João Pessoa, 02 de junho de 2016 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Nayara Justino não tem boas lembranças da época em que foi Globeleza. Eleita pelo voto popular no concurso realizado pelo “Fantástico”, no final do 2013, a atriz foi dispensada sem justificativa pela Globo menos de um ano após assumir o posto. Seu último trabalho na TV foi em uma participação em “Escrava Mãe”, na Record.
“Tudo começou quando um amigo meu me ligou falando que a Globo estava procurando outra Globeleza. Depois de um tempo, eles entraram em contato comigo e me comunicaram que eu não seria mais Globeleza. Eu me senti usada. Quando eu apareci, eu meio que dei uma levantada no título (de Globoleza), e depois me tiraram do posto. Não tenho revolta por terem me tirado, mas o problema é que eu não pude me defender das ofensas que recebi”, revelou a atriz.
Apesar de falar com gratidão do trabalho que a tornou conhecida, Nayara Justino não colheu bons frutos por ter sido Globeleza, pelo contrário, ela revela que o posto de musa do Carnaval da Globo de 2014 acabou fechando portas.
“Antes de a minha vinheta ir ao ar, eu recebia muitos telefonemas de empresários. Depois, todos sumiram. As pessoas ouviam o que os outros diziam, mas não procuravam saber da verdade. A Nayara da Globeleza ficou um pouco diferente do que eu era. Não parecia a Nayara ali (na vinheta). Até hoje eu sinto que perdi muitos trabalhos por isso”, contou.
Racismo e depressão
Durante a entrevista, Nayara se emocionou ao falar sobre as ofensas racistas que recebeu nas redes sociais após assumir o posto de musa do Carnaval da Globo. Ela disse que enfrentou uma forte depressão por causa das críticas.
“Eu sofri muitos ataques pela internet. Muita gente fazia comparações com personagens que não eram legais. Me chamavam de macaco, Zé Pequeno, e por aí vai. Eu já tinha sofrido isso, mas não nessa proporção. Eu não tinha como me defender”, desabafou Nayara. “Eu não queria sair, não queria falar com as pessoas, chorava muito. Até hoje eu choro. Foi uma coisa que me marcou muito”, completou emocionada.
Vítima de racismo assim como Maria Julia Coutinho, Taís Araújo e Cris Vianna, Nayara disse ainda que ficou chateada por não ter recebido o mesmo apoio que as outras famosas receberam.
“Teve o movimento “Somos todos Maju”, “Somos todos Taís Araújo”, mas não teve o movimento “Somos todos Nayara”. Mas isso aí não tem nada a ver com elas, eu admiro a coragem delas de expor o problema e lutar pelo racismo”, disse Nayara, que este ano chegou a ser homenageada pela atriz Lupita Nyong’o, vencedora do Oscar em 2014 pelo filme “12 Anos de Escravidão”.
Em João Pessoa - 08/11/2024