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Antônio Colaço Martins Filho é chanceler do Centro Universitário Fametro – UNIFAMETRO (CE). Diretor Executivo de Ensino do Centro Universitário UNIESP (PB). Doutor em Ciências Jurídicas Gerais pela Universidade do Minho – UMINHO (Portugal), Mestre em Ciências Jurídico-Filosóficas pela Faculdade de Direito da Universidade do Porto (Portugal), Graduado em Direito pela Universidade Federal do Ceará. Autor das obras: “Da Comissão Nacional da Verdade: incidências epistemiológicas”; “Direitos Sociais: uma década de justiciabilidade no STF”. E-mail: [email protected]

Os cavalos de Ford

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publicado em 08/03/2021 às 07h15
atualizado em 08/03/2021 às 04h17

Atribui-se à Henry Ford (foto) a célebre frase: “Se eu perguntasse às pessoas o que elas queriam, elas teriam dito: cavalos mais rápidos.” Alguns utilizam a frase para relativizar a importância da percepção do consumidor, que seria incapaz de dar elementos suficientes dos produtos que estaria disposto a adquirir. Outros, a meu ver acertadamente, concluem que o visionário Ford captou a essência do desejo do consumidor: mais velocidade.

Em todos os ramos da economia – e o ensino superior particular não é exceção – os gestores das grandes corporações buscam ampliar a oferta de produtos e serviços a partir das aspirações dos clientes. Empresas como a Amazon notabilizaram-se pela capacidade de fazer uso das tecnologias emergentes para ofertar conveniências digitais aos seus clientes.

No ramo automobilístico do precursor Henry Ford, alguns obstáculos dificultam a oferta de carros autônomos em massa. Um dos desafios diz respeito ao fato de que as vias, as regras de trânsito, o comportamento dos condutores e dos pedestres, enfim, o contexto em que os carros autônomos se circunscrevem não foi desenhado para abrigar carros autônomos.

Ao pensar na aplicação de novas tecnologias (realidade virtual, analytics, inteligência artificial, Internet das coisas…) no ensino superior, deparamo-nos com um desafio análogo ao dos carros autônomos. O contexto educacional tradicional é composto por salas de aula com modelo industrial, estrutura organizacional departamentalizada, cultura usualmente refratária à inovação etc. Tal contexto não favorece a implementação de novas tecnologias digitais.

Ocorre que o corpo acadêmico (docente, discente e técnico-administrativo) tem se utilizado de tecnologias de educação remota por cerca de um ano. Portanto, o contexto educacional sofreu relevantes alterações. O que se viveu não será “desvivido”, o que foi experimentado, não será “desexperimentado”. É muito pouco provável que retornemos a contexto semelhante ao de 2019. O atual estágio da educação superior favorece a experimentação de novas tecnologias, na medida em que põe em xeque muitos dos elementos ambientais formatados para uma economia não digital.

Em jeito de conclusão, ousamos vaticinar que as universidades que aproveitarem o atual momento de desconstrução forçada da experiência educacional para redesenharem suas vias (seus processos), serão mais bem-sucedidas na criação de novos serviços educacionais digitais. Essas instituições serão mais capazes de criar novas ofertas educacionais e adaptarem-se constantemente às demandas da sociedade.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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