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Obesidade ameaça crianças na Paraíba, aponta estudo

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publicado em 13/10/2012 às 09h15

 Das 42.864 crianças entre 0 e 10 anos que passaram pelas unidades de saúde na Paraíba, 18,96% estão com risco de sobrepeso, 7,95% estão com sobrepeso e 7,45%, com obesidade, segundo estudo realizado pelo Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan). Buscando diminuir os efeitos de uma alimentação cada vez mais artificial, escolas particulares de João Pessoa assinaram documento, no início do ano, se comprometendo a oferecer uma alimentação mais saudável aos seus alunos. Além disso, a Coordenação Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Educação está trabalhando em um projeto de lei exigindo a retirada de alguns alimentos das cantinas dos colégios.

“Existe uma lei federal nesse sentido, segundo a qual a alimentação oferecida nas escolas deve ser saudável. No Rio Grande do Norte, foi criada uma lei que exige a retirada de certos alimentos, como refrigerantes e salgadinhos das cantinas. Estamos trabalhando para que isso comece a ocorrer aqui na Paraíba, também”, afirma a coordenadora do Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Educação, Fabiana Lobo. Como somente o Poder Executivo e o Legislativo são responsáveis pela criação de leis, o projeto foi encaminhado à Secretaria de Educação para que fossem tomadas as medidas necessárias. A próxima reunião que irá discutir o projeto está prevista para o final de agosto.


Nas cantinas, comida saudável

Já o documento assinado pelas escolas privadas de João Pessoa prevê que elas irão disponibilizar alimentos mais saudáveis em suas cantinas e, também, que irão promover campanhas de conscientização sobre a importância de uma alimentação saudável. A ação envolve a Sociedade Paraibana de Pediatria, o Ministério Público, as Curadorias da Criança e Adolescente, Consumidor e Educação, além dos diretores das escolas particulares e seus sindicatos.

“O que nós queremos é que a criança aprenda a se alimentar melhor. E se ela aprender isso, acabará transformando toda a sua família”, afirma a nutricionista Ana Cristina Ramos, coordenadora do Departamento de Nutrologia da Sociedade Paraibana de Pediatria. Segundo ela, é necessário que haja toda uma mudança de paradigma, portanto as mudanças, de fato, só poderão ser sentidas a longo prazo.


Escolas orientam estudantes

Algumas escolas da cidade, no entanto, já implantam um programa de orientação e acompanhamento nutricional e já vêem bons resultados. É o caso da Escola Internacional Cidade Viva, que possui o programa desde quando foi fundada, há três anos. Segundo a nutricionista Rossana Lucena, uma das oito profissionais da área na escola, são realizados acompanhamentos nutricionais, oficinas de gastronomia semanais em que as crianças aprendem a ter prazer na hora de preparar o alimento, campanhas contra o desperdício, além de aulas de nutrição nas quais as crianças estudam doenças causadas por uma má alimentação e a importância dos alimentos.

Além da educação nutricional, as crianças também se sentem estimuladas a adquirir uma alimentação mais saudável por conta dos próprios colegas. Ao verem os outros comendo verduras, por exemplo, eles as incluem em seus pratos. “Existem crianças que levam o exemplo para dentro de casa. Alguns pais dos nossos alunos começaram a fazer dieta para se acostumar ao ritmo dos filhos”, afirma Rossana.

Números

Na Paraíba, a população infantil entre 0 e 10 anos compreende, ao todo, 605.296 crianças, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. As 42.864 crianças avaliadas pelas unidades de saúde representam, portanto, 7% dessa população. A pesquisa foi realizada levando em consideração os fatores peso/altura.


Obesidade vence desnutrição

“Antigamente, o principal problema enfrentado era a desnutrição. Agora, é a obesidade”, lembra a nutricionista. Além do efeito estético causado pelo aumento no peso, há, também, uma maior probabilidade dessas crianças adquirirem doenças como diabetes ou doenças cardíacas. De acordo com ela, as principais causas da obesidade são os hábitos alimentares e o sedentarismo.

Questões genéticas, embora muitos acreditem que exercem uma grande influência, não são os principais causadores. O que parece que é genético é, na verdade, hábito familiar. Assim, uma criança que tem um pai ou uma mãe que sofre de sobrepeso, não pratica exercício e tem uma alimentação irregular acabará adquirindo o mesmo comportamento, caso não haja uma conscientização. “Os pais deveriam adotar uma rotina que incluam caminhadas com os filhos, por exemplo. Já que a violência tem feito com que as crianças saiam cada vez menos de casa para brincar na rua, essa seria uma forma de fazer com que a criança passe a ter hábitos saudáveis”, explica a nutricionista.

Guloseimas não estão proibidas

Em relação à alimentação, não se deve proibir o consumo de guloseimas mas, sim, evitar. “Se são os pais que fazem as compras, eles devem simplesmente não comprar. No lanche da escola, por exemplo, em vez de dar dinheiro para a criança comprar algo na escola, uma opção é mandar uma salada de frutas feita em casa”, explica Ana Cristina. Outras alternativas de lanches seriam bolos ou sanduíches feitos em casa e biscoitos de leite
“Só é dar uma voltinha pela cidade que você percebe. Você só vê fast food. E o pior é que o preço barateou muito. Em todo canto você vê uma coxinha e um refrigerante por R$ 2,00. E isso, claro, é tudo que as crianças gostam”, afirma a nutricionista. Segundo ela, além do problema da alimentação, os hábitos das crianças estão cada vez menos saudáveis. Neste ano, a principal recomendação da Sociedade Paraibana de Pediatria é que uma criança passe no máximo duas horas por dia em frente à televisão. “As crianças não saem mais para brincar. Não se vê mais nenhuma criança pulando corda ou brincando na rua. Elas agora só querem saber de computador ou televisão o que, claro, só faz com que engordem mais ainda”, explica.

Fiteiros em colégios são retirados

A remoção de barracas e fiteiros próximos a escolas de João Pessoa, que vem sendo realizada desde o ano passado, está prevista para ser finalizada até o mês de dezembro. “Eles estão sendo realocados gradativamente para shoppings e mercados, de acordo com suas atividades e onde residem. Alguns, por exemplo, foram transferidos para o Centro de Serviços e Comércio do Varadouro”, declara o chefe do Núcleo de Cadastros da Secretaria de Desenvolvimento Urbano de João Pessoa, Hallyson Arruda. Segundo ele, no entanto, não há um número concreto em relação à quantidade de fiteiros e barracas que já foram realocados. A ação está sendo realizada de bairro em bairro, porém também não existe uma estatística de quantos bairros ainda faltam.

A ação desenvolvida pela Sedurb visa não só acabar com a facilidade que as crianças têm a uma alimentação desregrada, mas está sendo realizada, também, devido a denúncias de tráfico de drogas e exploração sexual que estariam ocorrendo nesses pontos.

Jornal Correio da Paraíba

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