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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

A excelência e a aleatoriedade do Brasil

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publicado em 05/09/2020 às 07h00
atualizado em 04/09/2020 às 16h19

Meia boca ou boca cheia? Tanto faz. O que este mundo está precisando é de excelência. Sabe quem disse isso? O professor Clóvis de Barros Filho (foto). Ele disse que o contrário é… “nas coxas”. Muitas coisas são feitas nas coxas: penso que nenhuma serve.

A pandemia varreu do mapa a palavra – excelência. Ou gente que ao menos saiba o que é excelência, que passa longe da cerimônia das festinhas e bacanais. Aliás, as festas já voltaram e os bares estão cheios de pessoas que mataram o Covid 19 a pauladas. Que loucura, excelência! E a vida? Excelente.

Excelência, segundo Clóvis, não vem de agora. Ou seja, nada vem à toa. Não tem nada a ver com matemática, sequer com a lógica, jamais com a lojista. É tão engraçado o Brasil, todo mundo tem uma opinião formada sobre tudo, assim como todo mundo “é médico por excelência”.

Uns acham pomposo dizer – V.Ex.a é uma figura impoluta. Eu acho careta, mas a excelência aqui é outra. Tem os que não sabem se comportar, e há quem acredite que nada disso tenha a menor a importância. E não tem mesmo: a importância está em ser talentoso, não conversar besteira, nem querer ser sabido demais, mas você pode ser tudo que você quiser, isso é um problema seu.

Confundem excelência com tudo, com glamour, formalidade, com cargos ou coisas sobre as quais consultaríamos Jean Paul Gaultier ou, sei lá, a senhora Danuza Leão, com nosso repelente conceito de boas maneiras. Até a tal deselegância? Melhor ouvir Wille Nelson e Wynton Marsalis – “Two man with the blues”. Voltemos ao barro, digo ao professor Clóvis de Barros.

Li que um mestre disse ao seu discípulo que tudo que o ocidente tinha a ofertar era o dom da honestidade – o dom de questionar não só os que os outros sabem, mas também o que você mesmo não sabe, e o que é óbvio e sabido por todos, e o que é verdade; e que é impressionante o que aqueles ocidentais incansáveis e avidozinhos conseguiram realizar com isso. Nada. Aliás, por que saímos do tema? Teorema, 1968. Pasolini.

O oriente, por sua vez, teria a ofertar ao ocidente o supremo dom da harmonia, que falta por aqui. Tanto tabefes, grosseria, sexo vendido em promoção, gente metida, gente escrevendo bobagens em suas redes sociais, gente que não sabe o que diz e até gente metendo a colher onde não é chamado. A penúltima loucura dos jovens mancebos (pb) traindo suas mulheres de Atenas, não é nenhuma novidade. A pujança reina. E a tal da excelência? Turquia forever.
Aliás, não tem cabimento acreditar que seres ou não seres superiores existam, se eles não conhecem a excelência, quando, na verdade, a mais idiota superioridade não supera nada. O poeta Fernando Pessoa estava certo em gostar das pessoas inferiores porque elas são superiores também. Mas tem especialista pra tudo. Aliás, eu amo a aleatoriedade do Brasil.

As loucuras habitam as cabeças grandes dos babões, que estão em toda parte: coitados. Preciso ser mais educado, né professor Clóvis? Outro dia vi um cara tirando as caspas do paletó de seu chefe. Ora, quem tem chefe é índio, mas índio não tem caspa, índio agora tem Covid. Onde está a excelência? É, a coisa nunca esteve tão feia.

Hoje em dia, palavras como “o máximo”, “poderosa”, “arazzô” não chegam perto da mais útil função da excelência do bombril. O Clóvis de Barros alerta até para o beijo na boca. Tem gente aí que beija olhando para o celular. Sacanagem.

O Instagram virou um cubículo, cenas de banheiros, panelaços e laços que não enlaçam nada.

Excelência, transforme a realidade. Subverta. Infiltre-se nas noções preconcebidas e se afaste dos sem noção. Invente novos idiomas e vocabulários incessantemente. Provoque e mude os pontos de vista.

Narro apenas o indiferentemente dos que têm ou sem cultura, a história de muitas sem excelências. São opiniões, e, se nelas nada digo, é que nada tenho a dizer.

Eu só não quero é ficar esperando parado pregado na pedra do Porto de Cabedelo. Cabedelo? Pois é, a pandemia virou um negócio da China.

Kapetadas
1 – Se é proibido proibir então a proibição está proibida o que é uma proibição logo não é proibido proibir.
2 – Você é um exemplo de superação, todos te superam.
3 – A vida é uma ilha cercada de mágoas por todos os lados.
4 – Som na caixa: “A minha vingança é sorri”, Ana Canãs.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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