José Nunes
Ando pelas ruas da cidade de Monteiro depois do passeio pelas páginas do filósofo José Rafael de Menezes e pela poesia de Pinto do Monteiro, sendo alimentado pelo sopro da cultura do lugar para misturar com o lirismo de Serraria.
Nesta cidade se misturam as manifestações culturais, a religiosidade e a criatividade do homem alimentado pela energia da terra esturricada durante o dia, ao sopro do -vento suave das tardes e o frescor das noites.
Com andar lento pela larga rua central de Monteiro para melhor contemplar as eiras e beiras de suas casas erguidas no tempo da civilização do couro e do algodão, prostro-me à frente da Igreja, majestoso prédio neoclássico, para adorar o Deus conhecido no templo da fé.
Alguém me fala da necessidade de transformar aquela Igreja em uma Catedral, o que seria possível com a instalação de uma Diocese em Monteiro. Fiquei a imaginar nisso, afinal, tem sido recorrente o Papa Francisco apontar a redução do território das comunidades religiosas para melhor contribuir no processo de evangelização.
Quando foi instalada a Diocese de Patos, nos anos de 1950, começou um movimento semelhante para que a cidade de Guarabira pudesse ter a sede episcopal. O que veria acontecer décadas depois, com boa acolhida por parte da população da cidade. Um passo importante foi a nomeação do bispo auxiliar Dom Marcelo Pinto Carvalheira, em 1975, que chegou com a finalidade de instalar a Diocese na cidade do Brejo paraibano, o que realmente aconteceu no ano de 1981.
No dia 8 de dezembro de 1956, o Jornal O Norte comentava em editorial essa proposta que ganhava terreno em Guarabira, evoluído o desejo da população da região brejeira em ter a sua Diocese. O grupo interessado apontava a cidade como um centro econômico vigoroso, de onde poderia irradiar as ações da Igreja, com jurisdição eclesiástica sobre os municípios vizinhos.
Agora lembro disso quando percorro as ruas de Monteiro, cidade que floresce com vigor e estande volumoso progresso de cidade com capital cultural a irradiar luzes por todo o Cariri. Com a expansão populacional e religiosa das cidades na sua redondeza, capitaneado por uma cidade com mais de 32 mil habitantes, se faz necessário que a Santa Sé observe com carinho que a transformação da Igreja local em sede de uma Diocese porque trará muitos benefícios, assaz oportunidade para o crescimento e o alimento da fé de milhares de fiéis, com repercussão, inclusive, no estado de Pernambuco.
A Diocese de Monteiro, caso um dia venha ser instalada, vai contribuir para o desenvolvimento social de 33 cidades da região, perfazendo uma população superior a 220 mil habitantes. Monteiro é uma das principais cidades da Paraíba, com uma expansão econômica baseada na caprinocultura impressionando.
A Igreja de Nossa Senhora das Dores é um monumento imponente que se destaca na região do Cariri, de construção em estilo eclético, lembrando um bolo de noiva, irradiando luzes por todos os recantos. A pintura sacra produzida pelo pintor Miguel Guilherme, de Sumé, nos emociona ao contemplá-la.
Penso na instalação de uma Diocese em Monteiro porque trazia a proximidade do corpo presbiteral ao conjunto dos fiéis leigos. Viver ativamente a realidade da Igreja na categoria teológica de povo de Deus, preconiza a Lumen Gentium.
A Igreja mais perto do povo, sentido o cheiro do povo, com suas portas abertas para ouvir e sentir os anseios de um povo que busca viver as alegrias do Evangelho.
Tudo aqui exposto é apenas o pensamento de alguém apaixonado pela Igreja de Jesus, que gostaria de ver seu raio de amor espalhado por todos os recantos. Se um dia este sonho vier a se realizar, certamente a população católica daquela região ficará satisfeita porque passou a ser a capital religiosa do cariri paraibano. Reputamos das mais justas se acolhida por parte da igreja.
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