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Bacharel, Especialista e Mestre em Administração (UFPB/UNP). Mestre Internacional em Comportamento Organizacional e Recursos Humanos (ISMT – Coimbra/Portugal). Especialista em Neurociências e Comportamento (PUC-RS) e em Inovação no Ensino Superior (UNIESP). Membro Imortal da Academia Paraibana de Ciência da Administração (Cadeira 28). Professor universitário (UNIESP), consultor empresarial, palestrante e escritor best-seller da Amazon. E-mail: [email protected]

Para onde vai o talento jovem da Paraíba? O RH precisa acordar antes que seja tarde

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publicado em 18/04/2025 ás 08h34

“Se você não tem experiência, não serve.” Essa frase, repetida à exaustão por recrutadores, gestores e processos seletivos mecânicos, tem sido a resposta que milhares de jovens paraibanos escutam todos os dias ao tentar seu primeiro emprego. A contradição é cruel e gritante: como adquirir experiência se ninguém dá a chance de começar?

A Paraíba vive um cenário preocupante. Segundo dados recentes da PNAD Contínua do IBGE, mais de 22% dos jovens entre 18 e 24 anos estão desempregados, um número que ultrapassa a média nacional e que escancara uma ferida antiga no nosso mercado: a dificuldade histórica de inserir jovens no mundo do trabalho de forma qualificada, justa e humanizada. Ao mesmo tempo, escutamos, quase diariamente, empresários afirmando que “faltam pessoas qualificadas”, que “ninguém quer trabalhar”, ou que “é difícil achar alguém comprometido”. Um relatório do SINE-JP confirma essa contradição: mais de 40% das vagas abertas em João Pessoa não são preenchidas por falta de candidatos com a qualificação esperada. A conta simplesmente não fecha.

Esse não é apenas um problema econômico. É um problema humano, social e estratégico. E deveria estar no centro das discussões de qualquer setor de Recursos Humanos. Mas, na prática, o que vemos são empresas que continuam exigindo experiência para cargos de entrada, ignorando o fato de que todo profissional começa de algum lugar. Descartam jovens por “falta de maturidade”, como se o papel do ambiente de trabalho não fosse justamente ser um espaço de desenvolvimento contínuo, técnico, emocional e comportamental.

Estamos mesmo preparados, enquanto líderes, gestores e profissionais de RH, para acolher, escutar e desenvolver essa geração que chega cheia de desafios e potências? Uma geração marcada por inseguranças econômicas, mudanças tecnológicas aceleradas e impactos profundos na saúde mental?

Apesar das dificuldades, há luzes no caminho. Em Campina Grande, por exemplo, alguns programas locais têm conseguido inserir jovens em pequenas e médias empresas da região. Combinam qualificação técnica, mentoria de carreira e até apoio psicológico, muitas vezes por meio de parcerias com universidades e instituições públicas. São ações que mostram que, com intenção, estrutura e colaboração, é possível transformar a realidade de centenas de jovens e abrir caminhos reais para o futuro.

Ignorar essa juventude é plantar escassez. Escassez de talento, de inovação, de diversidade. Ao não investir em quem está chegando agora, muitas empresas estarão cavando o próprio vazio amanhã. O tão falado “apagão de mão de obra qualificada” começa exatamente aqui: na omissão, no despreparo, na falta de visão de longo prazo. Mais que isso: ao deixar de formar e acolher os jovens, as empresas também deixam de cumprir seu papel social no desenvolvimento sustentável da Paraíba.

O futuro do trabalho se constrói agora. E o RH precisa entender que sua missão vai muito além de folha de pagamento e entrevista de rotina. RH é estratégia, é cultura, é inclusão. Se queremos uma Paraíba mais próspera, inovadora e justa, precisamos agir hoje com coragem, empatia e compromisso. Abrindo portas para os jovens. Formando com paciência. Liderando com verdade.

O talento está aqui. O que falta é oportunidade.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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