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Hospital laureano usa biologia molecular no diagnóstico do câncer

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publicado em 06/08/2013 ás 16h14

O diagnóstico de câncer é realizado por médicos patologistas após a análise de amostras teciduais provenientes de biópsias ou de procedimentos cirúrgicos mais radicais, a exemplo da mastectomia. Além do estudo morfológico ao microscópico (exame histopatológico), muitas vezes o tumor necessita de melhor caracterização com o uso de técnicas mais detalhadas, como o estudo imuno-histoquímico (IHQ), que é uma reação imunológica onde se examinam antígenos presentes nas células cancerígenas.

Em alguns casos, mesmo após o estudo histopatológico e por IHQ, certas lesões neoplásicas precisam ser investigadas em nível molecular, ou seja, através da análise cromossômica da célula – a chamada Biologia Molecular. Na Paraíba, apenas o Hospital Napoleão Laureano (HNL) realiza este tipo de exame. Para alcançar este elevado nível cientifico o HNL equipou o seu Laboratório de Anatomia Patológica com avançados aparelhos.

Câncer de Mama Tratamento Diferenciado

De acordo com Alexandre Rolim, patologista chefe do Serviço de Anatomia Patológica do Hospital Laureano, os primeiros resultados utilizando este novo método foram obtidos no mês de julho deste ano. Segundo ele, o uso do histopatológico em combinação com o estudo imuno-histoquímico permitem diagnosticar e classificar a maioria dos tipos de câncer, bem como orientar o correto tratamento a ser utilizado, como cirurgia, radio ou quimioterapias.

Contudo, em certos tipos de tumores como por exemplo o câncer de mama, além destes dois exames, há necessidade de uma “contraprova” para certificar se a lesão de fato expressa determinada molécula que o torna alvo para uma droga específica. Isto só é alcançado com o uso de técnicas moleculares, que permitem estudar a célula em nível cromossômico. E é isto que o Laureano vem fazendo: confirmando com estudo molecular a suspeita levantada pelo estudo imuno-histoquímico se determinado tumor pode ser tratado com droga específica.

O aparelho utilizado é de última geração, permitindo completa automatização das reações moleculares, o que torna o método mais confiável. É o mesmo utilizado para realizar o exame de imuno-histoquímica, o que muda , na verdade, são a técnica e os tipos de reagentes químicos utilizados. Entretatanto, como Dr Alexandre ressalta, “ o aparelho apenas executa as reações de detecção das alterações celulares, cabendo ao médico patologista toda a interpretação dos resultados obtidos e emissão de um laudo anatomopatológico”.

Novo Método Orienta Tratamento

Os cientistas descobriram, através da imuno-histoquímica e da biologia molecular, que existem determinados tumores que são sensíveis para drogas específicas. Elas agem nas células do tumor e causam pouca ou nenhuma reação nas células saudáveis. “É como se o paciente tomasse um antibiótico (o quimioterápico) para combater apenas um tipo de bactérica (a célula neoplásica) específica. É a chamada terapia-alvo em oncologia”, disse o patologista. Isso faz com que o paciente tenha bem menos reações sistêmicas – como queda de cabelo e diarréia – em comparação com os tratamentos quimioterápicos convencionais.

Segundo o Dr. Alexandre Rolim, existem critérios para que os pacientes se beneficiem da chamada terapia-alvo. Além de tipos específicos de neoplasia, é necessário ainda que as células tumorais tenham receptores próprios para determinadas drogas. “Fazendo uma analogia, é como se o tumor fosse uma fechadura e a droga utilizada a chave específica para aquela fechadura. Se a chave se encaixar perfeitamente na fechadura, então a droga é útil no seu combate”, ressaltou Alexandre.

Um bom exemplo disso é o carcinoma de mama, neoplasia maligna mais freqüente das mulheres brasileiras (não entra nesta estatística os casos de câncer de pele “não melanoma”), onde se pode utilizar um medicamento denominado trastuzumabe que age diretamente contra um gene chamado c-erbB2 (HER2 – “human epidermal growth fator receptor-2”), que está superexpresso, ou seja, exrpesso em quantidades elevadas, em cerca de 15-20% dos cânceres de mama. Esta alteração faz com que estes tipos de tumores sejam mais agressivos.

Até o final do ano passado, o Ministério da Saúde liberava gratuitamente este medicamento a todas as pacientes cujos tumores tinham este gene detectado pelo método de imuno-histoquímica. Entretanto, desde o início deste ano, o MS só libera o uso desta droga após a realização de exames de biologia molecular que comprovem, em nível cromossômico, a superexpressão do HER2.

O avanço alcançado pelo Hospital Napoleão Laureano nos sofisticados métodos de diagnósticos de câncer representa um marco na medicina da Paraíba. Concluiu o Dr. Alexandre.

Da Assessoria

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