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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

O véu da pandemia

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publicado em 11/07/2020 às 07h00
atualizado em 10/07/2020 às 16h40

A postura de uma pessoa que deseja a morte de outra incomoda particularmente a ela mesma. Não se trata de inveja, nem de olho grande, mas não tem sentido e não posso dizer o mesmo do discurso de quem faz selfie diante de tragédias ou das declarações dos horrores manifestadas com likes e comentários terríveis. Dá no mesmo.

Partindo do princípio de que a maldade tem origem unívoca, coisa de quem veio ao mundo, perdeu a viagem e quer destruir a viagem do outro, esses indivíduos que se servem de tais gestos para espalhar a disseminação do ódio no mundo, tá foda. Daqui a pouco não mais conseguiremos escrever.

Ora, o que não falta por aí são exemplos de bondade, de gente que sabe que fazer o bem é uma obrigação do ser humano. Aliás, vem de Jesus, ou dos mais remotos tempos, o “fazer o bem sem olhar a quem”. Ser bom, ser honesto, não é algo exclusivo de ninguém em particular.

Vejamos alguns exemplos: se uma pessoa está desesperada e sobe num prédio para pular ou da janela do apartamento, a multidão que se junta lá embaixo, quer ver o corpo cair. Essa parte da história do homem é bem conhecida. Bem cruel. Interminável!

Várias pessoas torcem contra a saúde de outras. Talvez venha daí a assertiva de que muitos escondem doenças, porque existe os que torcem contra a vitória daquela pessoa ou família. Não sei se isso é doença: não sou médico, sou jornalista.

O aviso ameaçador está na cara de muita gente. Gente que adora saber que aconteceu uma tragédia e liga a TV para contar o número de mortos. Ser solidário é difícil. Isso sem falar na Covid 19.

Gente que humilha garçons, empregados, funcionários, que grita com entregadores (deliveries). Gente que é capaz de inventar histórias escabrosas para destruir a reputação do outro e gente que vive dando calote, mas não é desse grupo que eu estou falando.

Se a pessoa salta de paraquedas e o não consegue chegar vivo ao solo, tem gente que adora. É impressionante o ser humano. É preciso que se faça uma campanha, duas, mil campanhas para alertar contra a violência doméstica, mas parece que não funciona. Todos os dias homens matam “suas” mulheres, mas o assunto aqui é outro.

A polarização está ao rubro, o crescimento da maldade se avizinha ao ódio e a miséria, que vão tornar ainda mais aliciante o discurso exacerbado dos maldosos. Eu já não penso que a tempestade esteja a caminho – já chegou, faz tempo. Neste momento estou convencido de que chegamos ao furacão. E a bonança? Ah, isso é do tempo em que a gente era pequeno.

A pandemia tem levantado o véu sobre inúmeras realidades do mundo tão pouco conhecidas ou já batidas de nossas retinas. Pessoas que se revelaram pior e vão ficar mais ainda. É isto. E isto é uma sensação dilacerante. Por favor, não deseje a morte de ninguém.

Kapetadas

1 – Vejam bem – se importar com mortes não define partido. Define senso de humanidade. Se não tiver algo proveitoso para falar sobre, ao menos fique calado. Mas não deseje a morte do outro.
2 – Imagens que trazem paz. – a falta dos abraços.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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