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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Crônica inacabada

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publicado em 13/11/2021 às 08h15

Eu gosto de ir pra rede, antes da cama e acordar com o sol, ir caminhar na praia e aproveitar esse espaço que Deus me deu, o amanhecer. Deus dará.

Já passou o tempo das noitadas nos bares de Tambaú e em Sampa. Mesa de bar barulhento, cerveja: “garçom traz a saideira” e fumaça de cigarro, tô fora. Jamais.

Respeito às pessoas que adoram a noite, beber bastante e voltar pra casa de madrugada, felizes, e só acordam ao meio-dia. São escolhas. A morte virá para todos.

A solidão não me devora. Os livros e discos são minhas companhias. Mas existem alguns que só ficam felizes rodeados da turma, aquela turma da curtição, sabe?  Tô fora.

Gosto de ler na rede, na varanda, livros novos ou antigos, com o mesmo short azul do início da pandemia – tenho alguns, lavou, tá novo. Gostaria de me afastar do celular, mas e o trabalho?

Fujo da televisão, dos temas – traficantes, corrupções, feminicídios triplicados, bandidos, estupros, Datenas, porradas, sacanagens inúmeras, até dos algoritmos. Porém, se o amigo aí gosta do que eu não aprecio, ok. Faça sua farra maldita e pague a conta.

Minha mãe dizia – meu filho quando você chegar num ambiente em que estejam discutindo religião, entre católicos, pentecostais, candomblés ou Testemunhas de Jeová, vire um deles na hora, mas não se manifeste.

Meu pai dizia, meu filho cachorro velho não aprende novos truques. Mas hoje em dia, tudo me parece truque, meu papito.

Adoro arroz, que às vezes chamo de arrozinho, feijão verde, bife de caçarola, uma folha de alface do quintal, rúcula e, de vez em quando um camarão, que chega de presente, mas a gente conta o milagre, o santo não.

Muitos têm opinião diferente e eu respeito. Mas não convivo, parabéns a todos e bom apetite nas suas refeições gordurosas.

Adoro viajar, mas não posso. Ainda tenho que trabalhar muito e isso me agrada, porque é minha arte, que sustenta a família, mas se eu pudesse estaria hoje no Rio, a cidade mais bonita e sedutora.

Uma amiga disse que eu preciso aprender a tocar violão, que ainda dará tempo e que eu poderia ser um bom compositor. Até dizem que tenho uma voz afinada. Se isso acontecer, darei adeus ao jornalismo.

Outra amiga lá atrás, quando comprei o primeiro Fusca, disse que ia sentir falta das crônicas que eu escrevia da janela dos ônibus. Nunca deixei de escrever um só dia.

Gosto de café coado, mas às vezes tomo um carioca, esses que as máquinas fazem. Adoro Roma, um lugar que eu moraria, assim como Lisboa, velha cidade.

Ostentação não é comigo, mesmo que eu tivesse pano para as mangas.

Não gosto de futebol, nem de torcidas. Antes que me acusem de careta, eu sei ser careta. Já não levo mais topadas, mas tenho muito cuidado onde piso.

Manto da liberdade

Tem uma coisa que eu prezo acima do céu e da terra, é minha opinião, que é o manto da minha liberdade. Ou seria um mantra?

É isso, comecei essa crônica agora, depois eu termino.

 Kapetadas

1 – Vocês conseguem não pensar em like, cancelamento, ódio, necessidade de julgar o outro por pelo menos um minuto? Que inferno de mundo!

2 – A cada pensar sobre a fragilidade da vida, um repensar sobre as prioridades.

3 – Som na caixa: “Eu, minhas lágrimas e o rio/os três num só/e as horas corriam/que nem sei”, Milton Nascimento.

4 – A foto eu fiz ontem, bem cedo no mar do Cabo Branco.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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