Ao contrário dos brasileiros que dizem ter tantos anos, os ingleses dizem que são tantos anos velhos. Tem razão; nós não temos o tempo que vivemos, ele já se foi.

     Décio Moura, amigão, mentia deslavadamente quando perguntavam a sua idade, mas sempre exagerava para mais. Aos sessenta dizia ter setenta só para ouvir as pessoas elogiarem sua juventude. Aprendi com ele e digo que vou fazer oitenta anos. Depois dos elogios, emendo logo: “- Pois é; vou fazer sessenta e sete, sessenta e oito…até chegar aos oitenta, pode apostar”.

     Isso me lembra um vendedor que conheci há muito tempo na feira de Jaguaribe. Ele tinha uma mala e na mala uma espécie de aquário onde nadava um peixe comprido, o Poraquê,  (foto) de origem amazônica e elétrico. O vendedor falava a mais não poder e vez por outra colocava uns fios dentro da agua acendendo uma lâmpada. Era incrível, e se era um truque pouco importava, porque ele conseguia vender o seu “elixir da longevidade”, extraído do tal peixe. Dizia ter 300 anos de idade e meu primo Juca, desconfiado, perguntou ao auxiliar do vendedor se era verdade. “- Não posso confirmar porque só estou trabalhando com ele há 120 anos”.

     Pensam que é mentira? Pois bom. Em Lisboa eu visitei um museu que exibe uma ossada de dinossauro. Perguntei ao guia do museu qual a idade do animal e ele, muito firme: “- Tem exatos um milhão e dez anos”. Tamanha certeza me deixou curioso; por que esses dez anos? E o guia, já meio impaciente: “- Ora pois; quando eu vim trabalhar aqui me disseram que a ossada do dinossauro tinha um milhão de anos. Como eu já cá estou a exatos dez anos, é logico que ele tem um milhão e dez anos, ó pá!”.

     E ainda sobre idade, dizem que Olacir de Morais, o milionário, namorava garotas bem novinhas, apesar de já ter 80 anos. “ Qual o segredo, seu Olacir?”

     “- Eu minto; digo que tenho 90 anos e elas pensam logo na minha herança.”.

     Como dizia Nelson Rodrigues, dinheiro compra até amor verdadeiro. Que cousa!

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