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Jornalista Sérgio Botelho de volta para casa

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publicado em 05/02/2024 às 08h25

 

Kubitschek Pinheiro

Depois de uma longa temporada em Brasília trabalhando com políticos, o jornalista e escritor Sérgio Botelho está de volta para sua casa, o melhor lugar mundo, o aconchego Paraíba. Desde que começou no jornalismo, registrado na Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Sérgio Botelho só teve atuação área política. Teve uma rápida passagem, lá atrás, numa editoria de cidades, mas o cara sentou praça de vez no jornalismo político. Em jornais, rádio e TV.

Foi editor adjunto do jornal O Norte, colunista político dos jornais Correio da Paraíba, O Estadão do Norte, O Guaporé ambos de Rondônia, editor de Municípios do jornal O Estadão do Norte (Rondônia); editor chefe do jornal O Guaporé (Rondônia) e editor do jornal Dois Pontos (Paraíba).

Assinou coluna política nos jornais O Norte (Paraíba); jornal Diário da Borborema (Paraíba); em A União; âncora do programa político diário Mesa de Redação (Tabajara FM 105.5, na Paraíba), de 1999 a 2002; âncora do programa político diário Antena Política (FM O Norte 103.3, na Paraíba), de 2001 a 2002; na mesma época, parte da bancada de apresentação do jornal da TV Correio, diário, entre o final da manhã e início da tarde.

É vasta a história dele com o jornalismo politico.

Atuou como Assessor de Imprensa do Ministério Público de Rondônia – 1986-1987; Assessor Especial da Secretaria de Comunicação Social do Estado da Paraíba – até 2002; Assessor de Imprensa do Senador José Maranhão (2003-2009); Assessor Especial do Escritório de Representação do Governo da Paraíba (2910), em Brasília; Assessor de Imprensa da Segunda Vice-Presidência do Senado, à época do senador Wilson Santiago (2011-2012); Assessor de Imprensa do senador Waldemir Moka (2013-2019).

É autor do livro Memórias da Cidade de João Pessoa, lançado este ano.

Entre horas e mérito Sérgio Botelho é reconhecido por onde passa. Em conversa com o Espaço K, SB conta da alegria de estar de volta a Paraíba e detalha a trajetória de um profissional realizado.

Espaço K  – Você está de volta ao LarPB, depois longa temporada em Brasília?

Sérgio Botelho – Sim, Kubitschek, estou de volta, após 18 anos em Brasília, aonde cheguei, com a família, em 2003. Nosso retorno já aconteceu desde o início de 2022. Da cidade de Brasília, só guardo boas recordações, Kubi. Quase virei candango. Diferentemente do imaginário comum, a capital federal é composta, em sua esmagadora maioria, por milhões de pessoas que sofrem pela sobrevivência, mas que também gozam a vida como podem e a cidade permite. Os políticos federais, majoritariamente, não habitam a cidade. E se sabem, sabem muito pouco do dia a dia do ‘quadradinho’, que é como os brasilienses apelidam o Distrito Federal, por conta do formato quadrado de sua área geográfica.

Espaço K – Conta pra gente dessa experiencia na capital federal, onde os políticos só defendem seus interesses?

Sérgio Botelho  – Em Brasília, trabalhei em assessoria de imprensa e cobertura política tanto no Senado Federal quanto na Câmara dos Deputados. Enquanto labuta, foi isso. Na vida pessoal, vivi o cotidiano da cidade de forma bem intensa, incluindo suas agruras e seus prazeres. Foi uma experiência extraordinariamente enriquecedora. A título de nada posso dizer que não amo Brasília.

Espaço K  – Aliás, Brasília é muito nostálgica sem as esquinas brasileiras, que tantos gostamos, né?

Sérgio Botelho  – É verdade. Mas em algumas de suas cidades satélites você as encontra, de alguma forma. O Núcleo Bandeirante, que já foi chamada de Cidade Livre, por exemplo, em muitas de suas partes, é possível encontrar esquinas, com esforço e criatividade.

Espaço K  – Sempre atento você acaba de lançar um livro documentado Memórias da Cidade de João Pessoa. Era uma ideia antiga, mexeu no baú, na sua sensibilidade?

Sérgio Botelho  – Kubi, deixe lhe dizer. Essa ideia surgiu de maneira mais forte em 2010, quando, ainda morando em Brasília, estive em João Pessoa para acompanhar a disputa política daquele ano. O fato é bem determinado no tempo, no espaço e na gente que o cerca. Dirigia A União o nosso saudoso Nelson Coelho. O editor do jornal era Sílvio Osias, o jornalista Cristiano Machado um de seus diretores, sendo o nosso também saudoso Martinho Moreira Franco um dos colunistas. Acontece que Martinho precisou entrar de férias, quando Nelson, Sílvio, Cristiano e o próprio Martinho concordaram que eu cobrisse a sentida ausência. Afinal, não pode existir espaço não ocupado em jornais! Pois bem. Durante os 30 dias escrevi crônicas justamente rememorando coisas, gentes e fatos da história pessoense. Lógico que adorei. Foi quando o também saudoso Wellington Aguiar, em amena conversa na editoria do jornal, me apelidou de memorialista. Fiquei com esse gosto na cabeça e, agora, apesar da demora na execução, estou fazendo isso diariamente. Já saiu um livro, e vão sair outros.

Espaço K  – Ainda não li seu livro, ele segue um roteiro histórico e lírico da nossa cidade?

Sérgio Botelho  – Falo sobre lembranças em geral da cidade de João Pessoa em sua trajetória. Vivi a parte mais poderosa da mente de qualquer ser, ou seja, infância e juventude, no centro da cidade, mais precisamente, na rua Arthur Aquiles, coincidentemente, que homenageia um considerado jornalista paraibano do final do século XIX e início do XX. A rua, que fica quase ligada ao Ponto de Cem Réis, me possibilitou acompanhar de maneira muito presente as transformações ocorridas na cidade, em todas as suas direções e mudanças, entre os anos 1950, 1960 e 1970. Tudo isso ficou agarrado à minha mente, de forma que vou me lembrando, vou pesquisando e vou escrevendo. Uma tarefa muito prazerosa. E não vou parar, enquanto estiver vivo.

Espaço K  – Como você sabe o ProjetoK está na rua, mostrando imagens de uma beleza escondida e outra beleza destruída. Às vezes eu choro e interrompo as filmagens. O que você tem a dizer sobre o centro de João Pessoa – milhares de casas fechadas, invadidas, o comercio arreou as portas e não vejo uma saída?

Sérgio Botelho – Só tenho elogios ao que você vem fazendo. Recentemente, me foi concedido espaço no projeto Pôr do Sol Literário, da Confraria das Letras, sob a batuta do jornalista e imortal Hélder Moura, para expor o meu livro, e enfatizei meus elogios aos seu trabalho, Kubitschek. Assim como ao do jornalista Petrônio Souto. E a todos os que vêm ou que pretendam escrever sobre nossas histórias. Ignorante de sua trajetória, uma cidade pode até avançar urbanisticamente. Mas o faz sem alma, sem espírito comunitário, sem consciência do que o seu povo foi e é efetivamente capaz.

Espaço K  –  Quando foi que Sérgio Botelho pisou pela primeira vez numa redação?

Sérgio Botelho  – Entrei pela primeira vez numa redação no final da década de 1970. Escrevia artigos dominicais sobre cinema e cultura, de forma diletante, no jornal O Norte. Depois disso, na companhia de Washington Rocha, editamos o jornal Folha Socialista, um devezenquandário. Profissionalmente, foi a partir da década de 1990 que entrei para valer no trabalho diário das redações de jornais. Aí, foi tudo quase de uma vez: jornal, rádio e televisão, incluindo O Norte, Correio da Paraíba, A União, Tabajara e CBN.

Espaço K  – Ser jornalista é uma profissão árdua, desde quando somos repórter, entrevistador muitas vezes de portas fechadas escambau. Esse tempo passou, mas o homem continua o mesmo. Vamos falar sobre isso?

Sérgio Botelho – A rigor, as mudanças terminam ocorrendo. Não posso lhe afirmar, por não corresponder à verdade, que o jornalismo não me tenha provocado modificações de pensamento e comportamento. Provocou, sim, desde que passei a espiar os fatos e a transformá-los em informações a leitores, ouvintes e telespectadores.

Espaço K  – Sergio está solteiro, casado, amancebado? Tem filhos?

Sérgio Botelho  – Sou casado pela segunda vez há 42 anos, e deste segundo casamento tenho cinco filhos. Do primeiro são três.

Espaço K  – Você tem escrito todos os dias e enviado textos pelo Zap. Tem o feedback?

Sérgio Botelho  -Guardo tudo, inclusive as interações que são esmagadoramente ricas.

Espaço K  – E as redes sociais? São boas e malditas. Você usa sempre?

Sérgio Botelho – Uso sempre, e demais. Elas tanto são benditas quanto malditas, mas irresistíveis a quem procura se comunicar.

Espaço K – Eu perguntei a Helder Moura se ele já tinha sentido vontade de matar uma pessoa. Quer responder a essa pergunta?

Sérgio Botelho  -Se deu, passou! Realmente, não lembro.

Espaço K – E a morte, você tem medo dela ou dele?

Sérgio Botelho  – Procuro não levá-la em consideração. Se a gente der muito importância a ela, morre antes. Não faz mais nada na vida.

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