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Antônio Colaço Martins Filho é chanceler do Centro Universitário Fametro – UNIFAMETRO (CE). Diretor Executivo de Ensino do Centro Universitário UNIESP (PB). Doutor em Ciências Jurídicas Gerais pela Universidade do Minho – UMINHO (Portugal), Mestre em Ciências Jurídico-Filosóficas pela Faculdade de Direito da Universidade do Porto (Portugal), Graduado em Direito pela Universidade Federal do Ceará. Autor das obras: “Da Comissão Nacional da Verdade: incidências epistemiológicas”; “Direitos Sociais: uma década de justiciabilidade no STF”. E-mail: [email protected]

 O paradoxo da retomada escolar 

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publicado em 18/10/2021 às 10h54

Ainda no primeiro trimestre 2020, os poderes públicos estadual e municipal, em sua maioria, proibiram a realização de atividades educativas presenciais. O fechamento das infraestruturas físicas das escolas fez com que muitas adotassem o modelo remoto, com transmissão online de aulas. Com a impossibilidade de atender presencialmente, algumas escolas mais resistentes ao uso de tecnologia (whatsapp, email etc) em sua relação com os pais passaram a adotar algumas dessas tecnologias.

A transmissão de aulas online trouxe a sala de aula para a sala-de-estar do brasileiro. As atividades escolares invadiram o cotidiano das famílias nos últimos anos. Com a escola ao avesso, os pais passaram a ter conhecimento sobre conteúdos e práticas anteriormente só revelados aos alunos e professores.

Por outro lado, escolas que só se comunicavam com os pais de forma controlada, no ambiente planejado das reuniões com os pais, viram-se obrigadas a abrir um canal de comunicação digital permanente. Nesses casos, a disponibilização de um canal digital para transmissão de informações e recebimento de sugestões dos pais representou um grande avanço em termos de abertura de algumas escolas mais tradicionais para colher as percepções dos pais.

Os meses de restrição de atividades presenciais deram, às escolas, oportunidades de desenvolver novas formas de entrar em contato com as famílias e entender seus anseios e expectativas em relação ao processo educativo.

Com o retorno à modalidade presencial, a voz das educadoras deixa de reverberar nos recintos domésticos e as práticas escolares tendem a voltar a ser ignoradas pelos pais. No que diz respeito à acessibilidade digital, algumas escolas já não fazem uso dos novos canais de comunicação com a mesma intensidade. Para agravar a situação, os protocolos sanitários fizeram com que as escolas restringissem ainda mais o acesso dos pais aos ambientes escolares.

Em suma, de forma paradoxal, o retorno às atividades presenciais pode gerar mais distanciamento das famílias em relação ao cotidiano escolar. Nesse contexto, entendo que os gestores escolares devem ampliar os novos canais de comunicação com a família e considerar os novos comportamentos e tecnologias para aprimorar os serviços prestados e criar novos modelos de aprendizagem.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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