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Francisco Leite Duarte é Advogado tributarista, Auditor-fiscal da Receita Federal (aposentado), Professor de Direito Tributário e Administrativo na Universidade Estadual da Paraíba, Mestre em Direito econômico, Doutor em direitos humanos e desenvolvimento e Escritor. Foi Prêmio estadual de educação fiscal ( 2019) e Prêmio Nacional de educação fiscal em 2016 e 2019. Tem várias publicações no Direito Tributário, com destaque para o seu Direito Tributário: Teoria e prática (Revista dos tribunais, já na 4 edição). Na Literatura publicou dois romances “A vovó é louca” e “O Pequeno Davi”. Publicou, igualmente, uma coletânea de contos chamada “Crimes de agosto”, um livro de memórias ( “Os longos olhos da espera”), e dois livros de crônicas: “Nos tempos do capitão” …

A maçã falsa do paraíso

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publicado em 26/03/2021 às 08h02

Havia muitas frutas naquela cesta. Algumas muito verdes; outras bem azedas, algumas já enrugadas, outras, nem frutas eram. Eram fake news, impróprias para degustação humana, mas quaisquer umas delas, porque a perfeição não é coisa desse mundo, poderia ter sido escolhida pelo indivíduo de bom senso, menos a ocorrida. Havia tantas opções no jardim das aflições!
Mas, naqueles dias, a serpente estava em um viço desmedido: um kit gay dependurado no pescoço balançava o rabo, uma mamadeira de piroca na bocarra, que estava aberta e gosmenta; o esturro das casernas ao meio tom, o rosnar raivento de uns senhores já defumados pelo tempo, o fru-fru-fru malicioso das madames cristãs e do lar, uma claque de ressentidos e a mentira…Ah, a mentira escorria feito disenteria por dentro das telas verdinhas dos celulares dos ricaços, ou de quem fizessem as vezes, muito embora fossem pobres de mavé gepê: De prata e de juízo.
Como não cair na astúcia daquele tempo em que todos os avisos não são ouvidos? Com muito gosto, com muito gosto, foi a resposta. Eis o resultado: O instinto selvagem, ígneo fogo dos disparates retumbantes, eclodiu em lavas virulentas; a raiva mais secreta das almas peçonhentas encheu de cegueira os olhos de toda gente; a boca, fossa escura ao céu aberto mordeu uma maçã falsa e por um momento deliciou-se de ilusão.
Eram maçãs falsas, podres. Pequis espinhentos gangrenando a vida. Tempo cruel, esse. Não foi uma só pessoa, única Eva abduzida por uma serpente venenosa, ou por um cão raivento, ou por milhares deles. Milhões de pessoas caíram na armadilha, algumas delas encalacradas pelos cantos maviosos dos próprios desejos mais sórdidos estourando a boiada de repente.
. Que pena! A macieira não era a árvore do conhecimento, nem da abundância, nem da ética, nem da eficiência. Era velho cancro de décadas passadas. Três efeitos deletérios dessa xaropada ideológica regada a canto gospel e grito da caserna saltam aos olhos: A morte, a estupidez, a prepotência. Valha-nos Deus, onde é que estávamos com a cabeça? Em cima do pescoço, responderam trezentas mil mortes!
Silêncio. Revolta. Respeito.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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