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Médico. Psicoterapeuta. Doutor em Psiquiatria e Diretor do Centro de Ciências Médicas da Universidade Federal da Paraíba. Contato: [email protected]

O amor se chamará poesia

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publicado em 03/11/2020 às 06h50

Outubro. Nesse 31, dia nacional da poesia. Nascimento de Drummond (foto). Dia de poetas. Bruxas, deleites e flores. Dia da mansidão. Do olhar atento ao que se passa na rua. Do elogio à contemplação pura, aos mistérios, aos medos , saudades e sonhos. Dia do silêncio, do auto inocular-se de centelha e palavras. E quando tudo por dentro se transforma, escrito, transforme tudo de fora.

Há lugar para tudo. Antes, porém, plaina o cronômetro da sabedoria, do pensamento reflexivo e bondoso. Pode haver tiros de canhões, acaso seja urgente a legítima defesa da humanidade. A ideia é pintar a alma de serenidade. Salvar a todos, cujos valores que brotam no arvorecer.

Poeta é andante do bem. Veste-se, ora de mendigo. De milionário. De mulher. De quem sofre. De palhaço. De todas as fantasias que vestem nossos sentimentos mais românticos. Mais duros. Até nossa arrogância mais daninha. O que ele quer mesmo, é que pensemos no que é bom. Na beleza. Na gentileza. Para não ser pleonástico, evito a palavra amor. É dessa massa de modelar que o fizeram pela primeira vez, lá na Mesopotâmia quando se escreveu o possível primeiro poema, a Epopeia de Gilgamesh.

O poeta é um pontuador onde não há ponto. Um norteador quando não há norte. A essência quando só se mostra capas, emojis, figuras e artimanhas. Palavras frívolas que são arrumadas em projetos arquitetônicos que moldam formas e coloridos. Outros poemas viram canção, quando se ventila a vida de quem padece, de quem humildemente agradece, de quem solidariamente se doa. De quem em pensamento voa.

Todos “Os Justos”, como os tratou Jorge Luís Borges, cabem nos poemas. Um homem que cultiva o seu jardim; o que agradece a música que há, uma mulher e um homem que leem os tercetos finais de um canto; quem acarinha um animal adormecido, o ceramista que dar forma e cor[…]. Todos, que como eu e você, ignorados, e tantos outros que nos são semelhantes, “estão a salvar o mundo”. Como Jorge e todos os poetas que, num piscar, arrumam versos e pregam pela justiça e a paz. Quem sabe, o amor ainda se chamará poesia.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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