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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Figurinha de Chico Xavier

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publicado em 06/02/2021 às 08h31
atualizado em 06/02/2021 às 05h35

(Para Milton Marques)

Estou pensando na “Montanha Mágica” (1924) – de Thomas Mann. Vou reler como se fosse a primeira vez, para me dar conta que algum dia já tenha lido. Terei a certeza de outras escaladas.

Na época em que li o calhamaço “Montanha Mágica”, década de 80, eu já tinha lido “A Hora da Estrela”, de Clarice Lispector. Qual é a hora da estrela? Dalva?

Essa semana estava conversando com a professora Julie Osias e ao final trocamos figurinhas, literalmente. Ela mandou uma de Chico Xavier e logo veio o fluxo da voz calma dele, sem me ater em lembranças de nenhuma narrativa. Concluo: sempre admirei Chico Xavier.

O fato de Chico Xavier ter virado pop, sem a necessidade de viralizar, isso de fronteiras, de velocidade, talvez, não é o melhor jeito de lembramos da pessoa dele, que nunca esqueceremos. Chico é luminar.

Sei que essa coisa de figurinha é uma resposta carinhosa. A leitora Tereza Suassuna disse que eu estou escrevendo cada dia melhor (são os olhos dela). O professor Colaço Filho, colunista do MaisPB, disse que o K é uma máquina. Eu não vivo sem escrever.

Acho que tem me ajudado mais, o meu trabalho, e a minha intimidade com os textos, mas o Chico aqui é outro. Sei também que mudar o paradigma é como construir uma horta sobre um platô de pedra, que nem o Federico Fellini suportaria. Só falei no cineasta, por causa do platô. Não gosto de passar recibos.

A pandemia nos colocou num lugar mais esquisito que o mundo e não sabemos nem por onde circular. Olho para os vasos pequenos do nosso jardim, depois os vasos maiores e todos formam uma aquarela, sem a necessidade de exacerbar a cena.

Vejo Chico Xavier nas claridades, até no sentido de cavar e chegar noutro lugar. Os vasos com plantas coloridas estampam a imagem risonha de sua figurinha.

A luz se refaz na escuridão. Nunca haveremos de esquecer da figura de Chico Xavier, vejam bem, a figuração, o ser, o homem bom, quando veio a figurinha bem delicada, com a imagem dele.

Chico está dentro das nuvens, na sangria do Açude do Capão, nos arredores de Pedro Leopoldo, (Minas), no sopro de espírito em nossa paisagem e em todas estações a que somos destinados, ofícios, peles, ossos, esses, aqueles e os que ainda não chegaram.

Eu sempre digo a minha mulher: Já, já anoitece. E eu gosto muito do amanhecer.

A mulher e o gato

A mulher que jogou o gato para o cão comer, esta semana, aqui em João Pessoa, foi um ponto fora do silêncio imenso e meu coração ficou cheio de pedras. Não sei o que dizer, remover ou cavar na pedra? A mulher, o cão e o gato também são figurinhas?

Vou à Montanha Mágica. Não para passar pelo sanatório de Davo, mas para sentir e refazer, essa viagem com Thomas Mann.

Kapetadas
1 – É isso mesmo, somos todos passageiros. Mas a maioria viaja no porta-malas.
2 – O sucesso morreu. Se ter sucesso é bombar, o mundo anda bem explosivo.
3 – Som na caixa: “Menino Deus/Quando tua luz se acenda/A minha voz comporá tua lenda/E por um momento haverá mais futuro do que jamais houve”, Caetano Veloso.

MaisPB

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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