim, como está na canção de Jobim. A felicidade, sim. O que é a felicidade? Não sei. Prefiro encontrá-la nas horinhas de descuido, como disse Guimarães Rosa.
Eu vejo a tristeza rondando a cidade.
Quero ajudar e não posso, aliás, não devo. O jornalista Walter Galvão me dizia sempre (e eu já disse isso aqui) para eu me acostumar com as perdas. Eu sempre penso na possibilidade de me acostumar. Estou conseguindo.
O amor não nasce pronto, nem a amizade. O amor é tão longe. A amizade não tem cor.
Há um tempo, tanto e tão pouco, plantamos uma mangueira. Cresceu, cresceu e hoje é uma mãe: os frutos caem no chão, a gente distribui, faz sucos, picolé e geleias.
Às vezes ela precisa de poda. precisa de sol. Assim é a amizade, que dá muito pano para mangas. É lindo uma mangueira florida. A amizade é uma construção.
Há quem diga que somos raiz e nos galhos nos sustentamos, do que se colhe, do que brota e floresce. Depois morre. Tudo morre.
Nesse calor eu costumo ficar na sombra da mangueira e até escuto os pássaros.
Um ninho, é uma coleção de sonhos, a mais linda que já vi. Esse ninho lembra quando a gente começa a frequentar a casa dos amigos, aquela segurança, sabe?
De tanto querer ajudar, sinto que isso termina atrapalhando. Ué, mas ajudar é tão bom… Ser generoso não é para todo mundo.
Basta o som do sino, as badaladas, que eu já entro numas.
Pego o celular, como a antiga máquina de retratos estendo os braços fotografo cegamente a mangueira. E só então posso ver a beleza da natureza, árvore da vida.
A alegria não nasce pronta, nem a tristeza e o amor é tão longe.
Em breve estaremos mais longe. Vou renovar minha alegria na mangueira, que vai além de mim. Muito mais. Muito mais.
Tem sempre uma surpresa na vida, a vida que trai a gente, como dizia Manuel Bandeira.
Kapetadas
1 – Darwin falou alguma coisa sobre a devolução da espécie?
2- Digam o que disserem, silêncio é sempre bendito.
3 – Som na caixa – “Que a dor é tão velha que pode morrer”, Chico B.
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