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Médica paraibana com residência em Medicina do Sono pelo Hospital das da Faculdade de Medicina da USP, título de especialista em Neurologia pela Academia Brasileira de Neurologia, membro da Academia Brasileira de Neurologia, título de especialista em Neurofisiologia pela Sociedade Brasileira de Neurofisiologia

“Deus ajuda quem cedo madruga?”

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publicado em 28/10/2020 às 06h06

Quantas vezes escutamos esta frase, não é mesmo? Outra frase, também frequentemente citada, é a de que devemos estudar e trabalhar enquanto os nossos “concorrentes” estiverem dormindo e descansando. Vamos refletir um pouco sobre esses conceitos?

A ideia de que “tempo é dinheiro” surgiu tentando relacionar a troca do tempo dedicado ao trabalho ou à realização de algo que gere lucro ou dinheiro. Juntamente com esse conceito, no ápice do capitalismo, surgiu a ideia de que dormir era “perda de tempo”. Ora, se tempo é dinheiro e eu consigo dinheiro através do trabalho, quando estamos dormindo, estamos “perdendo” dinheiro.

Essa falsa ideia de que dormir (foto) é perda de tempo foi desmoronada com o estudo do sono e de doenças relacionadas à falta do sono. Existe uma doença, que se caracteriza pela redução do número de horas de sono, decorrente da alta demanda social, de estudo e de trabalho. Nós chamamos esta doença de Síndrome do Sono Insuficiente.

A Síndrome do Sono Insuficiente se manifesta com diversos sintomas, acometendo todos os sistemas corporais. Esses sintomas variam desde sonolência, fadiga, aumento da pressão arterial, arritmias cardíacas, problemas de memória, irritabilidade e humor deprimido.

Durante o sono, há uma queda da temperatura corporal, da pressão arterial, da frequência dos batimentos cardíacos. É durante o sono que ocorre a produção e liberação de diversos hormônios, além da formação e consolidação da memória.

Hoje em dia, fala-se bastante sobre os pilares de uma vida saudável, que inclui alimentação balanceada, prática de atividades físicas e, não podemos esquecer, do sono como prioridade para uma boa qualidade de vida.

Portanto, se você estiver trabalhando enquanto seu concorrente estiver dormindo ou se você “madruga cedo”, colocando seu sono em segundo plano ou acreditando que “dormir é perda de tempo”, saiba que o preço que pagamos por esse débito de sono é muito alto. E não adianta tentar compensar essas horas perdidas prolongando o sono nos finais de semana. Que tal começar um novo estilo de qualidade de vida, incluindo o sono como uma prioridade?

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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