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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Um bom exemplo, Gutenberg Botelho

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publicado em 12/07/2025 ás 07h00
atualizado em 12/07/2025 ás 12h05

Quinta-feira passada: Na Hora do Ângelus, voltava da cidade, um temporal, tinha ido fazer o podcast ´K Pra Nós´,  a Avenida Beira Rio congestionada, quando a amiga Antônia Claudino me avisou que Gutenberg Botelho havia falecido – aí bateu uma tristeza.

Esse cara era um bom exemplo de cidadania.

Homens e mulheres, velhos e crianças passaram pelo consultório de dr. Gutenberg Botelho, eu, meu filho, a cidade em romaria. Tudo ele resolvia, deu todo o tempo da sua vida a pesquisar e aprimorar arte da medicina como um êxtase.

Já passamos do fim do mundo, de domingo a domingo. A morte é boa, já dizia Ferreira Gullar, mas depende do ponto de vista em que você está, porque às vezes a morte lhe fita e se você não está, pode até ser que a pessoa já esteva lá, aí a morte perde a viagem.

Às vezes a pessoa morre várias vezes e diz: “nasci de novo” e agradece a Deus por continuar. Eu só não sei o que Lázaro fez para morrer duas vezes.

Mil vezes eu ligava e ele atendia, pedi muito para atender os amigos do Jornal Correio, que não tinham plano de saúde, ele atendia. Um homem bom, fundamental, Gutenberg Botelho.

Era imenso Gutenberg, diante da vibração de existir, que terminou por se desenhar na cerimônia do adeus. Saiu antes do cenário, da geometria das tempestades sociais e auroras enlouquecidas das postagens opacas. Gutenberg nunca teve rede social – ele era sua rede, seu potencial  e sua lupa.

Pobres deuses vão ficando sem brilho e sem valor.

Muitos inventam que rezam fugindo da cruz, para que o vento não vire contra eles. Bobagens. Se você não tem um idealismo, não sairá do canto.

Gutenberg foi longe, era uma necessidade, um homem justo, que ajudou mais do que foi  ajudado.

É difícil lidar com a finitude da vida, mas é nosso destino.

Vou sentir falta dele.

Kapetadas

1 – As redes sociais se resumem em: Pessoas que, para provar que têm razão, perdem a razão.

2 – Um comediante de IA veio me contar uma piada, eu ri e disse “kkkkkk vc não existe”

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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